29 de março de 2011

O "País" somos nós...

Não é fácil viver num país que está sempre "no fim da lista".
Esta expressão de "reconhecimento" é, desde há muitos anos, sinónimo da "maneira de ser" lusa.
Há dias lia uma "estória" (teoricamente) verdadeira, na qual dois diplomatas portugueses reflectiam sobre o tal "Ser Português".
Dizia um que "não compreendia o porquê de um povo que viu nascer grandes exploradores e navegadores, que deram Mundo ao Mundo, se ter afogado numa proverbial mesquinhez e insensatez".
Ao que o outro responde: "Não, amigo. Estás enganado. Os portugueses que temos hoje não são descendentes dos que foram. São-no dos que ficaram!"
Infelizmente, sou tentado a concordar com esta sábia resposta.
Escrevo hoje agastado com os "acontecimentos do dia". Por mais que tente, neste espaço, reflectir apenas "a frio" as incidências da minha "vida" profissional, não posso deixar de "comentar" como me sinto tão "pequeno" quando testemunho, no dia-a-dia profissional, a evidência que a "culpa" de Portugal são mesmo os portugueses.
Podemos esmerar-nos por fazer aquilo em que acreditamos, individualmente, e, ao acreditarmos, podemos potenciar um conjunto alargado de mais-valias em nós e nos outros.
Podemos dar o que (sabemos) os outros não dão, apenas porque acreditamos que, num espírito solidário e de apoio mútuo, é importante construir, mais do que destruir.
Podemos envolver-nos porque esse envolvimento funciona como um convite à participação de outros. Podemos empenhar-nos porque sabemos que, num âmbito global, esse empenhamento nos será devolvido, mesmo que de formas muito simples.
O que não podemos é combater a inveja, a mesquinhez, o egoísmo destrutivo que tem, como objectivo único, a debilidade do conjunto.
Num momento em que ouvimos o nosso colega, o nosso vizinho, o nosso familiar a "queixar-se" da situação do "país", dos governantes, das instituições burocráticas e imobilistas...
Num momento em que, para "sair da crise" é fundamental "pensar mais além"...
Num momento em que, acima de tudo, deveríamos acreditar no esforço cooperativo e colaborativo...
...É-nos difícil aceitar que as palavras são vãs.
Sou profissional num local onde, por variadíssimas razões (e sobretudo pela minha "história" profissional), sinto que se trabalha com um espírito incomum de dedicação, de competência, de criatividade e de excelência.
Ao contrário da maior parte dos locais por onde passei anteriormente, assisto hoje a dinâmicas que nos permitem, localmente, "dar o melhor de nós". Fazemo-lo porque acreditamos que, numa perspectiva global,os ganhos desse envolvimento serão aproveitados por muitos. Muitos mais do que apenas os "clientes" naturais dessa acção.
Mas, esse nível de dedicação causa inveja. E, naturalmente, cria "anti-corpos".
E o mais difícil é encontrar vacinas para esse espírito mesquinho de inveja.
Sempre acreditei que, das boas ideias e das boas práticas se deve pensar: "Excelente. Também quero fazer assim!".
Infelizmente, em Portugal, a maior parte das pessoas (mesmo que diga o contrário), pensa: "Que m.... Não fui eu que tive essa ideia. Ora deixa lá pôr aqui um grãozinho de areia na engrenagem..."
E, pior mesmo, é que, normalmente, esta atitude negativa causa mais mal do que bem.
E desmotiva.
Talvez amanhã seja outro dia!

4 comentários:

voo do tapete disse...

Eu sou uma das que digo: "Excelente! Também quero fazer assim!"

:)

EB1/JI Manuel Beca Múrias disse...

Amigo, não desmotives nunca!!

rosarinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rosarinho disse...

Amanhã é sempre outro dia e o que importa é que no dia que terminou tenhamos agido de acordo com a nossa consciência e tenhamos dado o melhor de nós.Um abraço, Rosarinho