12 de outubro de 2007

Re-Styling

Hoje, numa das intermináveis viagens até ao destino profissional, ouvi alguém, numa qualquer estação de rádio, falar do "re-styling" do Governo, em relação ao ideário socialista do partido político que o sustenta.
Como é óbvio, detive-me nestas palavras (que sinceramente, não sei de quem são) e resolvi dedicar-me, um pouco, a tentar compreender qual o verdadeiro significado e alcance desta ideia.
Se partirmos do princípio que a tradução directa do inglesismo significa "dar um novo estilo a...", então, até acho que o conceito usado se aplica, pois o que tem mudado nos partidos e nos governos (e note-se que não me detenho no actual), não são questões de base, de princípio, mas sim de estilos de governação e de comunicação.
Se o "palavrão" foi usado para definir um novo ideário, mais liberal (e neo-liberal) deste governo em relação a outros, parece-me triste a ideia de que andamos todos a acusar-nos de nada.
O que eu quero mesmo com isto dizer é que, tal como se queixava aquela professora amiga ("há vinte anos que dou as aulas da mesma maneira e nunca tinha tido problemas. Estes miúdos agora é que são uns selvagens..."), se calhar, nós é que não demos pelas mudanças...
As mudanças, infelizmente, não se deram só no nosso "rectângulo pequeno e esquizofrénico", ou melhor, deram-se, mas nós é que não tivemos nada que ver com isso. As mudanças são, todas elas, muito mais globais do que pensamos.
Será que não entendemos que, por exemplo, as muitas mortes por fome, guerra e miséria que nos entram pela casa dentro, diariamente, mediadas por uma caixa inerte e incapaz de pensar por ela própria, são, de facto, nossa responsabilidade?
Será que não entendemos que, por exemplo, o carro que usamos, a água que desperdiçamos todos os dias ou mesmo aquela inexplicável vontade súbita de "tomar um cafézinho" são causa e consequência dessas mesmas mortes, guerras e miséria, porque a gasolina é roubada aos seus legítimos donos com guerras falsas e manipuladas, a água controlada por questões de poder territorial e o café, que nos chega de longe, só nos satisfaz (física e financeiramente) a nós?
É já tempo de parar e ver.
Em vez de parar e fechar os olhos (que, de resto, é o que temos feito).
Aproximam-se datas importantes. Em 2009, de uma só vez, votaremos para eleger um Governo, um Parlamento Europeu e gestores Autárquicos.
Está, talvez, na hora de abrir os olhos. Mesmo que votemos nas mesmas pessoas e nas mesmas ideias de sempre, não podemos é depois dizer que "nada mudou". A responsabilidade foi, é, e será, sempre nossa.

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