Já aqui escrevi, por várias ocasiões, sobre a expectativa de ser Professor.
Mais do que sobre a expectativa, tenho reflectido, e por vezes não intencionalmente, sobre o espaço pessoal e profissional associado à vontade de seguir uma profissão que, ao longo dos anos, tem vindo a ser, ora elevada ao seu máximo esplendor, ora rebaixada à sua maior insignificância.
Não posso (não podemos!) esquecer que esta actividade profissional tem sido, ao longo da história, a actividade que mais desperta emoções, seja pelo seu centralismo social, seja pela sua significância ou seja ainda pela sua falta.
Atrevo-me, hoje, a escrever que estas variações estão directamente ligadas ao facto de a Educação, e, por conseguinte, os agentes educativos, serem dos mais "vigiados" espaços de interacção social e comunitária.
Os professores, os agentes educativos, a Escola como um todo, são, constantemente, a razão, a causa e a consequência da evolução social.
Bastar-nos-ia "ler", com alguma atenção, a história da educação, e ficaríamos a saber que as chamadas "Grandes Civilizações" foram-no porque apostaram sempre no seu sistema educativo.
A escrita, para o chineses, a matemática para a Mesoptâmia e todo o explendor do Médio Oriente, ou, mais recentemente, as universidades para a Alemanha pré-conflito mundial, são só alguns (poucos) exemplos de como a Educação serviu (e serve) o desenvolvimento e evolução da humanidade.
Nem sequer é necessário aprofundar a dinâmica causa/efeito nestes exemplos. Haverá muitos mais exemplos (Antiguidade Grega, Esparta, etc., etc.) que poderiam demonstrar a dependência da evolução social daquilo que se convencionou chamar o Sistema Educativo.
E é sobre esse Sistema Educativo que se tem falado por cá.
Infelizmente, desde há muito tempo.
Infelizmente porque se tem falado, mas não se tem decidido muito. Para onde queremos, realmente, ir?
Voltando à questão inicial, a das expectativas, pergunto-me: Quais são as nossas expectativas em relação a este modelo sistémico que nos vendem constantemente? O que pretende? Como defini-lo? Como avaliá-lo?
Estas perguntas, que, de forma mais ou menos cíclica me atormentam, tiveram recentemente um maior impacto pela leitura de alguns comentários (dos sindicatos) sobre a Prova de Acesso à profissão, plasmada no Estatuto da Carreira Docente, recentemente aprovado.
Diziam estes que, entre outras coisas, é "injusto e desadequado" que os noveis professores tenham de "provar" (sic) as suas competências após o término de um curso superior, que, "teoricamente" os prepara para a profissão que escolheram.
Ora, para mim, essa é que é a questão: apenas os (nos) prepara "teoricamente".
Não podemos (nem devemos) deixar apenas nas mãos das Universidades a definição de competências específicas de interesse colectivo. E não podemos fazê-lo porque as universidades (infelizmente) ainda não nos provaram que são entidades sérias e socialmente responsáveis. Senão, vejamos: Porque continuam a organizar cursos e mais cursos cujas saídas profissionais estão, declaradamente, na bancarrota? Porque não seleccionam professores competentes em vez de apenas distribuirem lugares por "conhecidos"? Porque não promovem, de forma séria e complementar, actividades de interesse social, entre as quais uma efectiva aproximação à sociedade? Porque não se posicionam para serem, realmente, pólos de investigação científica de excelência (dir-me-ão que há pólos de excelência em Portugal, mas eu pergunto: e se os compararmos com os das universidades espanholas? quantas universidades portuguesas se encontram no Top100 europeu?)...
Por tudo isto (e até porque o Estado Português, do qual somos todos contribuintes, é actualmente, o maior empregador na Educação), sinto, sinceramente, que a Prova de Acesso à profissão é "um mal menor e necessário". É já tempo de sermos, profissionalmente, o que queremos ser e não apenas o que nos "deixam ser".
Há que exigir e potenciar a exigência.
Mas claro, isso implica que participemos, que nos envolvamos e que nos façamos respeitar.
E, isso tudo, quotidianamente!
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1 comentário:
Fico contente por saber que existem pessoas inconformadas com o sistema de Educação,a sociedade politica não está respeitando os professores como merecem. Obrigado pelo blogue.
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