É inegável que a Internet e todas as redes sociais nela existentes são um espaço enorme de informação e conhecimento. Contudo, cabe-nos a nós (a cada um de nós!) "desmontar" as manobras de diversão, de desinformação e de manipulação que nela circulam e (intencionalmente ou não) proliferam.
Nestes últimos dias tenho recebido, por correio electrónico, inúmeras mensagens que, ou me reenviam um documento anexo, em forma de Diário da República, ou falam de um pretenso despacho ministerial que estipula "o fim do subsídio de férias".
Este pretenso despacho (ou melhor, a sua circulação incessante) faz-me pensar, mais uma vez, na forma como (não) lemos o que, realmente interessa ler.
Este (despacho) é mais uma daquelas provas que nos mostram o quanto somos manipuláveis e sôfregos em busca de "confirmações externas" dos nossos mais temidos receios.
Junto também, a esta reflexão, a já por mim muitas vezes referida, em "posts" anterirores, incapacidade de ler efectivamente, reflectir e agir conforme.
Relembro, por exemplo, que quando da publicação do Estatuto da Carreira Docente, do Despacho Regulamentar da Avaliação de Desempenho Docente ou, mais recentemente, do despacho de Organização do Ano Escolar, foram as muitas vozes que nos fizeram "contestar, reclamar e combater" textos que nunca foram lidos sequer por quem os recebeu.
Como exemplo, refiro aquele em que um Departamento inteiro (21 docentes!) "perdeu", literalmente, um mês a trabalhar intensamente em "fichas" de avaliação docente, "solicitadas" por um despacho que, no seu Art.º 20º, referia que "o Governo fará publicar, nos próximos 30 dias as fichas referidas no Artº 12º"... E isto apesar dos aviso de quem, efectivamente, leu o tal despacho...
Mas, voltando à ideia de "perda do subsídio de férias", quero deixar, antes de mais, duas "opiniões" fortes: a primeira é que, independentemente deste "despacho", o fim do subsídio de férias, tal como o conhecemos, é uma realidade a curto prazo e, segundo, que este tipo de "desinformação" potencia atitudes e comportamentos das "massas" que, invariavelmente, atingem os objectivos propostos por quem os "lança"...
Mas, sobre o tal "despacho":
1. Os despachos governativos têm uma numeração própria, constituída pelo número do despacho (linear) e pala data (ano) da sua publicação. atendendo que num ano civil, no máximo, os despachos emanados pelas estruturas ministeriais não excedem os dez mil, é difícil encontrarmos um despacho numerado com um número com mais de cinco dígitos, ora este tem 8. E, e, ainda por cima, na seguinte conjugação: 20110401. Se "desmontarmos este número ficamos com a data 2011/04/01, ou seja: primeiro de Abril.
De seguida, temos que este despacho, conjunto, discrimina o "pessoal docente e não docente". Se é um despacho conjunto (Cultura, Administração Interna, Educação e Finanças), deveria referir-se "agentes públicos" ou "funcionários públicos, de forma a abranger os agentes sob alçada dos signatários.
Por último (apesar de haver mais), o dito "despacho" é assinado por uma "Ministra da Educação e Cultura" Isabel Gabriela da Silva Ferreira Canavilhas. A minha pergunta é: em que Governo terá sido?
Será que todos estes "alertas" não fazem sentido? ou estamos todos tão condicionados?
Sei de notícias em que, em estruturas de gestão importantes, as chefias já andam a divulgar, como se de "Lei" se tratasse, esta brincadeira do Dia das Mentiras.
Estaremos assim tão "deprimidos"?
7 de abril de 2011
4 de abril de 2011
Como será "não querer saber"...?
Sou, muitas vezes, acusado de ser pessimista (ou melhor, de "valorizar" os aspectos negativos da "coisa"), e de estar, quase sempre, a "criticar" e a "dizer mal".
Infelizmente (mais para mim do que para a maioria das pessoas que conheço), este meu péssimo hábito, de estar sempre a "imaginar" que poderia ser melhor, se nos dedicássemos a isso, nasceu comigo.
E, devo escrevê-lo: não são poucas as vezes que os meus pares são "obrigados" a dar-me razão.
Na maior parte das vezes que "critico" e "digo mal", faço-o, porque não consigo entender (e juro que me esforço por conseguir) a atitude de "deixar andar" que, normalmente nos acomete quando estamos em tempo de "fazer algo".
E esta atitude é notória nas grandes e nas pequenas coisas. A expressão "fazer para quê?" é uma das expressões que mais me incomoda. Esta forma de "não fazer", que enerva e imobiliza é, na minha modesta opinião, um dos principais responsáveis pela dita "crise" que temos vindo a atravessar e que terá, ainda, efeitos ainda mais devastadores.
Expressões co-relacionadas ("votar para quê?", "falar para quê?", "ir porquê?"...) são a evidência de uma certa forma de demissão que impede que se cresça e que se melhore. E, em sequência, vem a tal questão da "Excelência", que já reflecti em textos anteriores...
Quando "falo" (nesse tão interessante "tom" crítico de que sou acusado), e digo, por exemplo, que, na profissão docente os que se inflamaram contra a ADD serão os maiores prejudicados (quer se queira, quer não se queira, algum critério terá de existir quando os cortes forem reais - na Irlanda foram 25000 funcionários despedidos sem apelo nem agravo quando o FMI chegou... e os critérios foram esses mesmos, os da avaliação -) e poucos acham que se "deve fazer" alguma coisa.
De forma normal e natural, continuam nessa sua atitude de "laisser faire, laissez passer..." que nos vai, literalmente "matar" a todos.
E, se sou crítico e "negativista", é porque não me sinto nem estúpido nem incompetente, e custa-me pagar pelos erros dos outros.
E como dizia, e não é que goste disso, na maior parte das críticas e "sugestões negativas", o tempo acaba por me dar razão.
Mas, independentemente dessa "razão" a posteriori, admito que não consigo mesmo compreender essa atitude de inacção tão típica que, por exemplo, leva que apenas um em três pessoas faça o que tem de fazer (a "bem" da produtividade!) durante um período mais ou menos prolongado. No entanto, findo esse período, quem sofre somos todos nós...
Deixo-vos agora com uma das minhas "críticas" que acabou de ser confirmada:
Infelizmente (mais para mim do que para a maioria das pessoas que conheço), este meu péssimo hábito, de estar sempre a "imaginar" que poderia ser melhor, se nos dedicássemos a isso, nasceu comigo.
E, devo escrevê-lo: não são poucas as vezes que os meus pares são "obrigados" a dar-me razão.
Na maior parte das vezes que "critico" e "digo mal", faço-o, porque não consigo entender (e juro que me esforço por conseguir) a atitude de "deixar andar" que, normalmente nos acomete quando estamos em tempo de "fazer algo".
E esta atitude é notória nas grandes e nas pequenas coisas. A expressão "fazer para quê?" é uma das expressões que mais me incomoda. Esta forma de "não fazer", que enerva e imobiliza é, na minha modesta opinião, um dos principais responsáveis pela dita "crise" que temos vindo a atravessar e que terá, ainda, efeitos ainda mais devastadores.
Expressões co-relacionadas ("votar para quê?", "falar para quê?", "ir porquê?"...) são a evidência de uma certa forma de demissão que impede que se cresça e que se melhore. E, em sequência, vem a tal questão da "Excelência", que já reflecti em textos anteriores...
Quando "falo" (nesse tão interessante "tom" crítico de que sou acusado), e digo, por exemplo, que, na profissão docente os que se inflamaram contra a ADD serão os maiores prejudicados (quer se queira, quer não se queira, algum critério terá de existir quando os cortes forem reais - na Irlanda foram 25000 funcionários despedidos sem apelo nem agravo quando o FMI chegou... e os critérios foram esses mesmos, os da avaliação -) e poucos acham que se "deve fazer" alguma coisa.
De forma normal e natural, continuam nessa sua atitude de "laisser faire, laissez passer..." que nos vai, literalmente "matar" a todos.
E, se sou crítico e "negativista", é porque não me sinto nem estúpido nem incompetente, e custa-me pagar pelos erros dos outros.
E como dizia, e não é que goste disso, na maior parte das críticas e "sugestões negativas", o tempo acaba por me dar razão.
Mas, independentemente dessa "razão" a posteriori, admito que não consigo mesmo compreender essa atitude de inacção tão típica que, por exemplo, leva que apenas um em três pessoas faça o que tem de fazer (a "bem" da produtividade!) durante um período mais ou menos prolongado. No entanto, findo esse período, quem sofre somos todos nós...
Deixo-vos agora com uma das minhas "críticas" que acabou de ser confirmada:
"O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, disse há pouco que a resposta à crise resultaria numa perda de rendimento em 30%. Acusaram-no de pessimista. Tudo indica que Krugman foi optimista. A perda de rendimento será muito maior. Só este ano, por efeito da inflação, da subida do IVA e dos cortes salariais foi superior a 10%. nada comprado com o que aí vem. O aumento do preço do dinheiro que o BCE vai aprovar esta semana e que será seguido por outras subidas até ao final de 2011 (estima-se que os juros passarão dos actuais 1% para 1,75% no Verão) vão provocar uma perda brutal do rendimento disponível de todos os professores que tiverem créditos à habitação."
Quem o disse foi o Álvaro Santos Pereira no ProfBlog...
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