Eu sei (já ouço isso há tanto tempo!) que tenho de "dar tempo ao tempo", que tenho de "arrefecer", que tenho de "ser maior do que...", eu sei tudo isso. Mas também sei que este desgaste constante me deixa saturado e que me tira o tempo de atenção e dedicação que quero entregar àqueles que o merecem.
Por vezes, tenho uma réstia de esperança que os nossos pares entendam a seriedade que é a educação de infância. Eu nunca frequentei um Jardim-de-infância (a minha mãe tratou disso, ao ter quatro filhos!) mas sei, por experiência própria, que aquilo que sou, aquilo que procuro ser, é resultado directo desses magníficos anos de experimentação, de descoberta, de liberdade, de prazer...
A educação de infância é uma coisa séria. Tão séria que não a concebo numa perspectiva de "trabalho".
Avaliar, devolver o nosso trabalho à prática é, para mim, uma questão de honra.
E quando compreendo que estou no caminho errado, sou o primeiro a querer mudar.
Mas quando tenho indicações, que normalmente me chegam através de incentivos vários, dos alunos, de colegas, de familiares de alunos e até mesmo dos amigos e dos meus familiares, sinto-me bem, e sinto que estou no bom caminho daquilo que defini como objectivo de vida.
Mas também sou o primeiro a sentir-me vencido quando "a má moeda afasta a boa moeda" (para parafrasear o nosso Presidente da República) e não há muito a fazer.
Sei bem que algumas das reflexões, ideias e práticas do meu “background profissional” assustam e levam a que algumas pessoas "cerrem fileiras" e que, tenham uma posição pesada de negação da realidade.
Custa-me isso, principalmente porque compreendo que a minha atitude muito contribuirá para esse “fechar da concha”.
Mas apesar de saber que essa minha atitude, por vezes de confronto, é causadora de mal-estar, por vezes de inveja e, quase sempre de despeito, acabo por não estar preparado para o pior, pois tenho uma constante vontade de que essa atitude sirva para ajudar e melhorar, e não para complicar.
E o pior são sempre os tempos de “confusão” que vêm com essa complicação. De trocas azedas de ideias, de desconfianças, de terrorismo intelectual.
Essa vida consome-me. Esgota-me.
É consciente da minha parte que no modelo de educação de infância que escolhi, a participação e a acção das famílias é fundamental, que sou um modelo constante de acção, que o empreendorismo, a correcta atitude cívica e o desenvolvimento integral da criança passa por uma atitude reflexiva, cuidada e envolvida do adulto e do educador.
E, acima de tudo, que este saiba ver, em cada criança, um potencial livre pensador e não como um carneiro de um enorme rebanho. Pintar, desenhar, escrever, falar ou criar não é, não deve ser, uma obrigação com hora marcada, mas um prazer, uma honra e, acima de tudo, um orgulho.
Mas, infelizmente, quando olho à volta, sinto que não é assim.
Preciso constantemente de um confronto útil e livre, onde todas as ideias são aproveitadas. Infelizmente, há grupos profissionais que têm medo desse confronto. Não me compete saber porquê, nem de que têm medo.
Mas pelo menos, deveriam conseguir reflecti-lo.
Em nome da Qualidade. De toda a Qualidade!
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3 comentários:
em primiro lugar parabéns pelo blog,foi a primeira vez que li e parece-me um bom espaço de reflexão. por muitos blogs que encontre, nenhum vai ao encontro daquilo de que realmente necessitamos, ou seja, falar sobre coisas sérias, digo, sentimentos, angústias, estratégias, formas de melhorar, de aprender, de partilhar, enfim, tudo!!!digo sempre que de estelas, flores, papeis, forminhas, , actividades, estamos fartos, afinal, basta irmos ao hiper mais próximo e comprar uma revista disso,até já se fazem colecções interessantissimas!
falta-nos falar do que realmente é importante, algumas das coisas que já referi acima...
uma das minhas angustias que mais me fatiga é a questão de que porque é que por vezes nos sentimos um extraterrestre numa qualquer instituição cheia de antigas doses de senso comum...
mas, não um alien qualquer, mesmo um daqueles com uma luzinha verde na cabeça...
e depois, é o mesmo que ir pregar para um deserto... fala, fala, fala para ai!
obrigada pelo espaço de partilha, espero que continue
obrigada sincero de uma educadora de infância em fase de não acomodação!!
em primiro lugar parabéns pelo blog,foi a primeira vez que li e parece-me um bom espaço de reflexão. por muitos blogs que encontre, nenhum vai ao encontro daquilo de que realmente necessitamos, ou seja, falar sobre coisas sérias, digo, sentimentos, angústias, estratégias, formas de melhorar, de aprender, de partilhar, enfim, tudo!!!digo sempre que de estelas, flores, papeis, forminhas, , actividades, estamos fartos, afinal, basta irmos ao hiper mais próximo e comprar uma revista disso,até já se fazem colecções interessantissimas!
falta-nos falar do que realmente é importante, algumas das coisas que já referi acima...
uma das minhas angustias que mais me fatiga é a questão de que porque é que por vezes nos sentimos um extraterrestre numa qualquer instituição cheia de antigas doses de senso comum...
mas, não um alien qualquer, mesmo um daqueles com uma luzinha verde na cabeça...
e depois, é o mesmo que ir pregar para um deserto... fala, fala, fala para ai!
obrigada pelo espaço de partilha, espero que continue
obrigada sincero de uma educadora de infância em fase de não acomodação!!
Ola Henrique,
Como já o conheço um pouco, compreendo a sua "revolta" e indignaçao em relaçao ao sistema e a tudo aquilo q refere, principalmente por conhecer pessoalmente o seu trabalho como educador e poder sem qq duvida que é um trabalho fantastico e muito enriquecedor para as crianças que tem a sorte de o ter como educador e amigo.
Continue assim, pq um dia as outras pessoas vao perceber q estavam erradas e é mm necessario mudar o sistema de ensino e que acima de tudo a brincar aprendemos mais e melhor.
Lucia
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