20 de março de 2011

Género?

Mais uma vez (sim, já "respondi" a alguns apelos destes!), irei dar o "meu testemunho" num programa de televisão sobre a questão do género no trabalho.
Partimos, normalmente, do princípio que algumas profissões são muito identificadas com um género. Os polícias têm de ser homens. Os construtores civis também. As costureiras só podem ser mulheres...
Não me revejo nesta "divisão machista" do trabalho.
Sei (por experiência), que, muito mais importante que a questão do género é a questão da competência no exercício da função. E, acima desta, a questão dos resultados obtidos.
É esperado que "seja notícia" um homem que desempenha uma função identificada como "feminina".
Não compreendo, mas aceito, dada a "anormalidade" da coisa.
Mas interessa-me, sobretudo, reflectir a competência para a realizar (a função) e não tanto a lógica de género.
Tenho em mim a ideia que qualquer que seja a função, deve ser, fundamentalmente um espaço de realização pessoal e de procura pela "Excelência".
Nesta perspectiva, não há (ou não deveria haver) profissões masculinas ou femininas. Aceito que, devido a essa "desigualdade" de tratamento, exista quem "sofra". E não posso deixar de reconhecer que, na maioria das vezes, as mulheres são mais prejudicadas.
Mas, quanto a mim, posso afirmar que não me é fácil ser Educador de Infância.
Tenho passado muito tempo a provar que o facto de "não ser mãe, mulher...", não me impede de ser bom profissional. Tenho, inclusive, passado bastante tempo a demonstrar inequivocamente que a "falta de instinto maternal" não é impedimento para se ser um profissional competente.
E, independentemente do esforço, é entre pares que as coisas são mais difíceis.
Mas, para que fique claro, a questão da competência é assexuada. Perseguir a Excelência não é uma responsabilidade de género. É um imperativo social.
Sei que teria a mesma atitude face ao trabalho em qualquer outra profissão que tivesse escolhido.
Mas, enquanto for mais importante "falar" das questões de género, dificilmente daremos real importância ao que interessa: produzir com qualidade e procurando a excelência no que fazemos.
Por tal, enquanto se "falar" de género, não se falará de Qualidade. E isso é problemático, principalmente num país que luta deseperadamente para sair do fosso em que se meteu...
Talvez da Finlândia não necessitemos apenas do exemplo educativo, mas, sobretudo, do modelo de "igualdade de género"...

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