14 de maio de 2008

Caminhar para a Excelência.

Devo reconhecer que, tendo em conta que há algum tempo que não vinha aqui, um título como o que proponho poderá (deverá!) ser entendido como uma espécie de auto-imposição, quiçá uma auto-punição.
Mas é um facto que, se o procedimento a seguir for o do "Caminho da Excelência", então, cada um de nós tem o dever de se impor algumas "obrigações"...
Mas a questão da Excelência (que não é nova no meu discurso e pelo qual estou, continuamente a ouvir a chamada "boca foleira") é-me, mesmo, muito querida.
Quando verso a Excelência, claro está que estou, conscientemente, longe daquela ideia de perfeição, que é vulgarmente usada (e confundida) e que se aplica (ou aplicam) aos procedimentos. Ou seja, na minha ideia, quando discurso (ou reflicto) sobre Excelência, não estou, de forma alguma, a quantificar, a tentar observar, ou mesmo a avaliar os procedimentos de elaboração/execução de determinado espaço de intervenção e/ou acção das pessoas, dos profissionais, dos organismos...
Quando reflicto sobre este tema, o que me surge é, essencialmente, um espaço aglutinador, quase holístico, de "pensar", "fazer", "avaliar"...
No fundo, o que me propõe o conceito de "Excelência" é quase um fim determinístico, que nos deveria impelir para...
É como se existisse um fim a atingir, que fosse ele, só por si, de Excelência.
Quando releio este e alguns outros meus textos sobre esta temática, fico, quase sempre, com a ideia que este meu discurso é confuso e sem desenvolvimento, por isso, vou tentar clarificar o meu conceito de Excelência:
Moro numa zona recentemente urbanizada. No plano de urbanização inicial, constam, além de um jardim público, um conjunto de lagos com os devidos "efeitos" de água, qual fonte luminosa. Quando, há três anos, me mudei, estavam a iniciar o processo de "construção" dos ditos lagos. Hoje, três anos depois, estão dois (de seis) a semi-funcionar (faltam luzes, acertos com os reguladores de água, etc.).
Claro está, que ao longo destes anos, foram inúmeras as visitas de técnicos, engenheiros, agentes municipais, etc.
Claro está, também, que o espaço em questão, desde que ajardinado, é visita frequente de centenas de cidadãos à procura de um espaço de passeio e repouso (apesar das fontes!), fundamentalmente, aos fins de semana.
Ninguém nos (aos residentes) sabe dizer o porquê deste atraso (ou incapacidade), mas, e é aqui que entra a minha perspectiva de Excelência, o que esta situação revela é uma incapacidade de nós fazermos as coisas com um objectivo cumprível no tempo e no espaço.
As perguntas que se impõem são: não estava já planeado, previamente, a existência deste espaço? não estava já (em urbanização) orçamentado? não fazia parte do processo de promoção/venda da urbanização? não estará já (é quase certo!) pago?
Se as respostas a estas perguntas são (como acredito serem), positivas, então porque raio de razão não está já o lago concluído? porque raio de razão se fica, tanto tempo, até se completar algo que, não tem razão para demorar?
É nesta perspectiva que reflicto a Excelência.
Excelência é, no meu modesto entender, o fazer as coisas de forma a que o seu resultado seja mais do que o nível standard normalmente assumido. Excelência é procurar fazer mais e melhor do que o antes feito. É objectivar o realizável mas exigir que o efeito seja superior. É evoluir para um novo patamar sempre que o anterior esteja, devidamente, assumido.
E não me venham com conversas de "telhados de vidro". Essa conversa não é para aqui.
Todos nós temos os nossos defeitos, as nossas incoerências, os nossos desejos.
Mas, Excelência, neste sentido, é TODOS fazermos pelos outros o que gostaríamos que nos fizessem. É, nesse sentido, uma espécie de vontade colectiva, um inconsciente colectivo, que nos mobiliza para queremos mais e melhor. Mas, acima de tudo, que nos dê vontade de participar nesse processo!
Excelência é, por exemplo, assumir que o critério define o espaço normalizado de intervenção e que a excepção é devidamente enquadrada (e não o contrário!)
Mas, como já disse, esta coisas da Excelência não é assim tão complexa como isso. Basta pensar um bocadinho!

(vide, a este respeito, as irreflectidas discussões - entre docentes - sobre as questões de faltas "possíveis", os tais 95% de "presença", para os docentes poderem obter a avaliação de Excelente.
Será que não é óbvio? será que só eu é que tenho de ser prejudicado com as faltas dos "outros"?
A trabalhar há mais de dez anos como docente, tenho a minha ficha bibliográfica limpa, sem qualquer tipo de falta (justificada ou injustificada), e isso, para mim, não é motivo especial de orgulho. Apenas aceito que é o meu dever e obrigação. Mas gosto de saber que, se tiver de faltar por alguma razão, posso justificar-me, e não o contrário, ou seja, que "justifico" a minha possibilidade de faltar. Além do mais, se fosse eu o "patrão", não gostaria, de certeza, que os meus funcionários faltassem tanto...)

Sem comentários: