Quando me detenho a pensar naquilo que me faz tão "odiado" pelos meus pares, não encontro justificações sérias e credíveis do ponto de vista forma, profissional e até mesmo académico e curricular.
Mas é um facto de que sinto, na maior parte das vezes, e fora daquele que será, estou em crer, o "grupo de conforto", constituído por aqueles que me conhecem realmente, que me acompanham, com quem partilho (e que comigo partilham!) sensibilidades, formas de Ser e de Estar, um desconforto imenso por me sentir uma espécie de "alvo a abater".
Muitas razões haveria que, provavelmente, justificariam a forma como a maior parte dos meus colegas me vêem.
A "ameaça" que para eles represento, ao sugerir a reflexão, a ação refletida, a posição assumida.
Muitos exemplos haveria para clarificar a atitude.
Mas detenho-me, hoje, numa daquelas que me faz impressão (acima de todas as outras). A hipocrisia pedagógica.
Ontem recebi, na escola, um comercial de uma empresa de software para a infância.
Mostrava ele um conjunto de materiais que, teoricamente, se destinam às crianças e jovens do pré-escolar e do primeiro ciclo.
A ideia, segundo ele, seria que os docentes "promovessem", junto dos encarregados de educação e famílias as "possibilidades concedidas pelos materiais...".
De sublinhar que o referido comercial chegou à escola com "indicação" superior, ou seja, o órgão dirigente não só "autorizou" como "aconselhou" o material.
No decorrer da apresentação, ficou claro a fraca qualidade do material, a sua desadequação legal e pedagógica. A inconsistência e os erros pedagógicos apresentados.
Ao ter referido tal facto e ao me ter recusado a "promover" aquele material, logo fui "siderado" pelos colegas presentes.
Posteriormente fiquei a saber que teria sido o único a recusar tal desiderato (o de "promover" o referido material).
Fi-lo por princípio e por acreditar, sinceramente, que só com uma atitude de exigência constante podemos, enquanto nação, chegar a algum lado.
Nas mais pequenas coisas.
Mas parece que é isso que me "contestam": acreditar que a "culpa" é de todos nós, ao não fazermos, no nosso espaço individual, o que a nossa consciência nos diz que devemos fazer.
Não tenho "medo" de me opor a uma directiva superior se não acredito (consubstanciadamente!) nela.
E ficarei à espera de qualquer penalização que daí advenha: porque me baterei até ao fim naquilo em que acredito!
Mas não posso voltar a sentir-me como um médico que recebe um qualquer delegado de informação médica que lhe sugere, por "iniciativa" do dirigente superior, que o sumo de limão é o medicamento indicado para o cancro no cólon...
Não tenho interesse em ser "amado" por todos, mas gostava mesmo de não ter que estar sempre a sentir que sou um alvo a abateri.
E o que mais me irrita são as pessoas "nim"...
9 de março de 2013
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