11 de novembro de 2018

Das redes...

"Celebro" este ano um curioso "fenómeno": cumpro este ano o mesmo tempo de serviço desenvolvido em duas redes de educação pré-escolar (refiro a nomenclatura legal, mas já vos disse que prefiro Educação de Infância).

Em 1996 iniciei funções profissionais numa Instituição Particular de Solidariedade Social e em 2007 assinei o meu contrato como "agente do Estado".

Há, actualmente, uma espécie de "guerra surda", de alguma forma patrocinada por uma pequenez muito portuguesa, que tem vindo a condicionar (e a prejudicar) a possibilidade de construirmos, de facto, uma educação de infância de Qualidade. Sem "redes" nem divisões.

Nesta "guerra", há quem pretenda construir duas barricadas: as dos profissionais do Estado e a dos "outros".

Quando iniciei as minhas funções como profissional de educação (e até mesmo antes disso, ao recusar uma remuneração que não considerava minimamente adequada às funções e exigências do trabalho educativo), sempre deixei claro que nunca seria um profissional amorfo e invertebrado e, sobretudo, fosse onde quer que fosse, que pretendia ser um Profissional de Educação.

Na maior parte das vezes (que continuo a cumprir todos os dias) tive de estudar, de me esclarecer, de contraditar informação, de solicitar esclarecimento quando (e não raras vezes) me apresentaram soluções, recomendações ou obrigações que, em nenhum momento da minha formação, conhecimento e preparação pessoal, social ou profissional, houvessem sido credíveis e respaldadas na Lei, no Direito ou apenas no bom senso.

Por isso, nunca tive problema em contestar e/ou desrespeitar "indicações" que me fossem ilegais, indevidas ou simplesmente desadequadas e não baseadas em informação científica e empírica rigorosa.

Passados estes anos, tenho como "louvor" dessa minha atitude nunca ter sido punido ou repreendido por essa forma de contrariar tiranias e fascismos, e até posso evocar que, na maioria das vezes, a minha luta acabou por ser generalizadamente reconhecida como justa (fazendo até alterar procedimentos). Também a avaliação a que fui sujeito me foi confirmando as posições que fui assumindo.

Nesta guerra surda de que vos falava, é cada vez mais evidente que as diferenças (a existir) se devem às práticas dos estabelecimentos, das escolas, das direções. E raramente se refere que esta guerra surda se deve, também, aos profissionais.

Mas, no meu caso pessoal, quando "transitei" de Rede, tornou-se claro, para mim, uma única coisa: o que de facto faz a diferença não são os diretores, ou a legislação, ou as "obrigações". O que faz a diferença são os profissionais.

Sendo estes informados e esclarecidos,  sempre porão à frente dos interesses (ou desmandos) de alguns, o interesse e pertinência de todos. Ou seja, da Educação.

Por isso, quando nos esquecemos que somos, de facto, Educadores, capazes, competentes, esclarecidos, envolvidos, informados, lutadores, e, acima de tudo, comprometidos com a Educação de uma sociedade, começamos a sofrer na pele os desmandos e indefenições de quem, por vias difusas e/ou legalmente escudadas, se esqueceu (ou nunca soube) que há um interesse que é muito maior do que nós: o de educamos e formarmos cidadãos.

A haver diferenças entre as Redes (que as há, definidas pela Lei), são-no diferenças processuais. Não funcionais.

Tudo o resto é apenas uma desculpa para não nos chatearmos.

(E sim, fico disponível para ser contraditado ☺)

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