Já o escrevi, aqui. Algumas vezes.
Sei que escrever aqui não é sinal de que o conteúdo e a razão da escrita, só por si, altere o que quer que seja.
A escrita funciona como uma espécie de confissão partilhada de incapacidade e de saturação. E, por vezes, ajuda a fazer uma certa "digestão" das situações.
Tenho-me como um cidadão participativo e participante, empenhado e honesto, envolvido com as causas e orientado para o "bem comum".
Sei que, por vezes, essa solicitude é (bastas vezes) confundida com uma vontade de "brilhar" ou, num registo que considero mais ofensivo, de "vaidade pessoal".
Tenho plena consciência que não serei, facilmente, compreendido.
Devo, contudo, referir, em minha defesa, que sou avesso a "cargos", "tachos", "recompensas" e demais "prémios" que, normalmente se concedem (seja por justiça seja por "silenciamento") aos que, de forma quase permanente e impertinente, procuram a mudança.
Qualquer que seja.
Nos últimos tempos, seja em espaços de colaboração profissional, seja numa lógica social, envolvi-me em desafios (porque não dizer confrontos?) que tiveram como objectivo principal promover (provocar!) a mudança. Reconheço que foram desafios extremamente arriscados e díficeis, na sua maior parte porque de confronto com uma situação instalada e suportada num "modo de fazer" que é, desculpem-me a honestidade, demasiado "português".
Senti, ao longo desses processos, um apoio que não pedi, um envolvimento pelo qual não lutei e uma união que não julgava existir mas que, em determinados momentos, me mostravam que é possível ambicionar a mudança.
Mas reconheço agora que, tal apoio, não passou de uma "habitual" assunção de que "é preciso fazer algo, desde que sejam outros a fazê-lo".
A idade, o esforço, a paciência (que vai findando) mostram-me que não devo (e não quero!) fazer pelos outros o que eles próprios não fazem por si.
Custa-me ter de assumir isso. É contrário ao meu fundamento cívico e pessoal. Mas farei um esforço por respeitar esta minha nova vontade.
Tenho consciência que ninguém me "encomendou o sermão", mas custa-me assistir, diariamente, a injustiças, a queixas, a constatações de impotência.
Se me envolvi foi, também, para dar a cara por um conjunto de evidências de incompetência, ignorância, maus funcionamentos...
Sei-o agora que só na minha cabeça tais dislates eram censuráveis.
Porquê fazer uma manifestação de vontade, se, no íntimo, não queremos que nada mude? Porquê apelar à mudança se, no fundo, "estamos bem assim"? Porquê insistir na justiça se ganhamos com o seu contrário?
Custa-me este "baixar dos braços", mas digo-o aqui: não me venham com tretas sobre a necessidade de mudar de governo (de governar, gerir, dirigir...)!
Por mais que eu não o aceite (ao governo), aceito que, em Democracia, a maioria "dita"!
Mas neste(s) processos aprendi a reconhecer a maioria "a posteriori", ou seja, aquela em que todos ficam a ganhar, porque, no fundo, não quiseram que nada mudasse, apesar do apoio "incondicional" (prévio) à vontade de mudança....
10 de julho de 2009
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