23 de janeiro de 2008

E também sobre o Novo Regime de Autonomia...

Esta mensagem, serve, essencialmente, para servir de "aviso".
Aviso, principalmente para mim, e para aqueles que, normalmente referem que "tudo se passa nas nossas costas".
Está em discussão a proposta para o Novo regime de autonomia, administração e gestão das escolas (http://www.min-edu.pt/np3/1494.html).
Cada um de nós pode (e deve!) inscrever-se para participar nesta reflexão, depois, claro está, de a ler e sobre ela reflectir.
Depois de o ter feito, não me parece, sinceramente, que este novo regime venha trazer, efectivamente, grandes alterações ao que conhecemos. Sinceramente o digo porque, se quisermos entrar pela análise daquele tipo de questões relacionadas com a (in)competência, com os processos de controle (nomeação, designação, lobbying, etc.), o que me soi dizer é que, com ou sem um novo Regime, eles existem.
Contudo, parece-me importante, principalmente para os educadores e professores do primeiro ciclo, atentar ao Artº 16º, ponto 6, da referida proposta.
Só mesmo lendo, mas depois, não se arrependam de não ter participado na reflexão e discussão.
Fica o "aviso".

Avaliação de Docentes

Pois então cá chegámos.
Tal como se previa, a onda reformadora e, quiçá, destruidora, qual tsunami, chegou à "nossa" costa.
Como já explanei em anteriores mensagens, sou, de facto, defensor de uma Avaliação eficiente, integrada, realista e que devolva as competências e o mérito à nossa função profissional.
Concordo, em absoluto, com todos os processos de avaliação efectiva que tenham como intenção melhorar e capacitar os sistemas, sejam eles quais forem.
Contudo, no que diz respeito a este procedimento que agora assistimos, há algunma dúvidas que se me levantam, e para as quais não consegui, ainda, vislumbrar soluções.
A ver: Por um lado, o processo, datado e "obrigatório" é, de todo, impossível de cumprir.
As datas apresentadas são catastróficas e não auguram nada de bom. Produzirão, estou em crer, algumas atrocidades e mais que tudo, processos persecutórios, ou pior, levarão a incongruências e "deslizes" incapazes de serem repostos.
Por outro lado, o próprio processo designado enferma de algumas "falhas técnicas" que urge reflectir. Por exemplo: se um docente, na sua avaliação, obtiver o grau de Muito Bom ou Excelente, e sabendo nós, que, na realidade esse resultado se deverá, em parte (cerca de 50%) à sua avaliação feita pelo Coordenador e se este, sequencialmente, ao ser avaliado, obtiver uma avaliação de Regular ou Insuficiente, sendo que esta resulta, maioritariamente, se for o caso, da avaliação "realizada pelos docentes do correspondente departamento" (ponto 6 do Artº 29º do Dec. Regulamentar nº2/2008 de 10 de Janeiro), como ficamos?
Será séria a avaliação do docente pelo seu Coordenador?
E como é que este, estando envolvido nas suas próprias actividades lectivas, poderá, efectivamente, avaliar o desempenho de outrém, que, muitas vezes, nem tempo tem para o "conhecer" pedagogicamente nos parcos momentos em que partilham espaços?
Espero, sinceramente, que existam respostas felizes para estas e outras questões que se me levantam.
A ver vamos....

10 de janeiro de 2008

Cansaço...

Há tempos, na sequência de uma carta que escrevi para um jornal nacional, recebi alguns "puxões de orelhas" de alguns, provavelmente, instalados funcionários públicos que, às vezes se lembram que vão às escolas para cumprir uma função fundamental.
Escrevia eu, nessa carta, com alguma mágoa à mistura, que, para um jovem e novel professor, existem, à partida, muitos desafios que poderiam (deveriam) ser evitados e que, por isso mesmo, se tornam penosos de experimentar.
Algumas das coisas (escolha de turmas, faltas constantes, ineficácia dos processos de (auto)avaliação do desempenho, etc.) que a senhora Ministra usou, na altura, para justificar medidas ditas educativas, e que eu, infelizmente, experimentei do outro lado (como "o último a chegar", como "o contratado" e como "o rapazito novo"), eram (para não dizer "são") práticas mais ou menos correntes nas escolas, independentemente de alguns de nós nos esforçarmos para achar que não.
Existia, na altura também, uma imensa insatisfação social dos docentes, baseada na ideia que todas as mudanças apresentadas, eram injustas, incoerentes e desnecessárias.
Existia também, nesse momento, uma afirmação profissional subliminar que "mostrava" que os professores eram os "coitados" (e isto deve-se, digo eu, ao trabalho dos sindicatos, que, infelizmente, continuam a convocar greves para as sextas-feiras!), pois, pensava-se que, dessa forma, a percepção global social mudaria a favor dos professores e que toda a população se uniria "em defesa da Educação".
Infelizmente (e digo infelizmente porque sinto que o país precisa mesmo desta última ideia, a da "união em torno da Educação"), tal não aconteceu e agora, esgotadas que foram todas as munições "sindicais", os docentes encontram-se, literalmente, "à beira de um ataque de nervos".
Demonstram um verdadeiro cansaço, alguns mesmo uma forte desmotivação e muitos uma evidente vontade de desistência.
Eu sou um destes últimos.
Contudo, tal não se deve, como se calhar seria de esperar, às mudanças entretanto operadas e/ou a operar.
Não. Essas não me chateiam. Sou até capaz de reconhecer que, algumas delas (Avaliação do Desempenho dos Docentes, Novo Regime de Autonomia das Escolas, etc.) podem, se quisermos, contribuir para algumas melhorias na nossa função profissional (que raio, poderíamos dar-nos ao trabalho de, pelo menos, ler os textos e não, como acontece na maior parte das vezes, acreditar no que nos é vendido pelos outros!).
O que me chateia, realmente, é o ponto de desistência generalizado que nos rodeia.
A ideia do "não vale a pena!", do "para quê fazer se vai tudo mudar?", do "mexem, mexem e nada fica melhor!", que torna inoperante a instituição escolar, em que tudo é para desfazer e nada para fazer, na qual os que fazem ou querem fazer são os "que querem a avaliação de Muito Bom!" ou os que "querem tacho...", numa forma muito peculiar e tipicamente portuguesa de pensar, é, sem margem para dúvidas, a ideia que me cansa e desmotiva.
Mas também o desagrado daqueles que, por mais faltas que tenham dado ao abrigo do famigerado Artº. 102º (e nunca se viram impedidos de gozar os respectivos dias de fárias, nem viram ser descontados os relativos valores) e daqueles que agora, por sua infelicidade, se vêem "obrigados" a leccionar a alunos que não quiseram (ou escolheram), me trazem, também, insatisfação (ou indignação) pessoal.
Será que demora muito a que os dignos representantes destes modelos desistam?
Não quero, nem é minha ideia, generalizar.
Não tenho conhecimento suficiente para essa generalização e não quero acreditar numa possível globalização de comportamentos e atitudes.
Escrevo apenas porque sinto que tenho tido a pouca sorte de, ao longo do meu percurso profissional, me ter encontrado demasiadas vezes com esta(s) realidade(s).
Mas também quero afirmar que, por mais que possa parecer evidente, nestas palavras, a minha desmotivação e cansaço, não o são para com aquilo que amo e que sinto fazer bem: contribuir para um Mundo melhor, através da dedicação e entrega aos meus alunos.
Eles são, sem dúvida, e cumulativamente, a minha tábua de salvação, a minha bússola e a minha religião.
Por eles, e com eles, me motivo!
Ah, e já agora, para todos os que me "aturam", um Excelente 2008, com grandes mudanças (para melhor)!