18 de novembro de 2009

Em Espanha, a defender o "que é Nacional é bom"!

Já que são parcas as vezes em que me "deixam" dissertar sobre as questões da Educação e da Educação de Infância, em locais públicos, neste cantinho "à beira Mar plantado", lá vou até Madrid para dizer em Espanhol o que não consigo que ouçam em Português...
Podem acompanhar o congresso através da internet e, se quiserem, participar "à distância".
Discorrerei sobre "Competências Tecnológicas no Jardim de Infância" e acima de tudo, absorverei o que por aí fora se anda a fazer nesta área...

5 de novembro de 2009

Sobre “dimensões e componentes da profissão de Educador de Infância”*

Num outro fórum em que participo, reflecte-se à volta das “dimensões e componentes da profissão de Educador de Infância” e, como é comum neste tipo de partilha, muito se tem dito, nomeadamente sobre o espaço da formação académica e, claro está, de definição de um quadro ético e deontológico.
Os comentários, designadamente os que nos oferecem uma maior profundidade de reflexão, consubstanciam, na globalidade, uma dinâmica de assunção de um problema que “urge resolver”…
Mas, independentemente de parte da reflexão se apoiar na perspectiva da pertinência da formação (inicial, contínua, especializada, etc.), prefiro destacar a "construção pessoal da profissionalidade".
Neste conceito, devo, para melhor entendimento, "ir buscar" um tópico de base da citada reflexão que enunciava um conjunto de pressupostos de “Ser Educador” (dos quais retirei alguns: Acompanhar e apoiar o desenvolvimento de cada criança; Desempenhar um papel social da mais elevada responsabilidade. (Valores Implicados) Humildade, respeito, cumplicidade, parceria, solidariedade, curiosidade, vontade de saber mais, igualdade, resignação, espírito de iniciativa, saber trabalhar em grupo; Vocação, entrega total, imparcialidade, justiça, bondade, altruísmo, partilha; saber ir ao encontro das necessidades, dificuldades, opiniões, … das crianças; ajudar as crianças a serem pessoas mais cultas, educadas, formadas a vários níveis…) que me fez sorrir: a forma como são apresentados fez-me imaginar estar a folhear um qualquer livro de "comics" americanos onde, nas primeiras páginas, se desfiam as características do super-herói protagonista...
E essa foi mesmo a sensação: a de que para alguém, os educadores/professores/docentes são super-heróis.
Desculpem-me discordar com esta visão de "Um Mundo Perfeito".
Independentemente dos valores (construídos ou inatos) do espaço social, das "obrigações e deveres" profissionais e do quadro (regulamentador) da tarefa educativa, não nos podemos esquecer, nunca, que o educador/professor/docente é um ser humano, com todas as características e condicionalismos que estão associados a esse seu estado.
Por tal, ao reflectir o espaço da organização ética e deontológica do educador/professor/docente, é fundamental incluir as questões referentes a sua condição humana e social.
Quantos de nós não erramos, não invejamos, não somos pouco solidários, não estacionamos o veículo em cima do passeio, não gritamos, não nos zangamos desnecessariamente, não somos racistas ou xenófobos?...
Faz parte da condição humana.
Citando a Prof. Isabel Batista (em entrevista à Página da Educação): "Na minha opinião, os valores éticos fundamentais dos educadores baseiam-se na proximidade e na responsabilidade. Neste sentido, costumo defender três princípios básicos: o primeiro é o reconhecimento da perfectibilidade de todas as pessoas, ou seja, de que todos podem e devem fazer um percurso de aperfeiçoamento - que, no fundo, é o direito de realização da sua humanidade. Para um professor, esta dimensão deveria constituir uma condição prévia ao exercício da sua profissão.
Depois, a crença incondicional na educabilidade do outro. Um professor que não crê neste pressuposto não pode acreditar que o aluno pode fazer um percurso de evolução positiva, nomeadamente através da sua intervenção.
Por último, a aceitação ética do negativo da educabilidade, ou seja, o princípio de que a educabilidade não pode ser exercida influenciando o percurso do outro a qualquer custo, porque o outro não é uma "obra" minha."
aproveito para sublinhar o aspecto da formação pessoal e social do cidadão como base do desenvolvimento de uma competência profissional.
Neste particular, e independentemente da formação (académica) que nos seja permitida, é de particular importância a reflexão sobre o espaço da nossa intervenção individual enquanto modelo educativo. Não será "visível", no espaço formal de intervenção educativa, a nossa incapacidade de partilhar? a incapacidade de integrar, efectivamente, os nossos novos colegas de profissão (a este respeito, a conselho uma "vista de olhos" a teses ou artigos sobre "Dificuldades de Integração Profissional dos Novos Docentes", nas quais, invariavelmente, os resultados apontam como principais dificuldades percepcionadas as questões da integração na escola e o convívio com os colegas como as primeiras - destacadas - objecções...)?, de articular, efectiva e eficazmente, no pressuposto da Qualidade Educativa?, de construir um espaço relacional sem ambiguidades e, acima de tudo, de coragem e frontalidade????
Ou seja, independentemente do quadro legal, institucional, de crenças e valores profissionais, falar de ética e deontologia é também falar de mim, do EU e da minha relação com os outros e, sobretudo, predisponibilizar-me para a crítica, para a melhoria e para o crescimento individual. E estes, infelizmente, ainda são conceitos arredados da reflexão docente...
Mas não deviam…!

*ou de outros docentes!