27 de maio de 2008

Futebóis...

E estamos de novo, como soi dizer-se, "na senda do Futebol!".
Pois eu acho que, esta "dinâmica" serve, e muito, os interesses do chamado 4º poder! E não é aquele que normalmente se designa, quando, como é hábito, se fala da "comunicação social". Ou seja, acaba por ser, pois a comunicação social, esta "comunicação social", é, no fundo, a parte vísivel do verdadeiro "Poder": o dos "decisores financeiros", dos "homens da finança", dos "ricos e poderosos"...
No fundo, do "poder" daqueles que, vivendo cada vez melhor (e este "vivendo" não se aplica apenas às boas condições financeiras, às grandes casas e carros, aos grandes luxos. Este "vivendo" é mesmo aquele que diz respeito à capacidade de iludir a lei que os outros fazem, à desresponsabilização de que gozam, à inimputabilidade no que concerne aos crimes ambientais, sociais e culturais que, comummente, provocam...) mais penalizam os "outros": aqueles que para eles "trabalham", sofrem e se consomem diariamente, sem sequer terem a oportunidade de, algum dia, serem felizes.
E este "crescimento" noticioso sobre os tais "futebóis", mais uma vez, serve para disfarçar, iludir e, literalmente, enganar, a grande maioria, ou seja, os "outros".
E nós, nas escolas, nos serviços, nas repartições, nos transportes, lá vamos sendo enrolados, e iludidos a acreditar que "desta vez é que é!".
Não nos interessa saber (ou se sabemos, fazemos de conta que não é nada connosco) se cada um dos jogadores que foi seleccionado vai receber cerca de 700€ (!) por dia, para "representar a selecção de Portugal", ou que, em "caso de vitória na final", recebam cerca de 170.000€ cada!
Isso não nos interessa. E interessa muito menos saber que os outros seleccionados (do rugby, da ginástica artística, do judo, etc.), que igualmente "representam Portugal", por vezes, pagam dos seu próprio bolso para "representar Portugal". E também que, por exemplo, os docentes que (como eu) são convidados para apresentar uma comunicação num congresso internacional sobre "Práticas de Qualidade em Educação" não só tenham de pagar parte do alojamento do seu bolso como tenham ainda enormes dificuldades para justificar a sua "falta ao trabalho"!
Também não nos incomoda "ver" uma hora de informação televisiva dedicada a uns sujeitos que se esforçam por falar em português, e que tiveram a sorte de gostar de jogar à bola, a passear os seus bólides de milhares de euros, as suas casas de milhões de euros e, ao mesmo tempo, a passearem-se por um "bairro de lata" e a dizer: "nem um campo de futebol nós tínhamos para jogar, e continua assim" e não serem capazes de o mandar construir.
Não que não tenham dinheiro para o mandar fazer, mas porque alguém lhes disse que é o Estado que deve fazer isso.
E não será porque o Estado deixa de fazer essas coisas (campos de futebol, ginásios, pistas de atletismo, etc.) porque "investiu" todo o seu dinheiro nas diárias e prémios de jogo de uns quantos "incríveis"?
É contra isto, contra estas coisas que nos devemos rebelar. Não contra um senhor chamado José, que até podia ser uma Senhora chamada Manuela.
Não. Isso não nos interessa nada. Também não nos interessa saber que a gasolina e o gasóleo, de que, infelizmente, somos dependentes, continue a subir desmesuradamente, estrangulando o pouco que ainda existe para estrangular, e as gasolineiras tenham a coragem de apresentar lucros recorde de 175 milhões de euros!!!
Nem nos interessa saber que o desemprego, apesar dos "malabarismos" e "contabilidades criativas" do Governo (e ainda se diz que a Matemática, em Portugal, é catastrófica!), continua a subir!
Não. O que nos interessa mesmo é desfraldar a bandeira (ou atá-la à janela), cantar o hino (que nem sabemos) e ficar "orgulhosos" do sucesso dos nossos "valentes incríveis"!
Depois, o que vier, virá. Nem que seja a fome, o desemprego e, em alguns casos, o suícidio.
Depois, logo se vê!

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