Neste momento em que escrevo (e faço-o depois de uma interrupção de quase um mês), acabo de ouvir a "declaração" de vitória do nosso "novo" Presidente da República.
Já há uns anos (quando da primeira eleição) escrevi algumas coisas que, então, me "atormentavam a alma" sobre a eterna dúvida dos portugueses acreditarem em si próprios, mas, desculpem-me o desabafo, acho, neste momento, que já não é uma dúvida: é uma certeza. Mas no sentido inverso: os portugueses têm a certeza que não acreditam em si próprios.
Não me é estranha nem inesperada a vitória do Presidente hoje eleito. Mas faz-me confusão que o tenha sido (e por mais de uma vez)!
Pode parecer uma posição partidária, mas, tenham a certeza, não é!
O actual Presidente é um conhecido e reputado(?) político, antes governante, inspirador de um modelo específico de governabilidade, no qual, por exemplo, o investimento em betão e maquinaria (que é uma metáfora para "investimento em Capital") foi o maior dos últimos cinquenta anos do país: Auto-Estradas, com as devidas "valorizações" para Brisas e outras concessionárias; divisão da Rede Ferroviária Nacional, com evidentes "valorizações" para empresas municipais e "amigos" (veja-se o caso do Metro do Mondego: 15 anos de Administrações muito bem remuneradas e, de Metro, nem os carris...); Centro Cultural(?) de Belém que aloja o espólio particular de um coleccionador, com evidentes vantagens para ele próprio; "morte" anunciada do Serviço Nacional de Saúde, com o maior aumento de sempre da iniciativa legal sobre "Seguros e Seguradoras de que há memória em Portugal; desinvestimento na Educação, com o Orçamento da Educação a baixar, em quatro anos de governo, 1,7% e, por último, a "nomenclatura" dispersa pelos "lugares-chave" das instituições (públicas e privadas) que sustentam a economia nacional...
Por tudo isto (e muito mais que haveria a discriminar), custa-me que os portugueses (pelo menos os que votaram) tenham dito, novamente, sim a este modelo social.
E, para aqueles que defendam que a eleição deste candidato será melhor para o "equílibrio" de poderes, relembro que, ao longo do último mandato, foram mais as "sintonias" (mesmo que de conveniência) do que as efectivas oposições. Porque terá sido?
Provavelmente porque o espectro político e ideológico é o mesmo. E para ambos os "modelos" representados nas principais figuras de Estado, há que fazer a classe média suportar as dificuldades, pois os "poderes" instalados deverão "continuar a convergir no esforço nacional", mesmo que isso signifique que empresas portuguesas tremendamente apoiadas para exportar, para desenvolver competência e para "proporcionar emprego" continuem (como se quer no modelo económico) a procurar o lucro (para alguns, diria eu), independentemente desse "lucro" não significar uma efectiva melhoria das condições de vida das pessoas.
Mas, parece, ficamos todos felizes, não é?
23 de janeiro de 2011
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