Usando uma das prerrogativas que nos são dadas (?) pelas "redes sociais", e que, num discurso mais coloquial se chama também ser "treinador de bancada", vou aproveitar alguns dos milésimos de segundo de fama que um texto publicado (e depois difundido através das "redes sociais") me permite...
Como ponto(s) prévio(s) afirmo apenas que:
1. Não sou "encaixável" em visões dualistas da sociedade;
2. Não me apetece ter de "justificar" as escolhas ao pormenor e
3. A discussão "esquerda"/"direita" não pode (deve) bloquear a possibilidade de conjecturar (neste particular, e se temos de "dividir", prefiro uma discussão mais centrada no "conservadorismo"/"liberalismo económico"..
Assim sendo, e após o(s) ponto(s) prévio(s), aqui vou...
Têm sido, na sociedade portuguesa [e entenda-se aqui "sociedade portuguesa" aquela que advém da reflexão feita na (e pela) comunicação social, as "opiniões" demonstradas nas "redes sociais" e, sobretudo, as atitudes diárias das pessoas que se cruzam comigo] muito debatidos os conceitos de crise, dívida, democracia, partidarismo e, sobretudo, competência.
Têm sido apontadas, também, uma diversidade de possibilidades, ideias, respostas, propostas, evidências e, sobretudo, "soluções"...
De todas (e são muitas), e não me coibindo de as refletir, de as triangular, de investigar "mais fundo", fica-me sempre a ideia de que serão, sempre, "soluções" baseadas na experiência, no conhecimento e nas práticas já "usadas".
Porque me parece que "as soluções" terão de advir de um novo modelo (social, económico, cultural e educativo) e, sobretudo, coordenadas e, de certa forma, dinamizadas por pessoas que não estejam reféns de "experiências passadas" ou, por outras palavras, não estejam dependentes de "valores" ilegítimos, é-me fundamental perceber que as "pessoas" que são capazes de organizar um plano sério e credível que, na realidade (e por mais que isso possa, num determinado momento, "assustar"...), sejam capazes de levar para "fora do quadrado" a reflexão sobre o futuro de Portugal e dos portugueses...
Porque me parece útil que esta "reflexão" tenha por base um conjunto de pressupostos, estas "pessoas" devem ter demonstrado opiniões coerentes (e se possível com "currículo" prático), devem ter uma consciência clara que o "esforço" terá de ser global e, sobretudo, que saibam que não serão os partidos (tal como os conhecemos) deliberar sobre soluções para um modelo que eles próprios (os partidos) criaram...
Pelo exposto, e tentando sair da simples afirmação do "devia ser assim", proponho-me a "indicar" um conjunto de pessoas que, na minha opinião, poderiam, se devidamente enquadradas (e sobretudo, legitimadas), encontrar soluções. Fosse como "ministros" fosse como "Governo de Salvação Nacional"...
Sei que esta pode (e será de certeza!) apenas uma tentativa espúria, mas já ficaria satisfeito se, aos olhos de alguns "amigos" se considerasse "a discussão"...
Assim sendo, (e, neste momento, dados os "termos" constitucionais, só se fosse por "iniciativa presidencial"), gostaria de "ver" uma equipa de portugueses a refletir, seriamente, as opções políticas e sociais para que Portugal, de uma vez por todas, pudesse ter um futuro...
A minha "seleção nacional" seria:
Economia/Finanças: José Gomes Ferreira (jornalista)
Educação/Juventude/Desporto: Eduardo Marçal Grilo (gestor)
Justiça/Administração Interna: Maria José Morgado (magistrada)
Ambiente/Ordenação do Território: Carlos Pimenta (gestor)
Saúde: João lobo Antunes
Defesa: Jaime Ferreira da Silva (Capitão de Marinha)
Agricultura: Ricardo Brito Pais (Presidente da AJAP)
Trabalho: Maria João Rodrigues (Consultora)
Todas estas escolhas são discutíveis. Claro.
Mas é para isso que cá estão...
Já não estaremos em tempo de começar a ver para além do óbvio?...
9 de novembro de 2013
4 de julho de 2013
Que "Cultura" de Estado?
Nestes últimos dois dias tenho (temos!) vivido uma espécie de esquizofrenia social.
Por um lado (o dos comentadores, o dos "opinion makers", o dos "filhos do(s) sistema(s)"), há como que uma preocupação (que não me atrevo a dizer legítima) sobre a situação e as "condições" do país.
Relembro que, a maior parte dos "comentários" vêm na sequência da demissão do Ministro das Finanças e posteriormente, do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Por outro lado há uma tendência para dizer "eles" em situações que todos sabemos que seria mais adequado e sério dizer "nós"...
Independentemente das "razões" apontadas, há uma ideia que me fica a ressoar na cabeça: são todos meninos reguilas e mimados.
Comentadores e políticos!
E são-no porquê?
Porque não me parece que tenham (ou não querem ter!) uma cabal visão da situação que eles próprios criaram.
Neste momento, o país vive refém de birras e infantilidades, do "quero, posso e mando" tão característico de crianças que foram criadas sem SABER, sem CONHECER, sem experimentar na pele o que de fundamental existe na dinâmicas pessoal, nas relações humanas e, sobretudo, na teia do relacionamento social.
Pode esta prosa parecer retórica, desenquadrada, desajustada. E pode até parecer simplista.
Mas se olharmos atentamente aos factos, talvez não seja assim tão descabida.
Temos um primeiro-ministro que fez toda a sua "formação" nos corredores do poder, de jotinha a administrador de empresas sorvedoras dos dinheiro públicos, em companhia de "poderosos" que o escolheram pelos seus dotes e convicções amistosas para com as "causas" que defendem.
Tivemos um primeiro-ministro que se situou no mesmo espaço de "crescimento pessoal".
Temos (tivemos?) um Ministro de Estado que é um político profissional e, por tal, está imbuído dos ditames e das dinâmicas dos "corredores do poder".
Temos um Presidente da República que advém de um grupo de "patos bravos" que, um dia, prometeu "vingar-se" de quem lhes teria (a si e às suas famílias) feito mal numa convulsão social chamada 25 de abril...
Poderia continuar a enumerar, mas penso que, com estes parcos exemplos, se chega rapidamente à conclusão de que, entre aqueles que nos "governam" não haverá muitos que sejam detentores de uma efetiva "cultura" social.
Não leram a "Mãe", do Gorki; não sabem quem é Kafka; na escola "passaram os olhos" pelo "Os Maias" apenas porque um qualquer professor os "obrigou"...
Não serão estes os títulos mais "sérios e fundamentais" (poderia enumerar alguns efetivamente importantes, mas ficaria a "falar sozinho"...) que definem uma "cultura", mas servem para sustentar a evidente falta de cultura, de história, de responsabilidade de que são "vítimas".
Mudar este paradigma político e social (que é como quem diz: mudar estes políticos) não é uma tarefa fácil nem breve.
É antes uma mudança a fazer ao longo de gerações.
Mas, ter consciência disto, neste momento, é assustador.
Portugal não tem "esse" tempo. Não tem.
Mas, ao olhar para a "Educação" atual, ainda mais assustador se torna a visão (inexistente) de uma potencial mudança.
Nos últimos quatro ou cinco anos os docentes das escolas onde tenho estado têm sido, na generalidade, mais novo que eu. E é aterrador constatar que a maior parte deles não lê (não leu!) sequer "Os Lusíadas", o "Frei Luís de Sousa" ou o "1984"...
E isto para nem elencar um conjunto de livros que sustentam as bases de um conhecimento profundo de si e dos outros, de modelos sociais e, sobretudo, da História da humanidade...
E "isto" é aflitivo.
É aterrador.
Como pode ser possível ensinar valores, ética, atitudes (ou simplesmente potenciar experiências) se não existe, sequer, um conhecimento médio das "razões" que sustentam os modelos sociais em que vivemos...
Fomos, lentamente, desenvolvendo o culto do "umbiguismo" como fonte de vida. O dinheiro assumiu o espaço principal, quase religioso, nos objetivos de quase toda a gente. E de lá não sairá facilmente.
Torna-se "desadequado" pretender "ter uma conversa" séria sobre Valores, sobre Ética, sobre Atitudes nas escolas, hoje em dia.
Quem o pretende fazer ganha um selo de "inconveniente"...
As práticas atuais vivem do compadrio, da corrupção (até de ideias), de plágio, de facilitismo...
Os professores são, na generalidade, os mais "umbiguistas" (nem sequer me atrevo a relatar situações concretas!...) e, quer queiramos, quer não, são (foram)eles quem, consciente ou inconscientemente nos trouxeram até aqui.
Ninguém me convence do contrário.
Não me demito das responsabilidades, mas teimo em não aceitar "ser como eles"...
Não quero e não vou fazê-lo.
Por um lado (o dos comentadores, o dos "opinion makers", o dos "filhos do(s) sistema(s)"), há como que uma preocupação (que não me atrevo a dizer legítima) sobre a situação e as "condições" do país.
Relembro que, a maior parte dos "comentários" vêm na sequência da demissão do Ministro das Finanças e posteriormente, do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Por outro lado há uma tendência para dizer "eles" em situações que todos sabemos que seria mais adequado e sério dizer "nós"...
Independentemente das "razões" apontadas, há uma ideia que me fica a ressoar na cabeça: são todos meninos reguilas e mimados.
Comentadores e políticos!
E são-no porquê?
Porque não me parece que tenham (ou não querem ter!) uma cabal visão da situação que eles próprios criaram.
Neste momento, o país vive refém de birras e infantilidades, do "quero, posso e mando" tão característico de crianças que foram criadas sem SABER, sem CONHECER, sem experimentar na pele o que de fundamental existe na dinâmicas pessoal, nas relações humanas e, sobretudo, na teia do relacionamento social.
Pode esta prosa parecer retórica, desenquadrada, desajustada. E pode até parecer simplista.
Mas se olharmos atentamente aos factos, talvez não seja assim tão descabida.
Temos um primeiro-ministro que fez toda a sua "formação" nos corredores do poder, de jotinha a administrador de empresas sorvedoras dos dinheiro públicos, em companhia de "poderosos" que o escolheram pelos seus dotes e convicções amistosas para com as "causas" que defendem.
Tivemos um primeiro-ministro que se situou no mesmo espaço de "crescimento pessoal".
Temos (tivemos?) um Ministro de Estado que é um político profissional e, por tal, está imbuído dos ditames e das dinâmicas dos "corredores do poder".
Temos um Presidente da República que advém de um grupo de "patos bravos" que, um dia, prometeu "vingar-se" de quem lhes teria (a si e às suas famílias) feito mal numa convulsão social chamada 25 de abril...
Poderia continuar a enumerar, mas penso que, com estes parcos exemplos, se chega rapidamente à conclusão de que, entre aqueles que nos "governam" não haverá muitos que sejam detentores de uma efetiva "cultura" social.
Não leram a "Mãe", do Gorki; não sabem quem é Kafka; na escola "passaram os olhos" pelo "Os Maias" apenas porque um qualquer professor os "obrigou"...
Não serão estes os títulos mais "sérios e fundamentais" (poderia enumerar alguns efetivamente importantes, mas ficaria a "falar sozinho"...) que definem uma "cultura", mas servem para sustentar a evidente falta de cultura, de história, de responsabilidade de que são "vítimas".
Mudar este paradigma político e social (que é como quem diz: mudar estes políticos) não é uma tarefa fácil nem breve.
É antes uma mudança a fazer ao longo de gerações.
Mas, ter consciência disto, neste momento, é assustador.
Portugal não tem "esse" tempo. Não tem.
Mas, ao olhar para a "Educação" atual, ainda mais assustador se torna a visão (inexistente) de uma potencial mudança.
Nos últimos quatro ou cinco anos os docentes das escolas onde tenho estado têm sido, na generalidade, mais novo que eu. E é aterrador constatar que a maior parte deles não lê (não leu!) sequer "Os Lusíadas", o "Frei Luís de Sousa" ou o "1984"...
E isto para nem elencar um conjunto de livros que sustentam as bases de um conhecimento profundo de si e dos outros, de modelos sociais e, sobretudo, da História da humanidade...
E "isto" é aflitivo.
É aterrador.
Como pode ser possível ensinar valores, ética, atitudes (ou simplesmente potenciar experiências) se não existe, sequer, um conhecimento médio das "razões" que sustentam os modelos sociais em que vivemos...
Fomos, lentamente, desenvolvendo o culto do "umbiguismo" como fonte de vida. O dinheiro assumiu o espaço principal, quase religioso, nos objetivos de quase toda a gente. E de lá não sairá facilmente.
Torna-se "desadequado" pretender "ter uma conversa" séria sobre Valores, sobre Ética, sobre Atitudes nas escolas, hoje em dia.
Quem o pretende fazer ganha um selo de "inconveniente"...
As práticas atuais vivem do compadrio, da corrupção (até de ideias), de plágio, de facilitismo...
Os professores são, na generalidade, os mais "umbiguistas" (nem sequer me atrevo a relatar situações concretas!...) e, quer queiramos, quer não, são (foram)eles quem, consciente ou inconscientemente nos trouxeram até aqui.
Ninguém me convence do contrário.
Não me demito das responsabilidades, mas teimo em não aceitar "ser como eles"...
Não quero e não vou fazê-lo.
15 de junho de 2013
Educadores "menores"...
Sou Educador de Infância de profissão, Educador de Infância por vocação e, acima de tudo, Educador de Infância porque acredito, sinceramente, que os profissionais de educação de infância são capazes, competentes, conhecedores, talentosos e, acima de tudo, dedicados.
Por isso, ao ler, nas redes sociais, alguns comentários, afirmações, perguntas e outras "dúvidas", não resisiti a "escrever para nós"...
Lia há pouco , entre outras coisas, a tremenda "insatisfação" que advém do facto de "sermos considerados 'gente' menor" (e neste epíteto incluo educadores de infância, profissionais de educação e terapêutica infantil, etc...)...
Pois bem, sem querer entrar em grandes provocações, se assim é, deixo uma pergunta (séria) para nos fazer refletir um pouco:
O que é que temos feito (e reparem que eu generalizei) para que a "opinião pública" tenha, dos profissionais de educação de infância uma imagem de competência, seriedade, congruência?...
Sei que surgirão, de seguida, alguns comentários pouco abonatórios para a minha pessoa, mas tentarei expor o meu ponto de vista, avisando, desde já, que a maior parte das perguntas que faço "nascem" das evidências sentidas, vistas e experienciadas...
- Ao longo dos últimos trinta anos, sempre que dá jeito, somos docentes... outras vezes somos educadores de infância...
- Sempre que exista uma decisão contrária aos interesses da Educação Pré-escolar (por parte do Diretor, do Conselho Pedagógico, do Conselho Geral...), optamos por achar que "isso é lá com eles..."
- Sempre que existe, em termos de reflexão profunda, algo que seria importante sublinhar, no interesse da Educação de Infância, optamos por não nos preparamos convenientemente para contrapor...
- Sempre que, por exemplo, num grupo de profissionais de educação de infância, se abrem reflexões substantivas sobre práticas, atitudes e/ou comportamentos, há 3 ou 4 pessoas que se manifestam efetivamente e uns outros tantos que adotam a atitude do "nim" (apesar de estar a referir espaços físicos, como Departamentos ou reuniões sindicais, por exemplo, esse comportamento também é vísivel por aqui...)
- Sempre que uma qualquer decisão deve ser tomada, vamos "embrulhando" a coisa até ficar mais ou menos ao gosto de toda a gente, sem nos expormos, sem nos assumirmos... (basta olhar para a generalidade dos representantes do pré-escolar nos órgãos dos agrupamentos, que assumem, de uma maneira geral, a posição do "filho bem comportado"...)
- Sempre que é preciso confrontar, optamos por assobiar para o lado...
Poderia continuar, mas, de certeza que os 10 ou 12 companheiros constantes de reflexão não iriam gostar e logo diriam que "não posso generalizar... que até fazem exatamente o contrário... que esta não é a realidade..."...
Contudo, são esses mesmo (os que se manifestam), que eu respeito. E porquê? Pela simples razão de que são Educador@s que dão a cara. Que lutam por ideais, que se envolvem...
Nos grupos de "Educadores", nas redes sociais, há centenas de profissionais inscritos. Por vezes, comentários de pendor mais reflexivo têm umas dezenas de "gosto" (que é uma forma de manter o "nim" que referia atrás), contudo, algumas imagens retiradas da net e expostas aqui (de bolinhos, de desenhos, de fichas...) alcançam muitas dezenas (às vezes centenas ) de comentários, muitas vezes redundantes...
Porque tenho sido muitas vezes acusado de ser deselegante e grosseiro (apesar de não ser a minha intenção), era bom, de uma vez por todas, que parássemos para refletir sobre o nosso "papel" no espaço da Educação em Portugal.
Não basta escondermo-nos atrás dos que caminham. Temos de levantar a cabeça e caminhar desafiantes...
Claro que, para o fazer, será conveniente preparamo-nos. Estudarmos. Percebermos. Lutarmos pelo que de muita qualidade fazemos. E isso dá trabalho!
Mas será a única forma de vermos as nossas competências reconhecidas. Inclusive pelos nossos pares.
Não podemos confundir as particularidades e especificidades do nosso trabalho (os "mimos" e "afetos" com que gostamos de nos particularizar) com a dimensão global de uma ótima preparação para todas as vertentes da vida dos nossos cidadãos.
Pensemos nesta frase de uma colega nossa que muito prezo: "os educadores de infância, no final do pré-escolar, acompanharam os seus alunos, em média, durante metade das suas (dos alunos) vidas. Não há outro docente, em mais nenhum nível, que passe tanto tempo com os seus alunos..."
A nossa responsabilidade é enorme. Mas temos de o saber demonstrar...
Por tudo isto, assumamos, de uma vez por todas, a importância do que fazemos. Sem nos escondermos atrás deste ou daquele "interesse". Porque, na realidade, quando "acordarmos", pode ser tarde demais (há por aí quem ache que a gestão do pré-escolas pelas autarquias seria uma "solução", mas conheço o suficiente da realidade do país para discordar completamente).
E não nos esqueçamos que, para as nossas crianças, somos um exemplo....
Pois que seja um exemplo de certeza, de definição e de frontalidade!
Por isso, ao ler, nas redes sociais, alguns comentários, afirmações, perguntas e outras "dúvidas", não resisiti a "escrever para nós"...
Lia há pouco , entre outras coisas, a tremenda "insatisfação" que advém do facto de "sermos considerados 'gente' menor" (e neste epíteto incluo educadores de infância, profissionais de educação e terapêutica infantil, etc...)...
Pois bem, sem querer entrar em grandes provocações, se assim é, deixo uma pergunta (séria) para nos fazer refletir um pouco:
O que é que temos feito (e reparem que eu generalizei) para que a "opinião pública" tenha, dos profissionais de educação de infância uma imagem de competência, seriedade, congruência?...
Sei que surgirão, de seguida, alguns comentários pouco abonatórios para a minha pessoa, mas tentarei expor o meu ponto de vista, avisando, desde já, que a maior parte das perguntas que faço "nascem" das evidências sentidas, vistas e experienciadas...
- Ao longo dos últimos trinta anos, sempre que dá jeito, somos docentes... outras vezes somos educadores de infância...
- Sempre que exista uma decisão contrária aos interesses da Educação Pré-escolar (por parte do Diretor, do Conselho Pedagógico, do Conselho Geral...), optamos por achar que "isso é lá com eles..."
- Sempre que existe, em termos de reflexão profunda, algo que seria importante sublinhar, no interesse da Educação de Infância, optamos por não nos preparamos convenientemente para contrapor...
- Sempre que, por exemplo, num grupo de profissionais de educação de infância, se abrem reflexões substantivas sobre práticas, atitudes e/ou comportamentos, há 3 ou 4 pessoas que se manifestam efetivamente e uns outros tantos que adotam a atitude do "nim" (apesar de estar a referir espaços físicos, como Departamentos ou reuniões sindicais, por exemplo, esse comportamento também é vísivel por aqui...)
- Sempre que uma qualquer decisão deve ser tomada, vamos "embrulhando" a coisa até ficar mais ou menos ao gosto de toda a gente, sem nos expormos, sem nos assumirmos... (basta olhar para a generalidade dos representantes do pré-escolar nos órgãos dos agrupamentos, que assumem, de uma maneira geral, a posição do "filho bem comportado"...)
- Sempre que é preciso confrontar, optamos por assobiar para o lado...
Poderia continuar, mas, de certeza que os 10 ou 12 companheiros constantes de reflexão não iriam gostar e logo diriam que "não posso generalizar... que até fazem exatamente o contrário... que esta não é a realidade..."...
Contudo, são esses mesmo (os que se manifestam), que eu respeito. E porquê? Pela simples razão de que são Educador@s que dão a cara. Que lutam por ideais, que se envolvem...
Nos grupos de "Educadores", nas redes sociais, há centenas de profissionais inscritos. Por vezes, comentários de pendor mais reflexivo têm umas dezenas de "gosto" (que é uma forma de manter o "nim" que referia atrás), contudo, algumas imagens retiradas da net e expostas aqui (de bolinhos, de desenhos, de fichas...) alcançam muitas dezenas (às vezes centenas ) de comentários, muitas vezes redundantes...
Porque tenho sido muitas vezes acusado de ser deselegante e grosseiro (apesar de não ser a minha intenção), era bom, de uma vez por todas, que parássemos para refletir sobre o nosso "papel" no espaço da Educação em Portugal.
Não basta escondermo-nos atrás dos que caminham. Temos de levantar a cabeça e caminhar desafiantes...
Claro que, para o fazer, será conveniente preparamo-nos. Estudarmos. Percebermos. Lutarmos pelo que de muita qualidade fazemos. E isso dá trabalho!
Mas será a única forma de vermos as nossas competências reconhecidas. Inclusive pelos nossos pares.
Não podemos confundir as particularidades e especificidades do nosso trabalho (os "mimos" e "afetos" com que gostamos de nos particularizar) com a dimensão global de uma ótima preparação para todas as vertentes da vida dos nossos cidadãos.
Pensemos nesta frase de uma colega nossa que muito prezo: "os educadores de infância, no final do pré-escolar, acompanharam os seus alunos, em média, durante metade das suas (dos alunos) vidas. Não há outro docente, em mais nenhum nível, que passe tanto tempo com os seus alunos..."
A nossa responsabilidade é enorme. Mas temos de o saber demonstrar...
Por tudo isto, assumamos, de uma vez por todas, a importância do que fazemos. Sem nos escondermos atrás deste ou daquele "interesse". Porque, na realidade, quando "acordarmos", pode ser tarde demais (há por aí quem ache que a gestão do pré-escolas pelas autarquias seria uma "solução", mas conheço o suficiente da realidade do país para discordar completamente).
E não nos esqueçamos que, para as nossas crianças, somos um exemplo....
Pois que seja um exemplo de certeza, de definição e de frontalidade!
3 de maio de 2013
Eu, Culpado, me confesso...
Confesso que encolhi os ombros algumas vezes, quando me pediam para, em voz alta, falar em nome de "muitos";
Confesso que fico chateado quando me dão "palmadinhas nas costas" acompanhadas de um "deixa lá isso, não podes mudar nada!";
Confesso que não tenho lutado por ter muitos amigos no local de trabalho (mas na realidade ninguém me deveria obrigar a conviver com pessoas que têm uma opinião diferente por cada camisa que vestem...);
Confesso que, às vezes, digo o que deve ser dito sem ter em conta que as pessoas que me ouvem gostariam de ouvir outra coisa qualquer, só para "não terem problemas";
Confesso que tenho acreditado que, de forma coerente e consistente, tenho mantido as minhas posições, mas que elas são completamente erradas porque são as da "minoria";
Confesso que tenho tentado, desde que me conheço, a participar ativamente em associações, grupos, dinâmicas de partilha e reflexão, com uma vontade imensa de cooperar e colaborar, mas acabo sempre por ser acusado de "querer protagonismo" e, como as acusações vêm, quase sempre, de pessoas muito mais envolvidas do que eu, isso me dói;
Confesso que, com a minha mania de procurar consensos, acabo sempre por ficar sozinho a tentar o impossível;
Confesso que, porque acredito na "Excelência" como forma de estar e de ser, posso ter contribuído para o alargamento do horário de trabalho dos funcionários públicos;
Confesso que nunca fiz aquelas coisas que os chefes me "obrigavam" a fazer, como "cumprir "programas escolares", comprar "manuais" desnecessários...;
Confesso que continuo a querer levar os alunos a subir às árvores, mesmo quando o seguro escolar não permite (apesar de ser, depois, repreendido!);
Confesso que gostava de apresentar num qualquer encontro/conferência sobre educação em Portugal (o que nunca fiz!), as minhas práticas letivas, que foram já, inclusivamente, premiadas no estrangeiro;
Confesso que nunca fui muito incisivo em levar os meus amigos próximos a refletir (e praticar) ações tão simples como "apanhar o papel do chão" e continuo a, nas suas esteiras, fazê-lo porque me incomoda o papel no chão;
Confesso que continuo a ficar fulo, quando o Benfica ganha, porque isso significa que uma parte importante dos portugueses se esquece, propositadamente, de que os problemas não se resolvem com comemorações no Marquês de Pombal;
Confesso também que me sinto indignado quando oiço alguém evocar o "Futebol, Fado e Fátima" sem ter noção do quão profundo (e eficaz!) esse conceito é;
Confesso não me ter posto à frente das pedras que agrediam um conjunto de seres humanos vestidos de polícias que cumpriam as regras que lhes disseram que deveriam defender...
Ou seja, todos os males do país são meus!
Eu arco com as consequências...
Confesso que fico chateado quando me dão "palmadinhas nas costas" acompanhadas de um "deixa lá isso, não podes mudar nada!";
Confesso que não tenho lutado por ter muitos amigos no local de trabalho (mas na realidade ninguém me deveria obrigar a conviver com pessoas que têm uma opinião diferente por cada camisa que vestem...);
Confesso que, às vezes, digo o que deve ser dito sem ter em conta que as pessoas que me ouvem gostariam de ouvir outra coisa qualquer, só para "não terem problemas";
Confesso que tenho acreditado que, de forma coerente e consistente, tenho mantido as minhas posições, mas que elas são completamente erradas porque são as da "minoria";
Confesso que tenho tentado, desde que me conheço, a participar ativamente em associações, grupos, dinâmicas de partilha e reflexão, com uma vontade imensa de cooperar e colaborar, mas acabo sempre por ser acusado de "querer protagonismo" e, como as acusações vêm, quase sempre, de pessoas muito mais envolvidas do que eu, isso me dói;
Confesso que, com a minha mania de procurar consensos, acabo sempre por ficar sozinho a tentar o impossível;
Confesso que, porque acredito na "Excelência" como forma de estar e de ser, posso ter contribuído para o alargamento do horário de trabalho dos funcionários públicos;
Confesso que nunca fiz aquelas coisas que os chefes me "obrigavam" a fazer, como "cumprir "programas escolares", comprar "manuais" desnecessários...;
Confesso que continuo a querer levar os alunos a subir às árvores, mesmo quando o seguro escolar não permite (apesar de ser, depois, repreendido!);
Confesso que gostava de apresentar num qualquer encontro/conferência sobre educação em Portugal (o que nunca fiz!), as minhas práticas letivas, que foram já, inclusivamente, premiadas no estrangeiro;
Confesso que nunca fui muito incisivo em levar os meus amigos próximos a refletir (e praticar) ações tão simples como "apanhar o papel do chão" e continuo a, nas suas esteiras, fazê-lo porque me incomoda o papel no chão;
Confesso que continuo a ficar fulo, quando o Benfica ganha, porque isso significa que uma parte importante dos portugueses se esquece, propositadamente, de que os problemas não se resolvem com comemorações no Marquês de Pombal;
Confesso também que me sinto indignado quando oiço alguém evocar o "Futebol, Fado e Fátima" sem ter noção do quão profundo (e eficaz!) esse conceito é;
Confesso não me ter posto à frente das pedras que agrediam um conjunto de seres humanos vestidos de polícias que cumpriam as regras que lhes disseram que deveriam defender...
Ou seja, todos os males do país são meus!
Eu arco com as consequências...
26 de abril de 2013
Porque não acredito na mudança da "Classe Docente"...
Antes de mais, é importante deixar claro, logo a abrir, três ideias fundamentais:
1. Sei que serei empalado por algumas das pessoas que lerem este meu comentário. Algumas deixarão de ser minhas "amigas". Outras nunca mais me falarão. Não me importo. Prefiro a honestidade e a amizade franca.
2. Uma das coisas que mais gosto no facto de ter 40 anos é que não me importo mesmo do que os outros "acham" sobre o que eu digo (ou escrevo!), pelo que, usando um dos direitos consagrados na Constituição da República (que até ver está em vigor), digo o que me apetece!
3. Por mais que possa não parecer, há muito tempo que venho a dizer (e escrever!) o que agora transcrevo. Talvez agora o faça de uma forma mais crua e nua. Talvez mais dolorosa de ler. Mas muito menos dolorosa de escrever.
Posto isto, sigamos...
Porque é que eu não acredito na classe docente...
Primeira razão: os docentes são são pessoas igual a toda as outras. Com medos, com incertezas, com dificuldades várias, com constrangimentos variados...
Segunda razão: ao contrário da maioria das pessoas, deixaram-se adormecer à sombra de uma "ideia romântica" sobre a sua função.
Desde há muito tempo que, de forma sustentada, a "classe docente" deixou de se preocupar com a efetiva função que se espera dela: educar e formar os cidadãos.
E porquê?
Porque deixou de acreditar que são os alunos (prefiro aprendentes!) a única razão da sua existência.
Assisto e sou também testemunha indireta, diariamente, de situações que me chocam enquanto profissional e me chocariam ainda mais se fosse encarregado de educação.
Desde o desprezo evidente pelo aluno/criança até à mais evidente indiferença perante o ser humano. Mas, mais grave ainda, é o completo desprezo pela função social do docente.
Uma Escola que deixou de respeitar o aluno, a sua comunidade de origem, os seus conhecimentos contextualizados e locais, uma Escola que funciona como um "centro de emprego" para pessoas com uma ideia aproximada do que deveria ser a "educação", uma Escola que prefere proteger-se a abrir-se à crítica e à cooperação é uma Escola morta.
E, desculpem-me a crueza, mas a maior parte deste esmorecimento do papel da Escola deve-se à "classe docente"...
Desde o docente que entra e sai da escola sem sequer um "Bom dia" dizer, até ao docente que se "esquece" de que o trabalho na escola deve ser "colaborativo";
Desde o docente que elege ou reconduz um Diretor a quem, ao longo dos anos da sua vigência, criticou e contestou (por vezes judicialmente!) em reuniões, encontros ou simples "conversas de café";
Desde o docente que, armado de uma "inquestionável" razão, se superioriza ao "recém-chegado", ao "estagiário" ou ao "colega mais novo", contribuindo, assim, para uma cultura de individualização do ato de educar;
Desde o docente que prefere "confiar"nos "sindicatos (que em Portugal são mais de 10!), para resolver aquelas que deveriam ser as suas razões;
Desde o docente que prefere trabalhar sozinho, em função de rankings e classificações, ou em função de um "programa" que serve de desculpa para alguma incompetência reflexiva, ignorando, por vezes, outras possibilidades que advenham da partilha efetiva;
Desde o docente que partilha, nas redes sociais, textos assertivos e concludentes de "pensadores" consagrados, mas, depois, na prática, ignora os "conselhos";
Desde o docente que, perante possibilidades, de certa forma arriscadas, porque inovadoras, de melhorar e aumentar as incidências da sua atividade, prefere "jogar pelo seguro",
Desde o docente que se abstém de ter uma posição oficial nos locais devidos e depois, com "palmadinhas nas costas", agradece a intervenção de um colega;
Desde o docente que desdenha o sucesso de um colega por imperativos egoístas e individuais, em vez de com ele partilhar o êxito;
Desde o colega que prefere a máxima "muitas vezes tenho uma opinião quando estou deitado e outra quando estou de pé", a outro que usa, sistematicamente, o aforismo" faz o que eu digo, não faças o que eu faço";
Pois bem...
Em vinte anos de atividade, conheci muitos destes "exemplos".
E, para aqueles que me dizem que apenas correspondem a uma minoria, respondo: "Que azar o meu: estive (e estou) em escolas onde eles estão todos!"
Por tudo o exposto, resta-me a pergunta: como é que se "monta" uma Escola útil quando a parte importante da equação (os docentes) se "esqueceu" das suas obrigações humanas, educativas, sociais e culturais? Como é que se operacionaliza uma educação integral quando aqueles que se batem (sendo bem avaliados, numa avaliação que não é auto-avaliação), com práticas distintivas, são penalizados e estigmatizados pelos seus pares?...
A mudança só acontecerá quando, de uma vez por todas, chegarmos a um consenso de mudança coletivo. E isso, parece-me, nunca irá acontecer, por mais que eu continue otimista.
Por tudo isto, não acredito na mudança. Apesar de, para já, querer continuar a contribuir para que alguma coisa mude.
E, preciso deixar ainda claro que não me desvinculo de ser docente e sou, por isso, membro da "classe"...
Mas não quero pertencer ao rebanho!
1. Sei que serei empalado por algumas das pessoas que lerem este meu comentário. Algumas deixarão de ser minhas "amigas". Outras nunca mais me falarão. Não me importo. Prefiro a honestidade e a amizade franca.
2. Uma das coisas que mais gosto no facto de ter 40 anos é que não me importo mesmo do que os outros "acham" sobre o que eu digo (ou escrevo!), pelo que, usando um dos direitos consagrados na Constituição da República (que até ver está em vigor), digo o que me apetece!
3. Por mais que possa não parecer, há muito tempo que venho a dizer (e escrever!) o que agora transcrevo. Talvez agora o faça de uma forma mais crua e nua. Talvez mais dolorosa de ler. Mas muito menos dolorosa de escrever.
Posto isto, sigamos...
Porque é que eu não acredito na classe docente...
Primeira razão: os docentes são são pessoas igual a toda as outras. Com medos, com incertezas, com dificuldades várias, com constrangimentos variados...
Segunda razão: ao contrário da maioria das pessoas, deixaram-se adormecer à sombra de uma "ideia romântica" sobre a sua função.
Desde há muito tempo que, de forma sustentada, a "classe docente" deixou de se preocupar com a efetiva função que se espera dela: educar e formar os cidadãos.
E porquê?
Porque deixou de acreditar que são os alunos (prefiro aprendentes!) a única razão da sua existência.
Assisto e sou também testemunha indireta, diariamente, de situações que me chocam enquanto profissional e me chocariam ainda mais se fosse encarregado de educação.
Desde o desprezo evidente pelo aluno/criança até à mais evidente indiferença perante o ser humano. Mas, mais grave ainda, é o completo desprezo pela função social do docente.
Uma Escola que deixou de respeitar o aluno, a sua comunidade de origem, os seus conhecimentos contextualizados e locais, uma Escola que funciona como um "centro de emprego" para pessoas com uma ideia aproximada do que deveria ser a "educação", uma Escola que prefere proteger-se a abrir-se à crítica e à cooperação é uma Escola morta.
E, desculpem-me a crueza, mas a maior parte deste esmorecimento do papel da Escola deve-se à "classe docente"...
Desde o docente que entra e sai da escola sem sequer um "Bom dia" dizer, até ao docente que se "esquece" de que o trabalho na escola deve ser "colaborativo";
Desde o docente que elege ou reconduz um Diretor a quem, ao longo dos anos da sua vigência, criticou e contestou (por vezes judicialmente!) em reuniões, encontros ou simples "conversas de café";
Desde o docente que, armado de uma "inquestionável" razão, se superioriza ao "recém-chegado", ao "estagiário" ou ao "colega mais novo", contribuindo, assim, para uma cultura de individualização do ato de educar;
Desde o docente que prefere "confiar"nos "sindicatos (que em Portugal são mais de 10!), para resolver aquelas que deveriam ser as suas razões;
Desde o docente que prefere trabalhar sozinho, em função de rankings e classificações, ou em função de um "programa" que serve de desculpa para alguma incompetência reflexiva, ignorando, por vezes, outras possibilidades que advenham da partilha efetiva;
Desde o docente que partilha, nas redes sociais, textos assertivos e concludentes de "pensadores" consagrados, mas, depois, na prática, ignora os "conselhos";
Desde o docente que, perante possibilidades, de certa forma arriscadas, porque inovadoras, de melhorar e aumentar as incidências da sua atividade, prefere "jogar pelo seguro",
Desde o docente que se abstém de ter uma posição oficial nos locais devidos e depois, com "palmadinhas nas costas", agradece a intervenção de um colega;
Desde o docente que desdenha o sucesso de um colega por imperativos egoístas e individuais, em vez de com ele partilhar o êxito;
Desde o colega que prefere a máxima "muitas vezes tenho uma opinião quando estou deitado e outra quando estou de pé", a outro que usa, sistematicamente, o aforismo" faz o que eu digo, não faças o que eu faço";
Pois bem...
Em vinte anos de atividade, conheci muitos destes "exemplos".
E, para aqueles que me dizem que apenas correspondem a uma minoria, respondo: "Que azar o meu: estive (e estou) em escolas onde eles estão todos!"
Por tudo o exposto, resta-me a pergunta: como é que se "monta" uma Escola útil quando a parte importante da equação (os docentes) se "esqueceu" das suas obrigações humanas, educativas, sociais e culturais? Como é que se operacionaliza uma educação integral quando aqueles que se batem (sendo bem avaliados, numa avaliação que não é auto-avaliação), com práticas distintivas, são penalizados e estigmatizados pelos seus pares?...
A mudança só acontecerá quando, de uma vez por todas, chegarmos a um consenso de mudança coletivo. E isso, parece-me, nunca irá acontecer, por mais que eu continue otimista.
Por tudo isto, não acredito na mudança. Apesar de, para já, querer continuar a contribuir para que alguma coisa mude.
E, preciso deixar ainda claro que não me desvinculo de ser docente e sou, por isso, membro da "classe"...
Mas não quero pertencer ao rebanho!
16 de abril de 2013
Porque me sinto culpado...
Ontem, em resposta a um comentário meu numa rede social, sobre um evento que, a toda a linha, é censurável, uma amiga "alertava-me" para o "negativismo" da minha "atitude de culpabilização" constante.
Na realidade, e quando fiz uma análise de comentários, de respostas a comentários, de análises que tenho feito nos últimos dois/três meses, é, de facto, evidente uma atitude de crítica e auto-crítica sobre muitas das atitudes/comportamentos/ações (ou inações!) que me guirarm nos últimos tempos.
Mas, na realidade, não estou sozinho.
Deter-me-ei, aqui e agora, a analisar alguns dos "comportamentos" que me fazem sentir culpado.
Não é minha ideia, com isso, atribuir culpas a quem quer que seja.
Mas ficará "escrito" para que possa, se necessário, servir de "contraponto"...
Não serei eu culpado por tanto desemprego?
Sou.
Sou, quando "ordeiramente", levanto o meu tabuleiro no centro comercial e deposito, com um um brio quase impossível, os restos nos recipientes adequados (se "pensar" bem, e seguir as "indicações" dos promotores de tal "comportamento", estarei a "poupar" no preço do bem que consumo, mas não estarei eu a pagá-lo quando contribuo para o "subsídio de desemprego" de quem deixei sem trabalho?)
Sou, quando, no supermercado, escolho, quase inconscientemente, a fruta pelo seu "aspeto claro e limpo" e deixo nos tabuleiros a fruta "tocada" e com menor dimensão (por "causa" dessa minha escolha, muitos produtores de fruta deixam o "remanescente" nas árvores porque é "financeiramente desadequado" contratar alguém para colher a fruta que "ninguém compra");
Sou quando compro umas calças de uma qualquer "marca internacional de reconhecida qualidade", preterindo umas outras de produção nacional, cuja etiqueta apresenta um nome que me é desconhecido (apesar de eu saber, lá no fundo, que, sobre "qualidade", estamos conversados...);
Sou, quando, de forma absolutamente normal, opto por me deslocar no meu automóvel, mesmo sabendo que os transportes públicos me fariam poupar dinheiro...
E não serei eu culpado da "falta de educação" que está tantas vezes presente no meu discurso diário!
Sou.
Sou, quando estaciono o meu automóvel no passeio porque "vou demorar uns minutinhos", e me esqueço de que, por estar em cima do passeio, pode impedir uma pessoa com qualquer tipo de dificuldade de "continuar a sua vida";
Sou, quando "por estar muito ocupado", me esqueço de dizer um "Bom Dia" vigoroso, ou me esqueço de "segurar a porta" para quem vem "mesmo atrás";
Sou, quando "me esqueço" de devolver o troco em excesso que me foi dado por uma funcionária distraída;
Sou, quando me esqueço de pedir desculpa...
E, numa perspectiva mais "global" não sou eu culpado da "Crise Social e Financeira"?
Sou.
Sou, porque preferi ir para a praia a ir votar;
Sou, quando acho que "não vale a pena reclamar" por um serviço mal prestado;
Sou, quando, numa reunião no trabalho,"meto a viola no saco" só para não "ter chatices"...
Sou, quando prefiro pagar ao meu mecânico sem exigir que ele me passe uma fatura...
Alguns dos que me possam vir a ler, neste comentário, acharão, legitimamente, que "estas culpas" não são "razões suficientes", nem eu "serei culpado de todos os males do mundo".
Haverá também quem diga que "eu faço o meu melhor".
Não discuto e nem sequer faço qualquer tipo de consideração sobre tal facto.
E, além do mais, eu próprio sei que "mudar" o estado das coisas é "absolutamente utópico".
Mas, que raio, não estará a mudança destinada a acontecer quando tomamos consciência de que podemos fazer melhor?
Não será a "consciência da culpa" que nos faz evoluir para algo diferente?
Neste texto "uso" apenas algumas "generalidades e generalizações", que, para a maior parte dos "leitores" (se houver alguns!) não passarão de banalidades discursivas, mas, uma coisa posso garantir: ao tomar consciência de algumas das minhas "atitudes normais", tenho optado por tentar mudar.
E só o faço porque delas tomei consciência.
Não vou mudar o mundo (pelo menos o dos outros!), mas tentarei, pelo menos, mudar o meu. E viverei feliz se, pelo menos, eu me sentir bem.
Sou profissional de educação, e, neste espaço, tenho "relatado" algumas situações que me afetam, direta ou indiretamente.
É claro que eu não sou "culpado" por uma bomba que rebentou em Boston...
Mas posso ser culpado por uma que rebente em Lisboa...
Na realidade, e quando fiz uma análise de comentários, de respostas a comentários, de análises que tenho feito nos últimos dois/três meses, é, de facto, evidente uma atitude de crítica e auto-crítica sobre muitas das atitudes/comportamentos/ações (ou inações!) que me guirarm nos últimos tempos.
Mas, na realidade, não estou sozinho.
Deter-me-ei, aqui e agora, a analisar alguns dos "comportamentos" que me fazem sentir culpado.
Não é minha ideia, com isso, atribuir culpas a quem quer que seja.
Mas ficará "escrito" para que possa, se necessário, servir de "contraponto"...
Não serei eu culpado por tanto desemprego?
Sou.
Sou, quando "ordeiramente", levanto o meu tabuleiro no centro comercial e deposito, com um um brio quase impossível, os restos nos recipientes adequados (se "pensar" bem, e seguir as "indicações" dos promotores de tal "comportamento", estarei a "poupar" no preço do bem que consumo, mas não estarei eu a pagá-lo quando contribuo para o "subsídio de desemprego" de quem deixei sem trabalho?)
Sou, quando, no supermercado, escolho, quase inconscientemente, a fruta pelo seu "aspeto claro e limpo" e deixo nos tabuleiros a fruta "tocada" e com menor dimensão (por "causa" dessa minha escolha, muitos produtores de fruta deixam o "remanescente" nas árvores porque é "financeiramente desadequado" contratar alguém para colher a fruta que "ninguém compra");
Sou quando compro umas calças de uma qualquer "marca internacional de reconhecida qualidade", preterindo umas outras de produção nacional, cuja etiqueta apresenta um nome que me é desconhecido (apesar de eu saber, lá no fundo, que, sobre "qualidade", estamos conversados...);
Sou, quando, de forma absolutamente normal, opto por me deslocar no meu automóvel, mesmo sabendo que os transportes públicos me fariam poupar dinheiro...
E não serei eu culpado da "falta de educação" que está tantas vezes presente no meu discurso diário!
Sou.
Sou, quando estaciono o meu automóvel no passeio porque "vou demorar uns minutinhos", e me esqueço de que, por estar em cima do passeio, pode impedir uma pessoa com qualquer tipo de dificuldade de "continuar a sua vida";
Sou, quando "por estar muito ocupado", me esqueço de dizer um "Bom Dia" vigoroso, ou me esqueço de "segurar a porta" para quem vem "mesmo atrás";
Sou, quando "me esqueço" de devolver o troco em excesso que me foi dado por uma funcionária distraída;
Sou, quando me esqueço de pedir desculpa...
E, numa perspectiva mais "global" não sou eu culpado da "Crise Social e Financeira"?
Sou.
Sou, porque preferi ir para a praia a ir votar;
Sou, quando acho que "não vale a pena reclamar" por um serviço mal prestado;
Sou, quando, numa reunião no trabalho,"meto a viola no saco" só para não "ter chatices"...
Sou, quando prefiro pagar ao meu mecânico sem exigir que ele me passe uma fatura...
Alguns dos que me possam vir a ler, neste comentário, acharão, legitimamente, que "estas culpas" não são "razões suficientes", nem eu "serei culpado de todos os males do mundo".
Haverá também quem diga que "eu faço o meu melhor".
Não discuto e nem sequer faço qualquer tipo de consideração sobre tal facto.
E, além do mais, eu próprio sei que "mudar" o estado das coisas é "absolutamente utópico".
Mas, que raio, não estará a mudança destinada a acontecer quando tomamos consciência de que podemos fazer melhor?
Não será a "consciência da culpa" que nos faz evoluir para algo diferente?
Neste texto "uso" apenas algumas "generalidades e generalizações", que, para a maior parte dos "leitores" (se houver alguns!) não passarão de banalidades discursivas, mas, uma coisa posso garantir: ao tomar consciência de algumas das minhas "atitudes normais", tenho optado por tentar mudar.
E só o faço porque delas tomei consciência.
Não vou mudar o mundo (pelo menos o dos outros!), mas tentarei, pelo menos, mudar o meu. E viverei feliz se, pelo menos, eu me sentir bem.
Sou profissional de educação, e, neste espaço, tenho "relatado" algumas situações que me afetam, direta ou indiretamente.
É claro que eu não sou "culpado" por uma bomba que rebentou em Boston...
Mas posso ser culpado por uma que rebente em Lisboa...
9 de março de 2013
Irritações
Quando me detenho a pensar naquilo que me faz tão "odiado" pelos meus pares, não encontro justificações sérias e credíveis do ponto de vista forma, profissional e até mesmo académico e curricular.
Mas é um facto de que sinto, na maior parte das vezes, e fora daquele que será, estou em crer, o "grupo de conforto", constituído por aqueles que me conhecem realmente, que me acompanham, com quem partilho (e que comigo partilham!) sensibilidades, formas de Ser e de Estar, um desconforto imenso por me sentir uma espécie de "alvo a abater".
Muitas razões haveria que, provavelmente, justificariam a forma como a maior parte dos meus colegas me vêem.
A "ameaça" que para eles represento, ao sugerir a reflexão, a ação refletida, a posição assumida.
Muitos exemplos haveria para clarificar a atitude.
Mas detenho-me, hoje, numa daquelas que me faz impressão (acima de todas as outras). A hipocrisia pedagógica.
Ontem recebi, na escola, um comercial de uma empresa de software para a infância.
Mostrava ele um conjunto de materiais que, teoricamente, se destinam às crianças e jovens do pré-escolar e do primeiro ciclo.
A ideia, segundo ele, seria que os docentes "promovessem", junto dos encarregados de educação e famílias as "possibilidades concedidas pelos materiais...".
De sublinhar que o referido comercial chegou à escola com "indicação" superior, ou seja, o órgão dirigente não só "autorizou" como "aconselhou" o material.
No decorrer da apresentação, ficou claro a fraca qualidade do material, a sua desadequação legal e pedagógica. A inconsistência e os erros pedagógicos apresentados.
Ao ter referido tal facto e ao me ter recusado a "promover" aquele material, logo fui "siderado" pelos colegas presentes.
Posteriormente fiquei a saber que teria sido o único a recusar tal desiderato (o de "promover" o referido material).
Fi-lo por princípio e por acreditar, sinceramente, que só com uma atitude de exigência constante podemos, enquanto nação, chegar a algum lado.
Nas mais pequenas coisas.
Mas parece que é isso que me "contestam": acreditar que a "culpa" é de todos nós, ao não fazermos, no nosso espaço individual, o que a nossa consciência nos diz que devemos fazer.
Não tenho "medo" de me opor a uma directiva superior se não acredito (consubstanciadamente!) nela.
E ficarei à espera de qualquer penalização que daí advenha: porque me baterei até ao fim naquilo em que acredito!
Mas não posso voltar a sentir-me como um médico que recebe um qualquer delegado de informação médica que lhe sugere, por "iniciativa" do dirigente superior, que o sumo de limão é o medicamento indicado para o cancro no cólon...
Não tenho interesse em ser "amado" por todos, mas gostava mesmo de não ter que estar sempre a sentir que sou um alvo a abateri.
E o que mais me irrita são as pessoas "nim"...
Mas é um facto de que sinto, na maior parte das vezes, e fora daquele que será, estou em crer, o "grupo de conforto", constituído por aqueles que me conhecem realmente, que me acompanham, com quem partilho (e que comigo partilham!) sensibilidades, formas de Ser e de Estar, um desconforto imenso por me sentir uma espécie de "alvo a abater".
Muitas razões haveria que, provavelmente, justificariam a forma como a maior parte dos meus colegas me vêem.
A "ameaça" que para eles represento, ao sugerir a reflexão, a ação refletida, a posição assumida.
Muitos exemplos haveria para clarificar a atitude.
Mas detenho-me, hoje, numa daquelas que me faz impressão (acima de todas as outras). A hipocrisia pedagógica.
Ontem recebi, na escola, um comercial de uma empresa de software para a infância.
Mostrava ele um conjunto de materiais que, teoricamente, se destinam às crianças e jovens do pré-escolar e do primeiro ciclo.
A ideia, segundo ele, seria que os docentes "promovessem", junto dos encarregados de educação e famílias as "possibilidades concedidas pelos materiais...".
De sublinhar que o referido comercial chegou à escola com "indicação" superior, ou seja, o órgão dirigente não só "autorizou" como "aconselhou" o material.
No decorrer da apresentação, ficou claro a fraca qualidade do material, a sua desadequação legal e pedagógica. A inconsistência e os erros pedagógicos apresentados.
Ao ter referido tal facto e ao me ter recusado a "promover" aquele material, logo fui "siderado" pelos colegas presentes.
Posteriormente fiquei a saber que teria sido o único a recusar tal desiderato (o de "promover" o referido material).
Fi-lo por princípio e por acreditar, sinceramente, que só com uma atitude de exigência constante podemos, enquanto nação, chegar a algum lado.
Nas mais pequenas coisas.
Mas parece que é isso que me "contestam": acreditar que a "culpa" é de todos nós, ao não fazermos, no nosso espaço individual, o que a nossa consciência nos diz que devemos fazer.
Não tenho "medo" de me opor a uma directiva superior se não acredito (consubstanciadamente!) nela.
E ficarei à espera de qualquer penalização que daí advenha: porque me baterei até ao fim naquilo em que acredito!
Mas não posso voltar a sentir-me como um médico que recebe um qualquer delegado de informação médica que lhe sugere, por "iniciativa" do dirigente superior, que o sumo de limão é o medicamento indicado para o cancro no cólon...
Não tenho interesse em ser "amado" por todos, mas gostava mesmo de não ter que estar sempre a sentir que sou um alvo a abateri.
E o que mais me irrita são as pessoas "nim"...
23 de janeiro de 2013
Subscrever:
Mensagens (Atom)