12 de fevereiro de 2008

Que grande confusão...!

É mesmo uma grande confusão, a que vai na cabeça de muitas pessoas ligadas à Escola e à Educação!
Como acredito estar a acontecer um pouco por todo o lado, andamos todos (pelo menos os que estão ligados à educação) que nem baratas tontas à volta com critérios, instrumentos e relatórios e port-folios...
Mas que grande confusão!
A ajudar a confusão, os sindicatos, que, do alto da sua imensa "sabedoria", em vez de traduzir e operacionalizar, se limitam a complexificar e a intensificar o desnorte.
E pior ainda é que, em vez de nos dirigirmos a quem, de facto, nos pode ajudar, temos uma natural mania de achar que "nós é que sabemos".
Depois do triste episódio de "ver" os CPs a desenvolver Fichas de Avaliação (que, de resto, para quem leu com atenção o Artº 20º do Dec. Regulamentar 2/2008, estavam já definidas pelo ME) eis agora que surge a necessidade imperiosa de andar às voltas com a forma de apresentação das evidências do trabalho do docente...
Desculpem-me a ignorância, mas porquê definir o que está definido?
Desde sempre, que me lembre, me foram solicitados Relatórios de Análise Crítica, Projectos Curriculares de Turma, Planos Educativos Individuais, Planos Anuais de Actividades, envolvimento na elaboração de Projectos Educativos de Agrupamento, Planos de Recuperação, Relatórios da Avaliação Trimestrais e Anuais de Cumprimento do PCT e tudo o resto.
Desde sempre os fiz (e continuo a fazer!).
Porquê então darmo-nos ao trabalho de desenvolver novas formas (os tais Port-folios que apenas duplicam o trabalho anteriormente feito, ou, quanto muito, lhe dão uma organização comum*) para aquilo que sempre fizemos??!!
E porquê perder horas de reunião/reflexão a tentar encontrar um fio condutor para a sua organização/elaboração, quando os critérios de observação/avaliação estão já, tão claramente, definidos?
Será que ainda ninguém leu as Fichas de avaliação do ME?
O que interessa agora, e é neste ponto que me parece haver muita confusão, é criar os critérios e tipos de registo que deverão reduzir a subjectividade inerente aos tópicos definidos nas referidas Fichas.
Quando se refere que o Coordenador deve, por exemplo, observar a "Correcção científico‐pedagógica e didáctica da planificação das actividades educativas" (A.1 da Ficha de Avaliação Efectuada pelo Coordenador - Educação de Infância), o que me interessa a mim saber é como é que ele chegará ao sub-valor de A (0-4, em princípio), que contribuirá para a soma total (A+B+C+D) da avaliação.
Estas ponderações (se cada ponto deverá ser avaliado de 0 a 4, ou de 1 a 10, ou de 0 a 100) apesar de estarem dependentes do ME (como definido no ponto 2 do Artº 20º do acima citado Dec. Regulamentar), não impedem a possibilidade (ou a tentativa) de objectivação dos vários indicadores (itens) a "observar" pelo Coordenador para a questão A.1.
Por outras palavras, o que penso ser fundamental existir, neste momento, são os itens que permitam ao Coordenador (de entre documentos escritos, materiais produzidos, textos publicados, entrevistas, observações de aulas, etc.) atribuir um valor quantitativo!
Não podemos (eu pelo menos não posso e não quero!) ser avaliado apenas pela subjectividade e inferência da pessoa humana.
É importante definirmos que indicadores (ou itens) implicarão uma tomada de posição (ou, neste caso, valoração) por parte do Coordenador sobre, por exemplo, a tal "Correcção científico‐pedagógica e didáctica da planificação das actividades educativas".
Se planifica; se não planifica; quantas vezes; sobre que critérios; com base em que modelo(s), de forma legível e clara; de forma diversificada; de forma coerente...
Estes sim. Estes são alguns dos indicadores (itens) que me importa definir, pois se tivermos estes indicadores definidos, será muito mais objectiva a avaliação pelo Coordenador. Basta que ele observe a sua existência e que a quantifique (em grelhas que devemos também ser nós a definir!). Seja da observação da prática, seja da análise de documentos escritos ou da Ficha de Auto-Avaliação!
Será assim tão difícil compreender que é isto que temos de fazer, AGORA!!!???

* O que, de resto, me levanta algumas dúvidas, na medida em que o Port-folio, e tal como definido no Documento de Recomendações do CCAP (sobre instrumentos de registo normalizados), não é um instrumento de registo normalizado.

2 comentários:

Mª Leonor Albuquerque (S.Encarnada) disse...

Ora aí está, e bem escrito, o que eu também penso! Não há paciência que aguente, por vezes, tanta ignorância após horas de discussão!

Glicéria Gil disse...

Concordo com o teu posicionamento. Andam com a carroça à frente dos bois, e ainda por cima mal. Compete ao Conselho Pedagógico definir os indicadores de medida. Não é competência do docente, considerado individualmente, propor esses indicadores. É em função deles que o docente se posiciona e refere as medidas a que se propõe. O importante será o "jogo" que decorrerá entre avaliadores e avaliados. O resultado vai depender do modo como todo este processo decorrer. Tenho sérias dúvidas que a maioria seja capaz de jogar bem, mas...