Chegado que estou ao processo de formulação escrita das minhas opiniões sobre os processos evolutivos dos meus alunos, deparo-me (e debato-me) com questões ético-morais-formais sobre o que compreende (ou deveria compreender) este processo de escrita (e oficialização) de opiniões.
Enquanto seres humanos, cidadãos e indivíduos integrantes de uma sociedade, com regras e com uma organização específica, avaliamos a cada momento, a cada segundo. Avaliamos se é possível atravessar a estrada, se é possível gastar este ou aquele montante, se temos de vestir roupa leve ou roupa de Inverno.
Avaliamos sobre os nossos comportamentos e atitudes, sobre os comportamentos e atitudes dos outros, sobre o que esperamos, sobre o que esperam de nós e as avaliações que mais nos “pesam” são aquelas das quais não temos de elaborar um relatório formal.
Mas elaborar um relatório formal é complexo e discriminatório, e, por vezes, o resultado de tão elaborado processo avaliativo é redundante e pouco significativo.
A elaboração de “relatórios de avaliação” pode ser (e eu acredito nisto) um espaço de partilha e de conceitualização emergente. Pode funcionar como um guia processual e, acima de tudo, é também uma forma de organizar a informação.
Mas, infelizmente, o resultado desse aturado processo é, não raras vezes, marginalizado, se não ignorado.
Desde sempre, talvez por sentir que me é fácil registar, por escrito, algumas das minhas convicções, elaboro relatórios e documentos de reflexão onde tento (proponho) esclarecer, informar e reflectir, de forma concreta e aturada, sobre dinâmicas, experiências, processos e resultados.
Não obstante, sei que este processo é muito mais introspectivo e endógeno do que efectivamente promotor de reflexões alargadas, de busca de consensos evolutivos e organizadores de novas e melhoradas práticas colectivas.
Também sei, que, não raras vezes, esses documentos e relatórios, que consomem tempo, disposição e vontade, são sabiamente “arrumados”, para evitar reflexões, acções e colapsos, e que, na maior parte das vezes, apenas são pedidos (exigidos) porque “sempre foi assim”.
É preciso que comecemos a pensar no que fazemos! Na escola e na vida é importante aprender. Mas será importante “ensinarmos” coisas que não se aprendem?
Ensinar e aprender, apesar de constantemente colados, são dois conceitos díspares e distantes. Nem tudo o que se ensina é objecto de efectiva aprendizagem.
E a Escola, na maior parte das vezes, esquece esta tão importante verdade.
E se é para pensar, deixo aqui uma reflexão simples sobre o que é, para mim, o espaço da avaliação:
Perguntava-me, há dias, um amigo meu: “Quando eras pequeno gostavas de Sopa de Caldo Verde?”. Tal como (acredito) uma grande parte de pessoas que conheço, a minha resposta foi: “Não!”. De seguida, acabámos a perguntar-nos porque é que continuamos a insistir, nos refeitórios, nas cantinas (e às vezes em casa) em “obrigar” as crianças a comer Sopa de Caldo Verde, com aqueles fios irritantes e com aquele aspecto horrível...?
Se é por causa da “riqueza” nutricional, era interessante pensar que há outras sopas igualmente ricas que não causam uma tão grande objecção por parte das crianças. E, se pretendermos uma efectiva avaliação (neste caso talvez mais pedagógica do que “nutricional”) é importante colocar este tipo de reflexão na frente dos temas e debates a fazer na (e pela) Escola. Ou como me perguntava uma outra amiga: alguma vez viste os Professores fazer uma greve por questões pedagógicas?
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