12 de dezembro de 2008

Portugal, Um país a Brincar!

Apesar de, enquanto profissional de educação, ter sempre defendido a importância do brincar e da actividade lúdica como eixo central do desenvolvimento humano, este título, que agora apresento, não é, de todo, nem expressão nem a defesa da qualidade do país e da sua autonomia identitária.
Infelizmente, este título tem o seu quê de irónico, até por isso mesmo: por revelar um país triste e desorientado.
Passo a explicar:
- Em que outro país do mundo, que tenha, pelo menos duas montanhas de altura superior a 1000m é que existe apenas um Limpa-neves?
- Em que outro país do mundo (e há poucos) que tenha uma mancha florestal superior a 1/4 do seu território é que não existem meios adequados de combate a incêndios?
- Em que outro país do mundo, que se queira incluir no grupo dos "Em via de Desenvolvimento" ou "Desenvolvidos" é que, possuindo uma Zona Económica Exclusiva (ZEE) três vezes maior do que o seu território continental é que tem, apenas, quatro cursos superiores sobre Ciências do Mar (e isto para não falar dos meios de vigilância e acção marítima)?
- Em que outro país do mundo é que os deputados da nação faltam que se desunham a sessões parlamentares, se aumentam anualmente e possuem ligações exclusivas com empresas e entidades sobre as quais legislam?
- Em que outro país do mundo é que a criação literária e cultural é mais taxada (impostos, rendas, etc.) do que actividade desportiva (ou pseudo-desportiva)?
- Em que outro país do mundo é que os espaços desportivos (de futebol, é claro!) excedem, quase em triplo, a oferta per capita do conjunto de todas as outras modalidades desportivas?
- Em que país do mundo é que o Presidente de uma Região Autónoma ofende a identidade nacional, quase todas as semanas, e nunca foi sancionado?
- Em que outro local do mundo é que os cidadãos se resignam com todas estas situações?
Estaremos satisfeitos?
Valia a pena pensar (também) nisto!

1 de dezembro de 2008

Eu quero ser Avaliado!

Às vezes sinto-me muito pequeno.
E tem isto a ver com a sensação de impotência que as grandes, as largas maiorias nos impõem...
Depois de manifestações de 100 e 120 mil... depois de greves (que foram e que vêem)... depois de discursos de "ou vai ou racha", os que não são carneiros e que pensam pela sua cabeça são uma espécie de anormais, olhados de lado, estigmatizados e "corridos" dos espaços onde os "bons e interessantes" estão e conversam...
É assim que me sinto.
Não posso dizer que vivemos numa sociedade democrática.
Estamos até, bastante longe disso. E eu, que só tenho este espaço de opinião, pequeno e mudo, digo: Eu quero ser avaliado!
E quero ser avaliado com qualquer modelo de avaliação. E quero ser avaliado mesmo com este modelo de avaliação!
Já aqui o disse, este modelo enferma de bastantes questões complexas que não são, de todo, as mais eficazes, as mais correctas, as mais justas.
Também já referi que não concordo com o modelo de transparência e justiça que ele "oferece".
Também já escrevi que não aceito que um modelo que propala o Mérito seja tão disfuncional e iníquo.
Mas que raio! Eu quero ser avaliado!
E quero que seja com este ou com outro qualquer modelo de avaliação.
E que tal experimentar este e tentar corrigi-lo? Só depois de experimentarmos podemos, coerentemente, avaliá-lo!
Ou não estaremos já a avaliar negativamente antes do processo estar completo?
Será esse o medo de tantos e tantos carneiros? (desculpem, professores?)
Desculpem-me esta (parece que) deriva, mas não me sinto satisfeito quando aderimos à greve ou somos contra um sistema de avaliação sem sequer termos lido, atentamente, do que se trata. E digo isto com conhecimento de causa.
Há ainda muitos professores que não sabem que existe um Decreto Regulamentar 11/2008e ainda falam da avaliação referindo apenas o Decreto Regulamentar 2/2008, que, por sinal, não leram. E há também aqueles que se "encostam" aos que leram, analisara, reflectiram, para, com eles, "ganhar algum tempo"...
São esses que se manifestam. São esses que sempre se manifestaram. São esses que não querem ser avaliados (de forma nenhuma!)
Será possível?
São estas situações que nos demotivam e retiram do sério.
Não ao discurso incoerente do "Eu quero ser avaliado mas exijo a suspensão deste modelo!"
Já não estamos no PREC...
Que tal começarmos a pensar pelas nossa próprias cabeças?
Eu quero ser avaliado!