7 de abril de 2011

Desinformação e manipulação....

É inegável que a Internet e todas as redes sociais nela existentes são um espaço enorme de informação e conhecimento. Contudo, cabe-nos a nós (a cada um de nós!) "desmontar" as manobras de diversão, de desinformação e de manipulação que nela circulam e (intencionalmente ou não) proliferam.
Nestes últimos dias tenho recebido, por correio electrónico, inúmeras mensagens que, ou me reenviam um documento anexo, em forma de Diário da República, ou falam de um pretenso despacho ministerial que estipula "o fim do subsídio de férias".
Este pretenso despacho (ou melhor, a sua circulação incessante) faz-me pensar, mais uma vez, na forma como (não) lemos o que, realmente interessa ler.
Este (despacho) é mais uma daquelas provas que nos mostram o quanto somos manipuláveis e sôfregos em busca de "confirmações externas" dos nossos mais temidos receios.
Junto também, a esta reflexão, a já por mim muitas vezes referida, em "posts" anterirores, incapacidade de ler efectivamente, reflectir e agir conforme.
Relembro, por exemplo, que quando da publicação do Estatuto da Carreira Docente, do Despacho Regulamentar da Avaliação de Desempenho Docente ou, mais recentemente, do despacho de Organização do Ano Escolar, foram as muitas vozes que nos fizeram "contestar, reclamar e combater" textos que nunca foram lidos sequer por quem os recebeu.
Como exemplo, refiro aquele em que um Departamento inteiro (21 docentes!) "perdeu", literalmente, um mês a trabalhar intensamente em "fichas" de avaliação docente, "solicitadas" por um despacho que, no seu Art.º 20º, referia que "o Governo fará publicar, nos próximos 30 dias as fichas referidas no Artº 12º"... E isto apesar dos aviso de quem, efectivamente, leu o tal despacho...
Mas, voltando à ideia de "perda do subsídio de férias", quero deixar, antes de mais, duas "opiniões" fortes: a primeira é que, independentemente deste "despacho", o fim do subsídio de férias, tal como o conhecemos, é uma realidade a curto prazo e, segundo, que este tipo de "desinformação" potencia atitudes e comportamentos das "massas" que, invariavelmente, atingem os objectivos propostos por quem os "lança"...
Mas, sobre o tal "despacho":
1. Os despachos governativos têm uma numeração própria, constituída pelo número do despacho (linear) e pala data (ano) da sua publicação. atendendo que num ano civil, no máximo, os despachos emanados pelas estruturas ministeriais não excedem os dez mil, é difícil encontrarmos um despacho numerado com um número com mais de cinco dígitos, ora este tem 8. E, e, ainda por cima, na seguinte conjugação: 20110401. Se "desmontarmos este número ficamos com a data 2011/04/01, ou seja: primeiro de Abril.
De seguida, temos que este despacho, conjunto, discrimina o "pessoal docente e não docente". Se é um despacho conjunto (Cultura, Administração Interna, Educação e Finanças), deveria referir-se "agentes públicos" ou "funcionários públicos, de forma a abranger os agentes sob alçada dos signatários.
Por último (apesar de haver mais), o dito "despacho" é assinado por uma "Ministra da Educação e Cultura" Isabel Gabriela da Silva Ferreira Canavilhas. A minha pergunta é: em que Governo terá sido?
Será que todos estes "alertas" não fazem sentido? ou estamos todos tão condicionados?
Sei de notícias em que, em estruturas de gestão importantes, as chefias já andam a divulgar, como se de "Lei" se tratasse, esta brincadeira do Dia das Mentiras.
Estaremos assim tão "deprimidos"?

1 comentário:

voo do tapete disse...

Ora aqui está uma prova cabal de como é importante continuarmos teimosa e incansavelmente a insistir em tudo quanto sejam actividades, iniciativas, projectos, parcerias e estratégias que cimentem competências de leitura e efectivas capacidades e familiaridades para ler (leia-se: descodificar, entender, apropriar-se da mensagem lida, interpretar, interrogar, aceitar, rejeitar...).
Parece que ainda não se lê grande coisa "por cá"...

Ana