Ele há mesmo coisas muito estranhas.
Dir-se-ia que, nesta “paz podre” (que tem sido evidente desde a “Manifestação dos 100 mil”), não há lugar para opiniões contrárias às dos Sindicatos, tidos como senhores absolutos e inatacáveis, cuja Grande Verdade é superior às restantes verdades.
Gostaria, aqui, de contrapor algumas lógicas que têm sido manipuladas, digo, apresentadas, por eles:
Não é verdade que os Professores sintam como “injusta e complexa” a avaliação que “nos querem impor”.
O que é verdade é que alguns professores sentem como injusta e complexa a avaliação imposta pelo seu patrão.
Também é verdade que, nos tais cem mil, haveria muita gente que não se manifestava contra a Avaliação, mas sim contra o Estatuto da Carreira Docente (que os sindicatos deixaram “passar”…); contra a eleição destes Professores-Titulares; contra a existência de um novo Dec.-Lei que define normas “Médicas” para a caracterização de dificuldades de aprendizagem (afinal parece que é por isso que há tanta gente a dizer que a homossexualidade é uma patologia clínica); contra a existência de Conselhos Executivos incompetentes e dissimulados, que, face à sua incapacidade bem gerir a “coisa pública” vêm, desde há anos, a manchar a reputação dos que querem, efectivamente, trabalhar (e por isso, com receio, legítimo, do novo regime de autonomia, administração e gestão das escolas); contra a manutenção do estado de laxismo e de “deixa andar” em que se encontram muitas escolas por vontade própria (sim, e não vale a pena “acusar” o Governo, as Câmaras Municipais e/ou os outros todos, porque, numa grande parte das vezes nós somos os responsáveis efectivos); contra a existência de Professores que não andam nem deixam andar; contra a existência de Sindicatos que se “movem” bem demais “ao sabor das correntes” (e de repente até se fala da CONFAP nos jornais…)….
E além disso, não é verdade (como nos fizeram crer algumas mensagens enviadas por correio electrónico) que outros países não avaliem o desempenho dos professores, ou que (em alguns casos era isso que parecia) os professores tenham “mais tempo para o que de facto querem fazer bem”. Nessas mensagens não era referido, por exemplo, que os professores alemães e suecos reúnem, quase diariamente, em reuniões curtas, concisas e directas, para avaliação de alunos, da escola e do seu desempenho, antes de iniciar a sua actividade lectiva diária.
Ou que os professores Belgas, Franceses e Espanhóis são muito mais facilmente “despedidos” se incumprirem com o seu estatuto e/ou deveres deontológicos e profissionais.
Ou ainda que os docentes ingleses têm um quadro ético muito mais exigente e que as escolas inglesas apenas têm dotações orçamentais em face dos “bons resultados obtidos”…
Por tudo isto, e apesar de:
1. Não ter votado neste Governo;
2. Não me identificar minimamente com esta “onda neo-liberal” que invadiu Portugal;
3. Acreditar, profundamente, que as principais razões de todas estas “mudanças” na Educação são puramente economicistas;
4. Ter estado, desde sempre, na posição de crítico interventivo;
5. Não acreditar que o mal destas coisas é só de uma(s) pessoa(s) - neste caso até é fácil culpar um(a) Ministro(a) -;
6. Me ter manifestado, sempre e quando o achei útil e necessário, da forma mais responsável que sinto (ou seja, apresentando propostas de solução), quer na Escola, quer nos fóruns e espaços devidos;
7. Conseguir, sempre que necessário, situar-me no “outro lado da barricada” – pais, autarcas, alunos -, de forma a aprender com isso, e;
8. Ter sido prejudicado por um Sindicato(!) numa situação de oposição ao Ministério da Educação (e não foi há tanto tempo como isso),
Gostaria de manifestar a minha mais veemente repulsa por este tipo de desinformação que, em vez de contribuir para a clara afirmação do papel e do estatuto do Professor, o torna refém de uma opinião pública desinteressada e desinformada que é, no fundo, resultado da sua Educação.
Não é só a Avaliação de Desempenho que interessa. Não usem o peso de cem mil manifestantes para manter o status-quo…
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