Ontem, em resposta a um comentário meu numa rede social, sobre um evento que, a toda a linha, é censurável, uma amiga "alertava-me" para o "negativismo" da minha "atitude de culpabilização" constante.
Na realidade, e quando fiz uma análise de comentários, de respostas a comentários, de análises que tenho feito nos últimos dois/três meses, é, de facto, evidente uma atitude de crítica e auto-crítica sobre muitas das atitudes/comportamentos/ações (ou inações!) que me guirarm nos últimos tempos.
Mas, na realidade, não estou sozinho.
Deter-me-ei, aqui e agora, a analisar alguns dos "comportamentos" que me fazem sentir culpado.
Não é minha ideia, com isso, atribuir culpas a quem quer que seja.
Mas ficará "escrito" para que possa, se necessário, servir de "contraponto"...
Não serei eu culpado por tanto desemprego?
Sou.
Sou, quando "ordeiramente", levanto o meu tabuleiro no centro comercial e deposito, com um um brio quase impossível, os restos nos recipientes adequados (se "pensar" bem, e seguir as "indicações" dos promotores de tal "comportamento", estarei a "poupar" no preço do bem que consumo, mas não estarei eu a pagá-lo quando contribuo para o "subsídio de desemprego" de quem deixei sem trabalho?)
Sou, quando, no supermercado, escolho, quase inconscientemente, a fruta pelo seu "aspeto claro e limpo" e deixo nos tabuleiros a fruta "tocada" e com menor dimensão (por "causa" dessa minha escolha, muitos produtores de fruta deixam o "remanescente" nas árvores porque é "financeiramente desadequado" contratar alguém para colher a fruta que "ninguém compra");
Sou quando compro umas calças de uma qualquer "marca internacional de reconhecida qualidade", preterindo umas outras de produção nacional, cuja etiqueta apresenta um nome que me é desconhecido (apesar de eu saber, lá no fundo, que, sobre "qualidade", estamos conversados...);
Sou, quando, de forma absolutamente normal, opto por me deslocar no meu automóvel, mesmo sabendo que os transportes públicos me fariam poupar dinheiro...
E não serei eu culpado da "falta de educação" que está tantas vezes presente no meu discurso diário!
Sou.
Sou, quando estaciono o meu automóvel no passeio porque "vou demorar uns minutinhos", e me esqueço de que, por estar em cima do passeio, pode impedir uma pessoa com qualquer tipo de dificuldade de "continuar a sua vida";
Sou, quando "por estar muito ocupado", me esqueço de dizer um "Bom Dia" vigoroso, ou me esqueço de "segurar a porta" para quem vem "mesmo atrás";
Sou, quando "me esqueço" de devolver o troco em excesso que me foi dado por uma funcionária distraída;
Sou, quando me esqueço de pedir desculpa...
E, numa perspectiva mais "global" não sou eu culpado da "Crise Social e Financeira"?
Sou.
Sou, porque preferi ir para a praia a ir votar;
Sou, quando acho que "não vale a pena reclamar" por um serviço mal prestado;
Sou, quando, numa reunião no trabalho,"meto a viola no saco" só para não "ter chatices"...
Sou, quando prefiro pagar ao meu mecânico sem exigir que ele me passe uma fatura...
Alguns dos que me possam vir a ler, neste comentário, acharão, legitimamente, que "estas culpas" não são "razões suficientes", nem eu "serei culpado de todos os males do mundo".
Haverá também quem diga que "eu faço o meu melhor".
Não discuto e nem sequer faço qualquer tipo de consideração sobre tal facto.
E, além do mais, eu próprio sei que "mudar" o estado das coisas é "absolutamente utópico".
Mas, que raio, não estará a mudança destinada a acontecer quando tomamos consciência de que podemos fazer melhor?
Não será a "consciência da culpa" que nos faz evoluir para algo diferente?
Neste texto "uso" apenas algumas "generalidades e generalizações", que, para a maior parte dos "leitores" (se houver alguns!) não passarão de banalidades discursivas, mas, uma coisa posso garantir: ao tomar consciência de algumas das minhas "atitudes normais", tenho optado por tentar mudar.
E só o faço porque delas tomei consciência.
Não vou mudar o mundo (pelo menos o dos outros!), mas tentarei, pelo menos, mudar o meu. E viverei feliz se, pelo menos, eu me sentir bem.
Sou profissional de educação, e, neste espaço, tenho "relatado" algumas situações que me afetam, direta ou indiretamente.
É claro que eu não sou "culpado" por uma bomba que rebentou em Boston...
Mas posso ser culpado por uma que rebente em Lisboa...
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1 comentário:
Somos todos culpados do que não fazemos.
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