Sou Educador de Infância de profissão, Educador de Infância por vocação e, acima de tudo, Educador de Infância porque acredito, sinceramente, que os profissionais de educação de infância são capazes, competentes, conhecedores, talentosos e, acima de tudo, dedicados.
Por isso, ao ler, nas redes sociais, alguns comentários, afirmações, perguntas e outras "dúvidas", não resisiti a "escrever para nós"...
Lia há pouco , entre outras coisas, a tremenda "insatisfação" que advém do facto de "sermos
considerados 'gente' menor" (e neste epíteto incluo educadores de infância, profissionais de educação e terapêutica infantil, etc...)...
Pois bem, sem querer entrar em grandes
provocações, se assim é, deixo uma pergunta (séria) para nos fazer refletir um pouco:
O que é que temos feito (e reparem que eu generalizei) para que a "opinião pública" tenha, dos profissionais de educação de infância uma imagem de competência, seriedade, congruência?...
Sei
que surgirão, de seguida, alguns comentários pouco abonatórios para a
minha pessoa, mas tentarei expor o meu ponto de vista, avisando, desde já, que a maior parte das perguntas que faço "nascem" das evidências sentidas, vistas e experienciadas...
- Ao longo dos últimos trinta anos, sempre que dá jeito, somos docentes... outras vezes somos educadores de infância...
- Sempre
que exista uma decisão contrária aos interesses da Educação Pré-escolar
(por parte do Diretor, do Conselho Pedagógico, do Conselho Geral...),
optamos por achar que "isso é lá com eles..."
- Sempre
que existe, em termos de reflexão profunda, algo que seria importante
sublinhar, no interesse da Educação de Infância, optamos por não nos
preparamos convenientemente para contrapor...
- Sempre
que, por exemplo, num grupo de profissionais de educação de infância,
se abrem reflexões substantivas sobre práticas, atitudes e/ou
comportamentos, há 3 ou 4 pessoas que se manifestam efetivamente e uns
outros tantos que adotam a atitude do "nim" (apesar de estar a referir
espaços físicos, como Departamentos ou reuniões sindicais, por exemplo,
esse comportamento também é vísivel por aqui...)
- Sempre
que uma qualquer decisão deve ser tomada, vamos "embrulhando" a coisa
até ficar mais ou menos ao gosto de toda a gente, sem nos expormos, sem
nos assumirmos... (basta olhar para a generalidade dos representantes do
pré-escolar nos órgãos dos agrupamentos, que assumem, de uma maneira
geral, a posição do "filho bem comportado"...)
- Sempre que é preciso confrontar, optamos por assobiar para o lado...
Poderia
continuar, mas, de certeza que os 10 ou 12 companheiros constantes de reflexão
não iriam gostar e logo diriam que "não posso generalizar...
que até fazem exatamente o contrário... que esta não é a realidade..."...
Contudo, são esses mesmo (os que se manifestam), que eu respeito. E porquê?
Pela simples razão de que são Educador@s que dão a cara. Que lutam por
ideais, que se envolvem...
Nos grupos de "Educadores", nas redes sociais, há centenas de profissionais inscritos. Por vezes,
comentários de pendor mais reflexivo têm umas dezenas de "gosto" (que é
uma forma de manter o "nim" que referia atrás), contudo, algumas imagens
retiradas da net e expostas aqui (de bolinhos, de desenhos, de
fichas...) alcançam muitas dezenas (às vezes centenas ) de comentários,
muitas vezes redundantes...
Porque
tenho sido muitas vezes acusado de ser deselegante e grosseiro (apesar
de não ser a minha intenção), era bom, de uma vez por todas, que
parássemos para refletir sobre o nosso "papel" no espaço da Educação em
Portugal.
Não basta escondermo-nos atrás dos que caminham. Temos de levantar a cabeça e caminhar desafiantes...
Claro
que, para o fazer, será conveniente preparamo-nos. Estudarmos.
Percebermos. Lutarmos pelo que de muita qualidade fazemos. E isso dá
trabalho!
Mas será a única forma de vermos as nossas competências reconhecidas. Inclusive pelos nossos pares.
Não
podemos confundir as particularidades e especificidades do nosso
trabalho (os "mimos" e "afetos" com que gostamos de nos particularizar)
com a dimensão global de uma ótima preparação para todas as vertentes da
vida dos nossos cidadãos.
Pensemos nesta frase de uma colega nossa que muito prezo: "os
educadores de infância, no final do pré-escolar, acompanharam os seus
alunos, em média, durante metade das suas (dos alunos) vidas. Não há
outro docente, em mais nenhum nível, que passe tanto tempo com os seus
alunos..."
A nossa responsabilidade é enorme. Mas temos de o saber demonstrar...
Por
tudo isto, assumamos, de uma vez por todas, a importância do que
fazemos. Sem nos escondermos atrás deste ou daquele "interesse". Porque,
na realidade, quando "acordarmos", pode ser tarde demais (há por aí
quem ache que a gestão do pré-escolas pelas autarquias seria uma
"solução", mas conheço o suficiente da realidade do país para discordar
completamente).
E não nos esqueçamos que, para as nossas crianças, somos um exemplo....
Pois que seja um exemplo de certeza, de definição e de frontalidade!
15 de junho de 2013
Subscrever:
Mensagens (Atom)