3 de novembro de 2007

Referendos...

Pois é.
Parece que nasceu o novo tabu. Este servirá para manter anestesiado o país até às épocas festivas do Natal. Ou talvez mais adiante.
Agora a questão "proibida" prende-se com o fazer (ou não) um Referendo ao Tratado de Lisboa (ou Reformador, ou Constitucional, ou lá o que é....)!
A pergunta que se tem colocado é: Será que o nosso Primeiro-Ministro cede ou não à sua própria promessa de vir a fazer um Referendo à integração europeia, tenha ela por forma um Tratado ou outra qualquer dinâmica de organização?
Esta é, quanto a mim, a falsa pergunta.
Por um lado, os anos que nós levamos já de integração europeia têm-nos mostrado que não será essa a questão principal. Neste momento, com todo o desenvolvimento (sustentado ou não) que a integração europeia nos permitiu, com a efectiva criação de riqueza (e não, não estou a falar de cada um de nós!), com o crescimento social, cultural, académico e mesmo económico, não faz sentido falarmos de referendar a integração europeia. Pura e simplesmente, não faz!
Se, por outro lado, o que se pretende é referendar o Tratado em si, há algumas questões que deverão ser equacionadas:
1. Será que nós, portugueses e europeus, conhecemos, em pormenor, o que está escrito neste Tratado?
2. Será que nós, portugueses e europeus sabemos o que, realmente, está escrito em outros Tratados que regulam a dimensão europeia?
3. Será que alguém, de entre nós, portugueses e europeus, se dará sequer ao trabalho de os ler e de reflectir nos efectivos efeitos da integração europeia? e, por último,
4. Será que, entre nós, portugueses e europeus, existe alguém que sinta que, com o seu voto num referendo, vai, efectivamente, mudar este estado de coisas?
Não me parece. Sinceramente que não!
Mas há, em relação a este possível referendo, algumas outras questões a reflectir:
Se os dois maiores partidos portugueses já mostraram o seu acordo face ao texto (afinal sempre houve alguns portugueses e europeus que o leram!) e se, sabendo nós, votarão a favor num hipotético referendo, porque será que se pretende gastar tanto dinheiro num acto que, tendo em conta a nossa história recente, será tão pouco participado?
Para quê mobilizar tantos recursos (materiais e humanos) na organização e execução de um referendo que tem, além do resultado final anunciado, um preço exorbitante e, além do mais, não definirá uma nova linha de intervenção europeia por parte dos líderes que elegemos?
Não tenho resposta para todas estas perguntas, mas por uma questão de consciência social, serei o primeiro a opor-me à realização de um referendo sobre o Tratado de Lisboa.
Não pela questão europeia em si, mas sim pelo alto preço (financeiro) que esse referendo terá.
Nem parece que andamos a apertar o cinto há tanto tempo...

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