23 de julho de 2008

Desafios de férias

Agora que se aproxima o período de férias (obrigatório) de Agosto, e porque, como cerca de 75% da população portuguesa, irei, também eu, dar-me o espaço de descanso e reflexão-base para o reinício de um novo ano lectivo, deixo, fazendo juz ao título do "post", duas pequenas notas para reflexão (que também me servirão a mim):

1. Quem, como eu, aproveitou esta desacelaração de pré-férias para pôr em dia as leituras, e para fazer um ponto de situação sobre o "que anda aí", decerto constatou que, neste pequeno e mal plantado país e apesar das muitas variações, há uma espécie de movimento contínuo de sentido único que, em último caso, é em defesa do espaço de "participação cívica".
Por isso, e porque a maior parte de nós vai de férias deixando as escolas e agrupamentos entregues (no caso da Rede Pública) a mudanças graves que se adivinham (Conselhos Gerais, Avaliação de Desempenho, Contratos de Autonomia, Professores titulares, etc.), o prmeiro desafio consiste em levar para férias alguns documentos que nos podem mudar a vida (profissional e não só), para os ler e seriamente reflectir (Decretos, despachos e tudo o mais).
Sobre as questões do novo Regime de Autonomia cabe-me alertar para o facto de o novo Conselho Geral (CG), e que não é o Conselho Geral Transitório (CGT) (este apenas eleito com três objectivos: alterar o regulamento interno; preparar o Conselho Geral definitivo e, se for caso disso, eleger o Director), ser de fundamental importância para o futuro da educação de infância. Em alguns regulamentos internos de Agrupamentos não está plasmada a necessidade de se introduzir, obrigatoriamente, um educador de infância nos eleitos do CG, e, pelo menos os que eu conheço até têm feito uma interpretação livre da lei que apenas prevê a eleição de "um educador ou de um professor do 1ºCEB".
No fundo, a nossa "participação cívica" começa, também, aqui. Na necessidade de nos envolvermos e não ficarmos apenas a "assobiar para o lado".

2. A segunda "reflexão" prende-se com as discussões que vamos assistindo sobre as metodologias, técnicas, projectos de trabalho, dinâmicas de avaliação e reflexão em educação. Como muito bem dizia uma colega num fórum de reflexão sobre educação, e fazendo uma síntese livre do seu pensamento: já está na hora de não embarcarmos em modas!
Às vezes interrogo-me, mesmo, sobre o que é isto de "ser educador de infância".
Quando, desde a escolha do curso, me perguntam sobre o porquê da escolha, me recuso a usar o eterno cliché: "gosto muito de crianças". Não tenho nada contra esta resposta, mas sempre achei que é diminuidora do nosso espaço (enquanto profissionais) e, acima de tudo, redutora da nossa competência pessoal e profissional.
No fundo, acho que toda a gente gosta de crianças, uns mais e outros menos, e, como é óbvio, às vezes nós próprios gostamos mais de umas do que de outras. Isso é natural e dizer outra coisa é, isso sim, uma mentira. Mas não pode ser esse o eixo diferenciador da nossa competência profissional.
Se querem que eu vos diga, por mais de uma vez pensei sobre o "porquê ser educador de infância?".
E, se ainda continuo com muitas dúvidas, há, pelo menos, algumas respostas que já aceitei como evidentes: porque quero fazer a diferença; porque quero viver num mundo melhor; porque sei que a educação das crianças e das pessoas (ou seja da Humanidade) começa na 1ª infância; porque acredito que a formação pessoal e social do indíviduo tem como base os anos iniciais da sua vida; porque acredito que o desempenho docente é um factor diferenciador e determinante para o sucesso educativo, cultural e económico de um país e, acima de tudo, porque a minha velhice (se algum dia a terei) está absolutamente dependente da qualidade educativa que eu agora busco.
São, como podem ver, razões bastante egoístas, e, como podem também ver, são razões que não dependem apenas e exclusivamente da existência de "crianças". No fundo, o que me move é a possibilidade de, num palco que é fundamental (a Escola) poder actuar de forma integrada, para obter um bom "espectáculo". E esse espectáculo é a nossa Vida!.
Por tudo isto, o meu segundo desafio (e agora termino porque já vai longa esta prosa) é que todos nós aproveitemos as férias para reflectir sobre de que lado do palco é que queremos estar: na plateia, como simples espectadores, para quem não interessa se a "deixa" do personagem é a correcta, ou se o guarda-roupa é o adequado ou no palco e bastidores, trabalhando como actores, encenadores, técnicos de luz e/ou som, aderecistas e pontos, conjugando esforços para que a Peça tenha sucesso?

Valerá, penso eu, a pena pensar nisto.

Cumprimentos a todos e umas excelentes (e merecidas) férias!

18 de julho de 2008

Calores...

Entrámos agora (se bem que, com todas as oscilações de que temos sido vítimas, não podemos ter muitas certezas!) no período de "calor infernal".
E eu preocupo-me!
Preocupo-me não apenas pelo calor, nem apenas pelo facto de este período do ano estar sempre associado às férias (pelo menos para os docentes!) e nem sequer pelo facto deste ano existirem alguns indicadores sobre a possibilidade de ser um período violento em termos de incêndios de Verão.
Preocupo-me, acima de tudo, porque é nestes períodos (de interrupção lectiva) que se dão as grandes mudanças em Educação.
Ou seja, é, normalmente, nestes períodos em que os professores vão a banhos, que se produzem algumas das mais belas preciosidades da legislação actual.
Se não acreditam, atentem: Diploma que altera o ECD e regime jurídico da Formação Contínua - preparado entre Junho e Setembro de 2006; 1º Concurso para Professores Titulares (entre Junho e Setembro de 2007); Avaliação de Professores (entre Agosto e Novembro de 2007)...
Mais plavras para quê?
Por isso, caros amigos e colegas: Não se afastem muito.
Se estiverem nas Bahamas, podem não ouvir falar do que "se está a fazer"! (se bem que apenas vão para as Bahamas os que se apresentam como Docentes só depois de lhes ser perguntado se "Deputado é profissão?"!..).
Tenham cuidado...
E, já agora, boas Férias!