Esta pergunta tem-me aflorado à ideia muitas mais vezes do que seria necessário ou até normal. Não há qualquer dúvida que a nossa Língua Portuguesa, venerada e amada por tantos e com tanta clarividência ao longo de mais de oitocentos anos de portugalidade tem vindo a ser cada vez mais depauperada e vilipendiada.
Não bastavam os cartazes (diários) a anunciar “Tripas á moda do Porto” ou “Moradia com exelentes acabamentos” com que somos confrontados no mais insuspeito e digno restaurante ou agência imobiliária, mas temos ainda de assistir, impávidos e serenos, aos gritantes (e onerosos, a meu ver) atropelos à Língua que é de todos nós (e por todos nós deveria ser acarinhada e sustentada, acrescento), nos canais generalistas da televisão portuguesa. Refiro-me, claro está, aos títulos que passam continuamente em “rodapé” e que, muito mais do que seria admissível, ou mesmo esperado, apresentam gralhas que, pela sua manutenção e persistência, se tornam erros grosseiros e “educativos”.
Esta última referência, sublinho-a em virtude da minha actividade profissional: sou educador de infância e assisto, com cada vez maior intensidade, à degeneração da língua portuguesa, falada e escrita.
Não só os alunos e famílias são transmissores/ampliadores dos erros e faltas, como é cada vez mais visível a quantidade de agentes com responsabilidades educativas e formativas (professores, formadores, jornalistas, políticos, etc.) que vão acentuando, e de certa forma, perpetuando o “mal escrever e mal falar” da Língua Portuguesa.
Dir-me-ão alguns que a língua está viva e em constante mudança, que todos os novos vocábulos, e os novos falantes, enriquecem, de forma exponencial a quarta língua mais falada no mundo; acedo que sim, e que me orgulho disso, mas não posso deixar de ficar incomodado quando ouço um “méstrádo”, um “lídéres” ou um simples “’tamos a proteger os nossos interesses do país...”, como nos brindou Pedro Santana Lopes em finais de Julho de 2005, sobre os incêndios que lavram no país.
Sinto-me por vezes triste e desiludido.
Não é, nem será esta, a última vez que refiro, de forma mais ou menos pública, esta cada vez mais grave mania que temos de desprezar o que é nosso e que nos distingue.
Fomos capazes de içar a bandeira e aprender o hino (apesar dos alguns desvios...) e o que nos motivou foi o futebol.
Seremos capazes de levantar mais alto a Língua que nos une sem necessitarmos de andar ao pontapé?
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