Hoje foi dia de "pôr em prática", segundo alguns, o "gesto nobre de contribuir para o espaço cívico comum"...
Chamaram-lhe Iniciativa "Limpar Portugal".
Desde já devo deixar escrito que (e tal como é possível "ler" em muitos dos meus "posts" neste blogue) concordo, por princípio e em absoluto, com todas as iniciativas que visem promover um sentimento de pertença cultural e social e que, globalmente, sejam movidos por uma forte dinâmica de solidariedade.
Em relação a isso, que não fiquem dúvidas.
Contudo, e porque este espaço é mesmo o de "reflexões" diárias, a quente, descomprometidas (ou bastante comprometidas!) e completamente irresponsáveis, apetece-me zurzir um pouco (ou muito) contra este tipo de "carneirada" irreflectida em que, por vezes, nos metemos (ou nos metem!).
Por pontos:
Ponto um. Chamaram-lhe "inovadora", mas só quem tem memória curta poderá dizer uma coisa dessas. Em 2000 e 2001, na sequência de um movimento internacional (que nasceu na Austrália) chamado "Pensar Global, Agir Local!", milhares de pessoas, em todo o mundo, uniram-se num esforço local e delimitado que teve (tinha) como objectivo os mesmos desta agora chamada "inovadora" iniciativa. Relembro que, em Portugal, a iniciativa acabou por esmorecer dada a ineficaz colaboração das entidades competentes (Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Ministério do Ambiente, etc.) pois, como está de ver, podemos contar com o voluntariado mas "não pagamos para limpar...", e as luvas, os sacos e o transporte para os locais de deposição final de resíduos não podem (não devem) ficar por conta dos voluntários...
Ponto dois. É sempre interessante constatar que, por mais que se apresentem "milhares" de voluntários ligados à iniciativa, muitos mais poderiam ser, se, e tal como se deseja, estas iniciativas "tocassem" fundo nos sentimentos de cooperação, partilha e responsabilidade social das pessoas...
Ponto três. Nesta iniciativa, que "centrou" o esforço conjunto nas "lixeiras a céu aberto" que por aí existem, pouco ou nada (apesar da "contribuição" de muitas entidades com responsabilidade na matéria) se disse sobre "o dia seguinte". Ou seja, e agora? Quem vai evitar que os locais agora "limpos" não se transformem, rapidamente, em "mais do mesmo"?
Ponto quatro. Fomos , em alguns casos, fazer alguns quilómetros para nos juntarmos a um grupo de amigos, conhecidos, interessados (o que seja), para limpar um bocadinho do nosso país (esse país abstaracto e distante). E a nossa rua? Quem a limpou? Melhor: será que, apesar da viagem, vamos continuar a deixar cair, discretamente, o lenço de papel no chão, atirar a beata pela janela do carro, deixar os restos do piquenique na mata ou deixar a lata de sumo na praia?
E quando trocarmos de móveis em casa, será que vamos ligar para a linha dos Monos e ficar com o traste velho em casa mais uns dias, até que venham fazer a recolha?
Pois é.
Estas iniciativas são sempre de louvar.
Mas não deixaria de ser bastante interessante que, além destes dias "comemorativos e de celebração", nos lembrássemos que, tal como o Dia da Mulher, o Dia da Terra, O Dia da Não Violência e muitos outros dias comemorativos (ou , como prefiro, "de memória"), seria preferível não os comemorar por não haver razão para tal...
Mas a quem possa ter servido, como escape, como penitência ou como "ajuste de contas" consigo (e com alguém mais), deixo o repto: e amanhã, limpamos a nossa rua?
P.S. Não li nem ouvi nas notícias, mas será que alguém foi Limpar Portugal para os lados de S. Bento e de Belém? E terão recolhido os monos? Gostava de saber...
Pode ser que amanhã os jornais digam que "somos um país desgovernado"...
20 de março de 2010
14 de março de 2010
PEC ou, por outras palavras Paguem Esses (do) Costume
Amanhã, com toda a pompa e circunstância, lá irão os representantes da Nação (entenda-se: os representantes de uma "certa" Nação), entregar "em Bruxelas", o "plano de esforço que os portugueses farão, ao longo dos próximos anos, para evitar uma situação catastrófica"...
Hoje, pelas bandas de Mafra, dão-se os últimos tiros numa guerra que não interessa a ninguém, mas, na realidade nos toca a todos: "escolhe-se" o próximo candidato a Primeiro-Ministro de Portugal (ou talvez não!).
Neste fim de semana de "boas notícias" para os tais PEC (ou seja, os que vão pagar) são poucas as hipóteses de vislumbrar, efectivamente, alguma luz ao fundo do túnel.
Reconheço (não reconheceremos todos?) que a situação está complicada. Reconheço também que, neste momento, teremos mesmo de ser todos a contribuir para não deixar a situação piorar. São muitas as empresas a fechar, o desemprego a subir assustadoramente, a capacidade financeira do País a extinguir-se...
Mas será que esta situação se fica a dever apenas aos "suspeitos do costume"?
Será que a compra de bólides de topo de gama para quase todos os ministérios em 2005, "derrapagens" nas obras públicas, acordos de concessão de "auto-estradas", investimento em empresas de comunicações e energia em nome do "desígnio nacional" ou as luvas de venda e compra de material militar, entre outros, não são mais "responsáveis" do que os "pobres" dos contribuintes que, mesmo que quisessem, não conseguem pôr o seu dinheiro em "off-shores"...
Mas, e num momento em que se apertam mais os atilhos (porque nem cinto já há), não se vislumbram melhorias.
Ao menos que nos dessem a ideia que a coisa poderia, efectivamente, melhorar.
Mas, de Mafra, também só o Palácio/Convento, obra prima do "Gastadorismo Nacional"...
Mas o Aeroporto continua lá... E o TGV também.
E nós pagaremos!
Hoje, pelas bandas de Mafra, dão-se os últimos tiros numa guerra que não interessa a ninguém, mas, na realidade nos toca a todos: "escolhe-se" o próximo candidato a Primeiro-Ministro de Portugal (ou talvez não!).
Neste fim de semana de "boas notícias" para os tais PEC (ou seja, os que vão pagar) são poucas as hipóteses de vislumbrar, efectivamente, alguma luz ao fundo do túnel.
Reconheço (não reconheceremos todos?) que a situação está complicada. Reconheço também que, neste momento, teremos mesmo de ser todos a contribuir para não deixar a situação piorar. São muitas as empresas a fechar, o desemprego a subir assustadoramente, a capacidade financeira do País a extinguir-se...
Mas será que esta situação se fica a dever apenas aos "suspeitos do costume"?
Será que a compra de bólides de topo de gama para quase todos os ministérios em 2005, "derrapagens" nas obras públicas, acordos de concessão de "auto-estradas", investimento em empresas de comunicações e energia em nome do "desígnio nacional" ou as luvas de venda e compra de material militar, entre outros, não são mais "responsáveis" do que os "pobres" dos contribuintes que, mesmo que quisessem, não conseguem pôr o seu dinheiro em "off-shores"...
Mas, e num momento em que se apertam mais os atilhos (porque nem cinto já há), não se vislumbram melhorias.
Ao menos que nos dessem a ideia que a coisa poderia, efectivamente, melhorar.
Mas, de Mafra, também só o Palácio/Convento, obra prima do "Gastadorismo Nacional"...
Mas o Aeroporto continua lá... E o TGV também.
E nós pagaremos!
4 de março de 2010
Como será quando acontecer?...
Nos últimos tempos, têm-nos chamado Porcos (PIGS) em todo o mundo e nós temos deixado.
E parece que não fazemos nada para o evitar.
Comparam-nos à Grécia (cujos resultados económicos de muitos anos a iludir o "povão" e a viver à grande e à grega - Jogos Olímpicos incluídos... - deram no que está à vista: inflação de 12%, dívida internacional de mais de trezentos mil milhões de euros, os trabalhadores a perderem direitos assumidamente garantidos, como o chamado 14ª mês...) e nós cá nos ficamos...
Uma ou outra grevezita (já aqui refeiri que não faço greves por princípio...), um ou outro "comentador" a levantar a voz e a ser rapidamente silenciado e um Governo a viver à custa de pseudo-escândalos distractivos (Freeports, Faces Ocultas, TVI/PTs e outros tantos)...
Mas não nos podemos esquecer que foi eleito (o Governo) com base em "promessas" eleitorais que custam, grosso modo, 700 mil milhões de euros: Aeroporto, TGV...
Será que não temos capacidade de ver um pouco mais à frente?
Será que só "copiamos" o que vem de fora quando vem rotulado de "sucesso"?...
E o "caso Grego", não nos deveria fazer pensar?...
Ou so o faremos quando se for o 14ª mês??!!!...
E parece que não fazemos nada para o evitar.
Comparam-nos à Grécia (cujos resultados económicos de muitos anos a iludir o "povão" e a viver à grande e à grega - Jogos Olímpicos incluídos... - deram no que está à vista: inflação de 12%, dívida internacional de mais de trezentos mil milhões de euros, os trabalhadores a perderem direitos assumidamente garantidos, como o chamado 14ª mês...) e nós cá nos ficamos...
Uma ou outra grevezita (já aqui refeiri que não faço greves por princípio...), um ou outro "comentador" a levantar a voz e a ser rapidamente silenciado e um Governo a viver à custa de pseudo-escândalos distractivos (Freeports, Faces Ocultas, TVI/PTs e outros tantos)...
Mas não nos podemos esquecer que foi eleito (o Governo) com base em "promessas" eleitorais que custam, grosso modo, 700 mil milhões de euros: Aeroporto, TGV...
Será que não temos capacidade de ver um pouco mais à frente?
Será que só "copiamos" o que vem de fora quando vem rotulado de "sucesso"?...
E o "caso Grego", não nos deveria fazer pensar?...
Ou so o faremos quando se for o 14ª mês??!!!...
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