É o que nos dão as reflexões partilhadas.
Por vezes, na mais insignificante (aparentemente) troca de palavras, escondem-se tesouros fascinantes do pensamento.
Há dias, numa conversa informal com uma colega, durante a hora do almoço, interrogávamo-nos sobre o porquê da cada vez mais baixa cultura dos portugueses.
Não nos estávamos a referir à Cultura num espaço do "ambiente cultural (arte, música, expressão, etc.)" mas sim às formas de interpretação do conhecimento, da análise e da acção humana.
Falávamos de cultura do saber, do saber-fazer, do interrogar, dos escolher técnicas e tecnologias adequadas à vida e à sobrevivência humana.
Neste "saco" estavam também as nossas reflexões pessoais sobre o fundamental da evolução humana. Para onde queremos nós ir? De que forma? Porquê?...
Como de resto sempre acontece nestas conversas, "perdemo-nos" em reflexões e efabulações, em opiniões e sugestões, em afirmações e constatações...
Mas destas todas, houve uma frase da Ana que me ficou a matutar na cabeça.
"As crianças seguem sempre o Conhecimento. Somos nós que as desencaminhamos!".
Se não foi assim, ipsis verbis, o significado pretendido era este.
Não no momento, como será quase lógico, mas após a maturação da ideia, eis que me vejo a atribuir um significado especial às palavras da Ana.
Efectivamente, as crianças seguem o Conhecimento.
As crianças identificam-se, naturalmente, com os seus líderes (professores, colegas, familiares, etc.) e, de entre estes, é quase certo que o fazem por confiar neles como seus guias para o Conhecimento. Não será por interesse determinado, também não o é por influência, decerto não será por manipulação...
Seguem-nos por confiar que "ficarão a saber".
É ainda mais notório que esta identificação surge espontânea e naturalmente desde muito cedo na infância.
As crianças identificam-se com quem sabe. Não escrevo sobre "saber" formal e formalizado, escolar e académico, tradicional e social. Refiro Saber como um espaço de aprendizagem para o conhecimento, para a acção, para a inclusão.
Esta identificação é demasiado visível (se quisermos vê-la!), mas, por alguma razão, a Escola não a aproveita.
Indo até um pouco mais fundo, há, demasiadas vezes, pouca identificação das crianças com os agentes da Escola, ou mesmo com a Escola...
Porque será?
Não será tempo de a Escola se tornar um líder natural, por, inconscientemente, Saber para Ser?
Que escola queremos nós para os nosso filhos e educandos: uma que lhes dê as ferramentas que necessitam para SER, ou apenas uma que as obrigue a fazer?
Voltarei ao tema.
P.S. Obrigado Ana pela "campainha" que accionaste.
27 de outubro de 2007
21 de outubro de 2007
Ainda do mesmo...
Já aqui escrevi, por várias ocasiões, sobre a expectativa de ser Professor.
Mais do que sobre a expectativa, tenho reflectido, e por vezes não intencionalmente, sobre o espaço pessoal e profissional associado à vontade de seguir uma profissão que, ao longo dos anos, tem vindo a ser, ora elevada ao seu máximo esplendor, ora rebaixada à sua maior insignificância.
Não posso (não podemos!) esquecer que esta actividade profissional tem sido, ao longo da história, a actividade que mais desperta emoções, seja pelo seu centralismo social, seja pela sua significância ou seja ainda pela sua falta.
Atrevo-me, hoje, a escrever que estas variações estão directamente ligadas ao facto de a Educação, e, por conseguinte, os agentes educativos, serem dos mais "vigiados" espaços de interacção social e comunitária.
Os professores, os agentes educativos, a Escola como um todo, são, constantemente, a razão, a causa e a consequência da evolução social.
Bastar-nos-ia "ler", com alguma atenção, a história da educação, e ficaríamos a saber que as chamadas "Grandes Civilizações" foram-no porque apostaram sempre no seu sistema educativo.
A escrita, para o chineses, a matemática para a Mesoptâmia e todo o explendor do Médio Oriente, ou, mais recentemente, as universidades para a Alemanha pré-conflito mundial, são só alguns (poucos) exemplos de como a Educação serviu (e serve) o desenvolvimento e evolução da humanidade.
Nem sequer é necessário aprofundar a dinâmica causa/efeito nestes exemplos. Haverá muitos mais exemplos (Antiguidade Grega, Esparta, etc., etc.) que poderiam demonstrar a dependência da evolução social daquilo que se convencionou chamar o Sistema Educativo.
E é sobre esse Sistema Educativo que se tem falado por cá.
Infelizmente, desde há muito tempo.
Infelizmente porque se tem falado, mas não se tem decidido muito. Para onde queremos, realmente, ir?
Voltando à questão inicial, a das expectativas, pergunto-me: Quais são as nossas expectativas em relação a este modelo sistémico que nos vendem constantemente? O que pretende? Como defini-lo? Como avaliá-lo?
Estas perguntas, que, de forma mais ou menos cíclica me atormentam, tiveram recentemente um maior impacto pela leitura de alguns comentários (dos sindicatos) sobre a Prova de Acesso à profissão, plasmada no Estatuto da Carreira Docente, recentemente aprovado.
Diziam estes que, entre outras coisas, é "injusto e desadequado" que os noveis professores tenham de "provar" (sic) as suas competências após o término de um curso superior, que, "teoricamente" os prepara para a profissão que escolheram.
Ora, para mim, essa é que é a questão: apenas os (nos) prepara "teoricamente".
Não podemos (nem devemos) deixar apenas nas mãos das Universidades a definição de competências específicas de interesse colectivo. E não podemos fazê-lo porque as universidades (infelizmente) ainda não nos provaram que são entidades sérias e socialmente responsáveis. Senão, vejamos: Porque continuam a organizar cursos e mais cursos cujas saídas profissionais estão, declaradamente, na bancarrota? Porque não seleccionam professores competentes em vez de apenas distribuirem lugares por "conhecidos"? Porque não promovem, de forma séria e complementar, actividades de interesse social, entre as quais uma efectiva aproximação à sociedade? Porque não se posicionam para serem, realmente, pólos de investigação científica de excelência (dir-me-ão que há pólos de excelência em Portugal, mas eu pergunto: e se os compararmos com os das universidades espanholas? quantas universidades portuguesas se encontram no Top100 europeu?)...
Por tudo isto (e até porque o Estado Português, do qual somos todos contribuintes, é actualmente, o maior empregador na Educação), sinto, sinceramente, que a Prova de Acesso à profissão é "um mal menor e necessário". É já tempo de sermos, profissionalmente, o que queremos ser e não apenas o que nos "deixam ser".
Há que exigir e potenciar a exigência.
Mas claro, isso implica que participemos, que nos envolvamos e que nos façamos respeitar.
E, isso tudo, quotidianamente!
Mais do que sobre a expectativa, tenho reflectido, e por vezes não intencionalmente, sobre o espaço pessoal e profissional associado à vontade de seguir uma profissão que, ao longo dos anos, tem vindo a ser, ora elevada ao seu máximo esplendor, ora rebaixada à sua maior insignificância.
Não posso (não podemos!) esquecer que esta actividade profissional tem sido, ao longo da história, a actividade que mais desperta emoções, seja pelo seu centralismo social, seja pela sua significância ou seja ainda pela sua falta.
Atrevo-me, hoje, a escrever que estas variações estão directamente ligadas ao facto de a Educação, e, por conseguinte, os agentes educativos, serem dos mais "vigiados" espaços de interacção social e comunitária.
Os professores, os agentes educativos, a Escola como um todo, são, constantemente, a razão, a causa e a consequência da evolução social.
Bastar-nos-ia "ler", com alguma atenção, a história da educação, e ficaríamos a saber que as chamadas "Grandes Civilizações" foram-no porque apostaram sempre no seu sistema educativo.
A escrita, para o chineses, a matemática para a Mesoptâmia e todo o explendor do Médio Oriente, ou, mais recentemente, as universidades para a Alemanha pré-conflito mundial, são só alguns (poucos) exemplos de como a Educação serviu (e serve) o desenvolvimento e evolução da humanidade.
Nem sequer é necessário aprofundar a dinâmica causa/efeito nestes exemplos. Haverá muitos mais exemplos (Antiguidade Grega, Esparta, etc., etc.) que poderiam demonstrar a dependência da evolução social daquilo que se convencionou chamar o Sistema Educativo.
E é sobre esse Sistema Educativo que se tem falado por cá.
Infelizmente, desde há muito tempo.
Infelizmente porque se tem falado, mas não se tem decidido muito. Para onde queremos, realmente, ir?
Voltando à questão inicial, a das expectativas, pergunto-me: Quais são as nossas expectativas em relação a este modelo sistémico que nos vendem constantemente? O que pretende? Como defini-lo? Como avaliá-lo?
Estas perguntas, que, de forma mais ou menos cíclica me atormentam, tiveram recentemente um maior impacto pela leitura de alguns comentários (dos sindicatos) sobre a Prova de Acesso à profissão, plasmada no Estatuto da Carreira Docente, recentemente aprovado.
Diziam estes que, entre outras coisas, é "injusto e desadequado" que os noveis professores tenham de "provar" (sic) as suas competências após o término de um curso superior, que, "teoricamente" os prepara para a profissão que escolheram.
Ora, para mim, essa é que é a questão: apenas os (nos) prepara "teoricamente".
Não podemos (nem devemos) deixar apenas nas mãos das Universidades a definição de competências específicas de interesse colectivo. E não podemos fazê-lo porque as universidades (infelizmente) ainda não nos provaram que são entidades sérias e socialmente responsáveis. Senão, vejamos: Porque continuam a organizar cursos e mais cursos cujas saídas profissionais estão, declaradamente, na bancarrota? Porque não seleccionam professores competentes em vez de apenas distribuirem lugares por "conhecidos"? Porque não promovem, de forma séria e complementar, actividades de interesse social, entre as quais uma efectiva aproximação à sociedade? Porque não se posicionam para serem, realmente, pólos de investigação científica de excelência (dir-me-ão que há pólos de excelência em Portugal, mas eu pergunto: e se os compararmos com os das universidades espanholas? quantas universidades portuguesas se encontram no Top100 europeu?)...
Por tudo isto (e até porque o Estado Português, do qual somos todos contribuintes, é actualmente, o maior empregador na Educação), sinto, sinceramente, que a Prova de Acesso à profissão é "um mal menor e necessário". É já tempo de sermos, profissionalmente, o que queremos ser e não apenas o que nos "deixam ser".
Há que exigir e potenciar a exigência.
Mas claro, isso implica que participemos, que nos envolvamos e que nos façamos respeitar.
E, isso tudo, quotidianamente!
12 de outubro de 2007
O Menino que não cresceu (uma despedida em jeito de homenagem)
"Era uma vez a "Branca de Neve"...
Era uma vez "Os três porquinhos"...
Era uma vez "O Capuchinho Vermelho"...
De entre muitas histórias ouvidas, ressalta-me uma à cabeça. Nunca antes contada.
Era uma vez um menino que não cresceu!
Quer dizer, cresceu de tamanho, mas o seu coração e a sua forma de ver as coisas é tal e qual uma criança. O seu Mundo é de muitas cores e o seu sorriso e compreensão encantam todas as crianças.
O menino gosta de brincar e acredita que, mesmo sendo adulto, é possível ser pequenino. Fazer de cada dia um Arco-Íris.
Um Arco-Íris em que cada cor é sentimento e emoção.
Uma para a alegria, outra para a brincadeira, outra para a compreensão, outra para a trapalhada, outra para o respeito, outra para a partilha, outra para a paz, outra para o espírito de camaradagem...
Enfim, este menino acredita mesmo num Mundo melhor. Num Mundo de igualdade em que todos devemos acreditar nos outros.
E faz com que cada dia tenha o seu Arco-Íris presente. Para ele e para os que o rodeiam.
Na verdade, o seu coração é pequenino. Porque bate como o de uma criança, buscando energias positivas e partilhando-as com os outros.
Mas, por outro lado, o seu coração é enorme. Enorme porque nele cabem todas as crianças, todos os meninos e meninas que têm a sorte de o conhecer.
Acreditem que ele existe.
E será muito bom que, na nossa caminhada, possamos conhecer um menino que não cresceu!"
Agora, da minha responsabilidade: um enorme OBRIGADO para a Teresa, para a Rita e para a Rosa!
Não são só os meninos que não crescem que valem a pena, são todos aqueles que os ajudam a não crescer!
Era uma vez "Os três porquinhos"...
Era uma vez "O Capuchinho Vermelho"...
De entre muitas histórias ouvidas, ressalta-me uma à cabeça. Nunca antes contada.
Era uma vez um menino que não cresceu!
Quer dizer, cresceu de tamanho, mas o seu coração e a sua forma de ver as coisas é tal e qual uma criança. O seu Mundo é de muitas cores e o seu sorriso e compreensão encantam todas as crianças.
O menino gosta de brincar e acredita que, mesmo sendo adulto, é possível ser pequenino. Fazer de cada dia um Arco-Íris.
Um Arco-Íris em que cada cor é sentimento e emoção.
Uma para a alegria, outra para a brincadeira, outra para a compreensão, outra para a trapalhada, outra para o respeito, outra para a partilha, outra para a paz, outra para o espírito de camaradagem...
Enfim, este menino acredita mesmo num Mundo melhor. Num Mundo de igualdade em que todos devemos acreditar nos outros.
E faz com que cada dia tenha o seu Arco-Íris presente. Para ele e para os que o rodeiam.
Na verdade, o seu coração é pequenino. Porque bate como o de uma criança, buscando energias positivas e partilhando-as com os outros.
Mas, por outro lado, o seu coração é enorme. Enorme porque nele cabem todas as crianças, todos os meninos e meninas que têm a sorte de o conhecer.
Acreditem que ele existe.
E será muito bom que, na nossa caminhada, possamos conhecer um menino que não cresceu!"
Agora, da minha responsabilidade: um enorme OBRIGADO para a Teresa, para a Rita e para a Rosa!
Não são só os meninos que não crescem que valem a pena, são todos aqueles que os ajudam a não crescer!
Sobre a Burocracia....
A quem possa interessar:
Ontem, 36 dias após o pedido ter sido formulado, recebi, do Estado, informação referente à "necessidade" de evitar fazer cerca de 200Km diários para ir trabalhar.
A resposta foi positiva.
Apenas uma informação secundária: durante estes dias, o total das despesas de deslocação e transporte (26 dias úteis) foi de 518.4€ (exclui todas as outras despesas que faria em qualquer outro local - alimentação, parqueamento, etc.).
Não deveria ser possível pedir o reembolso deste valor?
Fica a pergunta.
Ontem, 36 dias após o pedido ter sido formulado, recebi, do Estado, informação referente à "necessidade" de evitar fazer cerca de 200Km diários para ir trabalhar.
A resposta foi positiva.
Apenas uma informação secundária: durante estes dias, o total das despesas de deslocação e transporte (26 dias úteis) foi de 518.4€ (exclui todas as outras despesas que faria em qualquer outro local - alimentação, parqueamento, etc.).
Não deveria ser possível pedir o reembolso deste valor?
Fica a pergunta.
Re-Styling
Hoje, numa das intermináveis viagens até ao destino profissional, ouvi alguém, numa qualquer estação de rádio, falar do "re-styling" do Governo, em relação ao ideário socialista do partido político que o sustenta.
Como é óbvio, detive-me nestas palavras (que sinceramente, não sei de quem são) e resolvi dedicar-me, um pouco, a tentar compreender qual o verdadeiro significado e alcance desta ideia.
Se partirmos do princípio que a tradução directa do inglesismo significa "dar um novo estilo a...", então, até acho que o conceito usado se aplica, pois o que tem mudado nos partidos e nos governos (e note-se que não me detenho no actual), não são questões de base, de princípio, mas sim de estilos de governação e de comunicação.
Se o "palavrão" foi usado para definir um novo ideário, mais liberal (e neo-liberal) deste governo em relação a outros, parece-me triste a ideia de que andamos todos a acusar-nos de nada.
O que eu quero mesmo com isto dizer é que, tal como se queixava aquela professora amiga ("há vinte anos que dou as aulas da mesma maneira e nunca tinha tido problemas. Estes miúdos agora é que são uns selvagens..."), se calhar, nós é que não demos pelas mudanças...
As mudanças, infelizmente, não se deram só no nosso "rectângulo pequeno e esquizofrénico", ou melhor, deram-se, mas nós é que não tivemos nada que ver com isso. As mudanças são, todas elas, muito mais globais do que pensamos.
Será que não entendemos que, por exemplo, as muitas mortes por fome, guerra e miséria que nos entram pela casa dentro, diariamente, mediadas por uma caixa inerte e incapaz de pensar por ela própria, são, de facto, nossa responsabilidade?
Será que não entendemos que, por exemplo, o carro que usamos, a água que desperdiçamos todos os dias ou mesmo aquela inexplicável vontade súbita de "tomar um cafézinho" são causa e consequência dessas mesmas mortes, guerras e miséria, porque a gasolina é roubada aos seus legítimos donos com guerras falsas e manipuladas, a água controlada por questões de poder territorial e o café, que nos chega de longe, só nos satisfaz (física e financeiramente) a nós?
É já tempo de parar e ver.
Em vez de parar e fechar os olhos (que, de resto, é o que temos feito).
Aproximam-se datas importantes. Em 2009, de uma só vez, votaremos para eleger um Governo, um Parlamento Europeu e gestores Autárquicos.
Está, talvez, na hora de abrir os olhos. Mesmo que votemos nas mesmas pessoas e nas mesmas ideias de sempre, não podemos é depois dizer que "nada mudou". A responsabilidade foi, é, e será, sempre nossa.
Como é óbvio, detive-me nestas palavras (que sinceramente, não sei de quem são) e resolvi dedicar-me, um pouco, a tentar compreender qual o verdadeiro significado e alcance desta ideia.
Se partirmos do princípio que a tradução directa do inglesismo significa "dar um novo estilo a...", então, até acho que o conceito usado se aplica, pois o que tem mudado nos partidos e nos governos (e note-se que não me detenho no actual), não são questões de base, de princípio, mas sim de estilos de governação e de comunicação.
Se o "palavrão" foi usado para definir um novo ideário, mais liberal (e neo-liberal) deste governo em relação a outros, parece-me triste a ideia de que andamos todos a acusar-nos de nada.
O que eu quero mesmo com isto dizer é que, tal como se queixava aquela professora amiga ("há vinte anos que dou as aulas da mesma maneira e nunca tinha tido problemas. Estes miúdos agora é que são uns selvagens..."), se calhar, nós é que não demos pelas mudanças...
As mudanças, infelizmente, não se deram só no nosso "rectângulo pequeno e esquizofrénico", ou melhor, deram-se, mas nós é que não tivemos nada que ver com isso. As mudanças são, todas elas, muito mais globais do que pensamos.
Será que não entendemos que, por exemplo, as muitas mortes por fome, guerra e miséria que nos entram pela casa dentro, diariamente, mediadas por uma caixa inerte e incapaz de pensar por ela própria, são, de facto, nossa responsabilidade?
Será que não entendemos que, por exemplo, o carro que usamos, a água que desperdiçamos todos os dias ou mesmo aquela inexplicável vontade súbita de "tomar um cafézinho" são causa e consequência dessas mesmas mortes, guerras e miséria, porque a gasolina é roubada aos seus legítimos donos com guerras falsas e manipuladas, a água controlada por questões de poder territorial e o café, que nos chega de longe, só nos satisfaz (física e financeiramente) a nós?
É já tempo de parar e ver.
Em vez de parar e fechar os olhos (que, de resto, é o que temos feito).
Aproximam-se datas importantes. Em 2009, de uma só vez, votaremos para eleger um Governo, um Parlamento Europeu e gestores Autárquicos.
Está, talvez, na hora de abrir os olhos. Mesmo que votemos nas mesmas pessoas e nas mesmas ideias de sempre, não podemos é depois dizer que "nada mudou". A responsabilidade foi, é, e será, sempre nossa.
5 de outubro de 2007
Esquecimentos.
Estamos, cada vez, mais esquecidos.
Hoje, por ocasião das comemorações do Dia da Implantação da República, o senhor presidente da República relembrou-nos isso mesmo: estamos todos muito esquecidos!
Relembrou-nos da importância da Educação e, sobretudo, do envolvimento parental e social na dinâmica educativa.
Relembrou-nos o quão importante é investirmos (e não se trata apenas de investimento financeiro) na Educação como um sector diferenciador e global do desenvolvimento humano.
A ele toda a justiça do mundo, por, tão sabiamente, nos ter lembrado disso.
O que ele (também) esqueceu, é que este pequeno país ("Tão pequeno", como referia Camilo Castelo Branco), à beira mar plantado sofre, ciclicamente e de forma dura, com os constantes esquecimentos.
A lembrar: quantas já foram as reformas na Educação desde o 25 de Abril? e quantas chegaram ao seu auge?
Quantos já foram os ministros de Educação que se sentaram na poderosa cadeira da 5 de Outubro? Quantos já foram os partidos que ocuparam o poder legislativo e executivo desta República adocicada?
E quantos foram aqueles que, realmente, emprestaram o seu conhecimento e saber à causa pública, para fazer deste país um país a sério?
Porventura, estarão a pensar, os que lerem este pedaço de indignação, que é fácil culpar os políticos, que são eles os verdadeiros culpados, mas o que esta prosa quer valorizar não é a incompetência (deles).
Até porque o senhor Presidente da República também já foi um deles.
O que, verdadeiramente me repugna, é que somos nós, os cidadãos respeitáveis, os profissionais empenhados, os licenciados de excepção, que, por esquecimento, por inoperância, por falta de vontade ou até mesmo por excesso de zelo, contribuímos, decididamente, para este estado de coisas.
São os nossos (podres) poderes do dia-a-dia, a nossa vontade de pensar mais em nós próprios que no bem comum, nas pequenas entrelinhas da nossa vida diária, que tem levado o país a esta cada vez maior miséria.
E nós, docentes, particularmente, somos todos culpados desta incapacidade colectiva de ver mais longe.
Quando a actual Ministra da Educação, numa recente entrevista, afirmou que as escolas eram uma espécie de feudo muito próprio, em que os professores escolhiam as turmas e os alunos que queriam, para "não ter problemas", todos nós nas escolas, nos "indignámos" muito. Quando a Ministra apresentou os valores comparativos do investimento feito em educação nos vários países europeus, e de seguida, mostrou os resultados escolares dos nossos alunos, mais uma vez, nos "indignámos". Quando o(s) Ministério(s) da Educação apresentou(aram) uma vontade de mudar, transposta para várias acções que, entre outras, incluiu uma efectiva Avaliação de Desempenho dos Docentes todos nós, nas escolas, nos "indignámos" mais uma vez...
Sabendo eu, como de resto saberão todos os demais envolvidos nos esforço pela melhoria da Qualidade da Educação, que estas premissas são, na sua maior parte, verdadeiras e reais (por mim, apenas refiro que, em 12 anos de actividade profissional ainda não leccionei numa escola onde não me tivesse confrontado com a "escolha de turmas pelos docentes mais velhos", apesar de tudo, feitas na maior discrição, ficando as "más" turmas para os desgraçados dos "contratados" que chegam à escola e, por vezes, à Educação, nesse mesmo momento), só posso dizer que só com uma real vontade de mudança, que nasça em cada um, se pode fazer pela Escola o que deve ser feito.
E isto tem de começar em nós, na nossa forma de olharmos o nosso colega, vendo-o como um companheiro, e não com o "culpado por os meninos que me chegaram este ano nem sequer saberem ler....".
É esta a razão chave do insucesso (de todo o insucesso). Não estamos sozinhos na nossa tarefa, e se acharmos que estamos, então somos nós quem deve mudar!
E reafirmo que, em nehum momento questiono a qualidade pedagógica, humana e profissional dos docentes.
Apenas me permito pedir-lhes que não se esqueçam...
Hoje, por ocasião das comemorações do Dia da Implantação da República, o senhor presidente da República relembrou-nos isso mesmo: estamos todos muito esquecidos!
Relembrou-nos da importância da Educação e, sobretudo, do envolvimento parental e social na dinâmica educativa.
Relembrou-nos o quão importante é investirmos (e não se trata apenas de investimento financeiro) na Educação como um sector diferenciador e global do desenvolvimento humano.
A ele toda a justiça do mundo, por, tão sabiamente, nos ter lembrado disso.
O que ele (também) esqueceu, é que este pequeno país ("Tão pequeno", como referia Camilo Castelo Branco), à beira mar plantado sofre, ciclicamente e de forma dura, com os constantes esquecimentos.
A lembrar: quantas já foram as reformas na Educação desde o 25 de Abril? e quantas chegaram ao seu auge?
Quantos já foram os ministros de Educação que se sentaram na poderosa cadeira da 5 de Outubro? Quantos já foram os partidos que ocuparam o poder legislativo e executivo desta República adocicada?
E quantos foram aqueles que, realmente, emprestaram o seu conhecimento e saber à causa pública, para fazer deste país um país a sério?
Porventura, estarão a pensar, os que lerem este pedaço de indignação, que é fácil culpar os políticos, que são eles os verdadeiros culpados, mas o que esta prosa quer valorizar não é a incompetência (deles).
Até porque o senhor Presidente da República também já foi um deles.
O que, verdadeiramente me repugna, é que somos nós, os cidadãos respeitáveis, os profissionais empenhados, os licenciados de excepção, que, por esquecimento, por inoperância, por falta de vontade ou até mesmo por excesso de zelo, contribuímos, decididamente, para este estado de coisas.
São os nossos (podres) poderes do dia-a-dia, a nossa vontade de pensar mais em nós próprios que no bem comum, nas pequenas entrelinhas da nossa vida diária, que tem levado o país a esta cada vez maior miséria.
E nós, docentes, particularmente, somos todos culpados desta incapacidade colectiva de ver mais longe.
Quando a actual Ministra da Educação, numa recente entrevista, afirmou que as escolas eram uma espécie de feudo muito próprio, em que os professores escolhiam as turmas e os alunos que queriam, para "não ter problemas", todos nós nas escolas, nos "indignámos" muito. Quando a Ministra apresentou os valores comparativos do investimento feito em educação nos vários países europeus, e de seguida, mostrou os resultados escolares dos nossos alunos, mais uma vez, nos "indignámos". Quando o(s) Ministério(s) da Educação apresentou(aram) uma vontade de mudar, transposta para várias acções que, entre outras, incluiu uma efectiva Avaliação de Desempenho dos Docentes todos nós, nas escolas, nos "indignámos" mais uma vez...
Sabendo eu, como de resto saberão todos os demais envolvidos nos esforço pela melhoria da Qualidade da Educação, que estas premissas são, na sua maior parte, verdadeiras e reais (por mim, apenas refiro que, em 12 anos de actividade profissional ainda não leccionei numa escola onde não me tivesse confrontado com a "escolha de turmas pelos docentes mais velhos", apesar de tudo, feitas na maior discrição, ficando as "más" turmas para os desgraçados dos "contratados" que chegam à escola e, por vezes, à Educação, nesse mesmo momento), só posso dizer que só com uma real vontade de mudança, que nasça em cada um, se pode fazer pela Escola o que deve ser feito.
E isto tem de começar em nós, na nossa forma de olharmos o nosso colega, vendo-o como um companheiro, e não com o "culpado por os meninos que me chegaram este ano nem sequer saberem ler....".
É esta a razão chave do insucesso (de todo o insucesso). Não estamos sozinhos na nossa tarefa, e se acharmos que estamos, então somos nós quem deve mudar!
E reafirmo que, em nehum momento questiono a qualidade pedagógica, humana e profissional dos docentes.
Apenas me permito pedir-lhes que não se esqueçam...
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