15 de julho de 2011

Finais...

No final de cada ano lectivo há sempre tempo para uma espécie de avaliação informal do que passámos.
Não será diferente agora.
Este ano lectivo que agora termina foi mais um. Cheio. Como de resto o são todos.
Mas, este ano lectivo foi também um ano igualmente complexo.
Não há dúvida que, ano após ano, a complexidade aumenta. Há como que uma vontade de complicar que, a mim, deixa sempre uma sensação de estupidez. Endógena à nossa condição.
Somo educadores. Logo, agentes com responsabilidades sociais, culturais e, acima de tudo, cívicas.
Mas não é isso que tem acontecido na Escola. Temos vindo a esquecer, em prol de uma inusitada "vontade de fazer", que nunca é positivo fazer sem "fazer bem".
Os órgão institucionais, com um eterno receio (que advém, no meu entender, de uma ignorância consciente e assumida) de "fazer ondas" têm acabado por penhorar a possibilidade de mudar, efectivamente, para melhor, a qualidade (percebida e assumida) das escolas e da educação.
Há uns anos, por ocasião publicação da Lei de Autonomia e Gestão, muito se reflectiu sobre a pretensa "perda de direitos e condicionalismo" que daí adviria.
A prática mostra-nos que, infelizmente, fomos "mais papistas do que os Papa". O receio de "não cumprir", a vontade de, de forma cega e seguidista, "respeitar" ordens e directivas (muitas delas absolutamente irreais e incongruentes) e a incapacidade de "fazer frente", não respeitando o interesse último das escolas, dos alunos e dos docentes, em favor de uma ignóbil "burocratização" que complica, de sobremaneira, a "vida da (e na) escola" continua a mostrar que Portugal não pode estar dependente de uma visão curta e limitada da Educação. E não é apenas uma questão de "autonomia das escolas". É, sobretudo, uma questão de autonomia pessoal e profissional.
No fundo, as instituições são as pessoas. Se estas foram fortes, as primeiras também o serão. De igual forma, o contrário também é verdadeiro.
À volta dos resultados dos "Exames Nacionais" (que, apesar de esperados, continuam a revelar opções erradas), muito se tem dito. Mas a verdade é pouco se tem feito.
Quanto a mim, a recém apresentada vontade de, por exemplo, aumentar os tempos dedicados ao ensino de conteúdos matemáticos e da língua portuguesa, por si só, não mudará o panorama.
Que docentes transformarão, realmente, os resultados? Que práticas lectivas (e educativas) potenciam as mudanças? Que propostas podem, de facto, alterar o que temos?
Falta-nos essa reflexão.
Se a fizéssemos, depressa descobriríamos que não são os docentes impreparados, mal-formados, pouco competentes; as práticas "costumeiras" e pouco reflectidas e nem (sobretudo), a complexificação administrativo-burocrática da Escola que nos levará a uma mudança pela melhoria.
Nesse sentido, a montante da "mudança" da escola é necessário reflectir a formação dos docentes (e não será apenas, com a "prova de acesso" que o faremos), a avaliação das práticas e dos seus resultados e a simplificação dos processos (avaliação, administração escolar, organização da escola...). Só depois de iniciarmos esse processo de reflexão, consubstanciado, participado e planeado, poderemos, se quisermos, "dar um passo em frente".
Mas, a Educação é, histórica e socialmente, como uma caixa de Petri num laboratório: juntamos o "caldo", misturamos os micróbios a estudar, e no fim, apesar das conclusões da observação, ignoramo-las, pois, entretanto, já iniciámos outros processos em outras "culturas"...
Onde estará o botão de "reset"?!
E o que me incomoda mais é sentir que, todo este processo de "morte lenta", em vez de "acordar" os agentes para a discussão, tem feito exactamente o contrário: fá-los desistir!
Quanto a mim, por cá continuarei. Mas, sozinho será difícil!