13 de maio de 2024

A SORTE QUE CADA UM DE NÓS TEM. POR PODER DIZER AS PARVOÍCES QUE QUISER...

Este ano tem sido pródigo em "celebrações" associadas ao 25 de Abril. E ainda bem.
Mas é importante que não esqueçamos o que nos trouxe aqui.
O Nietzsche fala-nos do "Eterno Retorno" e, talvez por lermos pouco, muitos de nós nem sabe do que fala ele...
Não interessa dissecar aqui o conceito, mas, de forma rápida, o eterno retorno, que o filho de Röcken nos deixou, é uma espécie de "movimento circular e repetido de acontecimentos idênticos". Basicamente, e para os pouco leitores, dizia-nos ele que "a história se repetirá".
Nas últimas semanas tenho, também, acompanhado, na área onde me movo - a Educação" - um sem fim de "inovações" que parecem ter chegado agora, de um local longínquo do universo: dos conceitos de Aprender pelo Brincar, das "Escolas Naturais" ou na "Floresta", aos conceitos de antroposofia e da "Escola democrática", muitos têm sido as propostas (da formação às conferências, das publicações orgulhosas nas redes sociais aos programas de televisão...) que querem fazer parecer "novo" o que apenas se apresenta de "camisa lavada"...
Mas o que, na realidade, apoquenta, é que, por falta de leitura, de reflexão, de análise crítica, estas "novidades" se vão alastrando à imagem e modelo dos profetas dos tempos modernos.
E, da mesma forma que revisitamos Fröebel, Rosseau, Freire ou Agostinho da Silva (sem disso termos noção, porque nunca os lemos....), também acabamos por revisitar Gentille, Spann ou Karl Polanyi, acabando, inclusive, por defender as suas ideias...
O "não saber", o "não ler", o "não me interessa" têm razões reais, muitas delas fundadas não apenas "na escola que não faz aprender" (no centro da crítica mais comum), mas também na enorme quantidade de informação (e diversidade) disponível fácil e gratuitamente.
Mas compete-nos (e sobretudo competirá à Escola e aos seus atores!) analisar criticamente e, sobretudo, fazer desenvolver capacidades de análise crítica nos aprendentes (estejam eles em salas de aula ou fora delas).
E, por mais que achemos que não, a nossa ignorância sobre os assuntos não tem ajudado (e refiro "ignorância" sem qualquer tipo de avaliação pejorativa do "não saber"...).
Há uns anos, neste país calmo e caloroso, não podíamos dizer em voz alta o que nos queria sair da boca. Hoje dizemos em voz alta o que queremos e mesmo o que não sabemos. É uma das conquistas da Liberdade. E talvez das mais importantes.
Mas também é importante que saibamos que o que dizemos, e como diria Espinoza, é a verdade da realidade.
Saibamos fazê-lo. Queiramos fazê-lo!
Há cerca de três anos, eu e o Mário Henrique Gomes, reconhecendo a necessidade de revisitar a História e os autores, a (s) pedagogia(s) e as didáticas, embarcámos num projeto que nos tem sido fantástico: falamos, a cada 15 dias, sobre alguns destes homens e mulheres que nos abriram as portas e pensaram - e escreveram - sobre o que fazemos e, sobretudo, como podemos fazer melhor.
Na realidade, a ideia, que também contou com a participação indireta da Ofélia Libório , é apenas uma forma de "relembrar" o que a Humanidade já sabe. E como podemos nós, contrariando de alguma forma a "sina" negativa do "Eterno Retorno", não cair nos mesmos erros.
O "15 min e um café" é um podcast/videocast que reúne algumas das conversas mais deliciosas que tive. Domingos Fernandes, José Pacheco - Comunidades de Aprendizagem, David Rodrigues, João Costa, Mário Sérgio Cortella deram-nos a honra de conversar connosco. Mas muitos mais o fizeram. E nós só nos podemos sentir agradecidos.
E neste último, trazemos para cima da mesa o que nos trouxe o 25 de abril e que às vezes fazemos questão de ignorar. Talvez valha a pena ver. Para poder discordar.
(podem, aqui, revisitar os 60 episódios gravados: https://sites.google.com/aea.../comunicarte/identidade/15min
)

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