Portugal no Fundo seria, sem dúvida, um óptimo título para um filme do Manoel de Oliveira.
Imaginem o script: Durante uma sequência (à la Manoel) de trinta anos, um bando de inúteis e incompetentes, a coberto de uma pseudo-recém democracia, ensaiavam uma espécie de tentativa ilustrada de "fazer um país". Durante esses anos, viviam atemorizando os crentes e ignorantes cidadãos do país de que o pior estaria para vir, e, dessa forma, passeavam a sua incompetência e estupidez natural em grandes carros, grandes festas e muito dinheiro.
Viviam da melhor forma possível, arranjavam fortunas para os amigos, amantes e outros parasitas e dessa forma mantinham e faziam perdurar o seu status quo, certos de que nunca seriam apeados dessa vidinha boa.
Por vezes surgiam uns "anormais" que, em voz alta e em bicos dos pés se punham a gritar que estavam a "arrasar o país", a "matar a galinha de ovos de ouro", a "hipotecar as hipóteses de subrevivência", a "matar toda uma geração", etc., etc., etc.
Umas Direcções-Gerais, uns Ministérios e umas Secretarias de Estado demoviam-nos e faziam aumentar o grupelho, que, dessa forma continuava a reinar.
Os outros, o Povo, estupidificado e calado, comia e não reclamava. Apertava o cinto e baixava as calças.
No final, a cena final, era como que uma espécie de Dejá Vu e slow motion, no qual surgia uma figura hemafrodita, de longas tranças e com ar fantasmagórico que dizia qualquer coisa como: "Estão secos até aos ossos. Agora, há que recomeçar. Talvez em África!"
Infelizmente, este será o nunca escrito capítulo final da História Feliz de Portugal. Versão Manoel de Oliveira.
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