21 de dezembro de 2010
5 de dezembro de 2010
Fama e Proveito
"Fama sem proveito, faz dor de peito"
Provérbio Popular
Este será, quase de certeza, o meu "post" mais pessoal (por "falar" de mim, do que sou e do que sinto...), mas, não será, estou em crer, o mais individualista.
O título radica na constatação de que, na maior parte das vezes, o adágio popular tem razão de ser.
Na passada semana, desloquei-me a Espanha, a Madrid mais exactamente, para, na sequência de um convite da AMEI (Asociación Mundial de Educadores Infantiles) apresentar uma comunicação sobre o trabalho que desenvolvo, no Congresso Internacional "Capacidades, Competências e Desenvolvimento Infantil".
Tal convite, não só me honra enquanto profissional, mas dá-me também a nítida sensação de que o que fazemos (aqui, em Portugal), fazemos bem e merece reconhecimento.
Não posso deixar de dizer, neste âmbito, e apesar de ter sido o único representante português a apresentar evidências do trabalho desenvolvido, nomeadamente na Educação de Infância, que o reconhecimento que recebi indica, no que concerne ao trabalho de qualidade (assim referenciado pela organização), só temos de nos orgulhar por sermos entendidos como estando no patamar superior de práticas em Educação de Infância.
Voltando ao título do "post", quero ainda referir também (e nesta sequência de raciocínio) que a avaliação que obtive no último ciclo de avaliação da Avaliação de Desempenho Docente (independentemente da sua pertinência, acuidade e justiça, como de resto já o referi em outros "posts" deste blogue), me deixa num patamar superior, em termos de avaliação da prática.
Devo também referir que, no longínquo ano lectivo de 2007/2008, fui surpreendido pelo Conselho Pedagógico do Agrupamento onde à data desenvolvia a minha prática profissional, com um pedido de organização de um port-fólio para enviar para o então criado "Prémio Nacional de Professores", também, neste caso, em reconhecimento da minha prática profissional.
Servem estes (apenas) três exemplos para, então, reflectir sobre Fama e Proveito.
Dir-me-ão alguns que, tais factos justificam o proveito. Contudo, pergunto: qual proveito?
Refiro eu que são apenas uma forma de "fama". E porquê?
Porque, desde há muitos anos que o que faço, em termos profissionais, faço-o com o objectivo de fazer bem. De fazer de uma forma construtiva, reflectida, interventiva e atenta. Faço-o porque acredito que se "fizermos", na senda da Excelência, podemos, todos nós, beneficiar de uma efectiva melhoria da qualidade do que fazemos.
Mas, infelizmente, em Portugal, não é esse o caso.
Neste país onde a "recompensa" é, simplesmente, pensada em termos de "ganhos pessoais", ou em termos remunerativos, fazer bem só porque se acredita na qualidade do que fazemos (e, como referi, as evidências assim o sugerem) implica, necessariamente, passar para o "lado dos maus".
Ou seja, se, por acaso que seja, és reconhecido como competente, eficaz, pertinente e com qualidade, passas a ser um alvo a abater. Mesmo que essa tua "qualidade" o seja apenas porque acreditas nela.
No fundo, este país que recompensa a não intervenção, o seguidismo/carneirismo e (como li há pouco tempo) o "ouvidismo" (de "ouvi dizer"...), acaba por desmotivar e menorizar.
Não me move o protagonismo nem sequer a recompensa pecuniária. Ficaria feliz (bastante, diga-se) o reconhecimento de que as práticas, as reflexões e a sugestões podem ser úteis.
E mais feliz ficaria se não nos recusássemos a mudar o que pode ser mudado para melhor.
Há alguns dias, um colega de um outro agrupamento onde estive há já uns anos, telefonou-me a "dar a novidade" de que, algumas ideias que eu teria apresentado "tinham sido aceites e postas em prática", reconhecendo (o Departamento), dessa forma, a pertinência das mesmas.
Esse telefonema., julgo eu, pretendia dar-me uma espécie de "razão a posteriori" e, nas palavras ditas, deixar-me feliz.
Não fiquei.
Por mais que custe entender, o que sugeri em tempos fi-lo numa atitude eminententemente egoísta: pretendia, com a assumpção dessas "alterações" melhorar a minha capacidade e qualidade de trabalho. Nesse momento. Enquanto poderia ser usuário dessas alterações.
Sabê-las, agora, escolhidas (quando já nem sequer estou nesse agrupamento) não me deixa feliz. Pelo contrário. Faz-me pensar que sou eu a razão da "negação".
Infelizmente, e como referia antes, a tal questão da Fama e do Proveito é sempre relativa: se os "outros" referem a tua fama, melhor será então, que te aproveites disso, ou então, deixa-os pensar que só tens proveito, porque Fama é má publicidade.
Esta é a (infeliz) realidade.
"Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos"
Anaïs Nin
Provérbio Popular
Este será, quase de certeza, o meu "post" mais pessoal (por "falar" de mim, do que sou e do que sinto...), mas, não será, estou em crer, o mais individualista.
O título radica na constatação de que, na maior parte das vezes, o adágio popular tem razão de ser.
Na passada semana, desloquei-me a Espanha, a Madrid mais exactamente, para, na sequência de um convite da AMEI (Asociación Mundial de Educadores Infantiles) apresentar uma comunicação sobre o trabalho que desenvolvo, no Congresso Internacional "Capacidades, Competências e Desenvolvimento Infantil".
Tal convite, não só me honra enquanto profissional, mas dá-me também a nítida sensação de que o que fazemos (aqui, em Portugal), fazemos bem e merece reconhecimento.
Não posso deixar de dizer, neste âmbito, e apesar de ter sido o único representante português a apresentar evidências do trabalho desenvolvido, nomeadamente na Educação de Infância, que o reconhecimento que recebi indica, no que concerne ao trabalho de qualidade (assim referenciado pela organização), só temos de nos orgulhar por sermos entendidos como estando no patamar superior de práticas em Educação de Infância.
Voltando ao título do "post", quero ainda referir também (e nesta sequência de raciocínio) que a avaliação que obtive no último ciclo de avaliação da Avaliação de Desempenho Docente (independentemente da sua pertinência, acuidade e justiça, como de resto já o referi em outros "posts" deste blogue), me deixa num patamar superior, em termos de avaliação da prática.
Devo também referir que, no longínquo ano lectivo de 2007/2008, fui surpreendido pelo Conselho Pedagógico do Agrupamento onde à data desenvolvia a minha prática profissional, com um pedido de organização de um port-fólio para enviar para o então criado "Prémio Nacional de Professores", também, neste caso, em reconhecimento da minha prática profissional.
Servem estes (apenas) três exemplos para, então, reflectir sobre Fama e Proveito.
Dir-me-ão alguns que, tais factos justificam o proveito. Contudo, pergunto: qual proveito?
Refiro eu que são apenas uma forma de "fama". E porquê?
Porque, desde há muitos anos que o que faço, em termos profissionais, faço-o com o objectivo de fazer bem. De fazer de uma forma construtiva, reflectida, interventiva e atenta. Faço-o porque acredito que se "fizermos", na senda da Excelência, podemos, todos nós, beneficiar de uma efectiva melhoria da qualidade do que fazemos.
Mas, infelizmente, em Portugal, não é esse o caso.
Neste país onde a "recompensa" é, simplesmente, pensada em termos de "ganhos pessoais", ou em termos remunerativos, fazer bem só porque se acredita na qualidade do que fazemos (e, como referi, as evidências assim o sugerem) implica, necessariamente, passar para o "lado dos maus".
Ou seja, se, por acaso que seja, és reconhecido como competente, eficaz, pertinente e com qualidade, passas a ser um alvo a abater. Mesmo que essa tua "qualidade" o seja apenas porque acreditas nela.
No fundo, este país que recompensa a não intervenção, o seguidismo/carneirismo e (como li há pouco tempo) o "ouvidismo" (de "ouvi dizer"...), acaba por desmotivar e menorizar.
Não me move o protagonismo nem sequer a recompensa pecuniária. Ficaria feliz (bastante, diga-se) o reconhecimento de que as práticas, as reflexões e a sugestões podem ser úteis.
E mais feliz ficaria se não nos recusássemos a mudar o que pode ser mudado para melhor.
Há alguns dias, um colega de um outro agrupamento onde estive há já uns anos, telefonou-me a "dar a novidade" de que, algumas ideias que eu teria apresentado "tinham sido aceites e postas em prática", reconhecendo (o Departamento), dessa forma, a pertinência das mesmas.
Esse telefonema., julgo eu, pretendia dar-me uma espécie de "razão a posteriori" e, nas palavras ditas, deixar-me feliz.
Não fiquei.
Por mais que custe entender, o que sugeri em tempos fi-lo numa atitude eminententemente egoísta: pretendia, com a assumpção dessas "alterações" melhorar a minha capacidade e qualidade de trabalho. Nesse momento. Enquanto poderia ser usuário dessas alterações.
Sabê-las, agora, escolhidas (quando já nem sequer estou nesse agrupamento) não me deixa feliz. Pelo contrário. Faz-me pensar que sou eu a razão da "negação".
Infelizmente, e como referia antes, a tal questão da Fama e do Proveito é sempre relativa: se os "outros" referem a tua fama, melhor será então, que te aproveites disso, ou então, deixa-os pensar que só tens proveito, porque Fama é má publicidade.
Esta é a (infeliz) realidade.
"Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos"
Anaïs Nin
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