11 de novembro de 2018

O que custa o esforço?

Uma das formas mais atuais de nos mantermos "informados" tem sido a navegação sem rumo pelas redes sociais (especialmente por este grande Livro das Trombas).

E, ultimamente, sobretudo nos fóruns dedicados à reflexão em/sobre Educação, muitos têm sido os relatos, análises e comentários sobre o pretenso facilitismo com que a escola e os docentes têm de se debater.

E nesta(s) discussão(ões) está muito em voga falar de "acomodações curriculares".

De uma forma geral, acusam-se os pais, as famílias e até o governo pela descida dos níveis de exigência e de rigor no processo educativo. E, de facto, não podemos dizer que estejam completamente isentos.

Mas onde estão eles quando o discurso que vem da escola é o de "igualdade a todo o custo", mesmo quando as premissas são diferentes? Onde está a sua culpa quando, na escola, se confunde equidade com igualdade e igualdade de oportunidades com "todos fazem o mesmo"?

Na passada semana, contava-me um jovem familiar que na sua equipa de futebol, ao fim de semana, "todos jogam", mesmo que não tenham treinado durante a semana. "Porque é a regra" dizia ele cabisbaixo e sem entender a diferença entre ele, que fica doente se não for treinar, e aqueles que apenas vão, no dia do jogo, "marcar a presença", sabendo que, sem esforço, jogarão, pelo menos, tanto tempo como ele.

Outro, mais novo, dizia-me também que era "obrigado" a ensaiar para a festa de natal do colégio porque "todos têm de entrar"...

Será isto educar para o rigor e para a  equidade?

E o que dizer daquelas práticas que, logo na educação de infância, sugerem que os direitos são o mesmos mas o deveres diferentes? E que a igualdade de oportunidades e o esforço são substituidos pela "mão do adulto"?...

Em pequeninas coisas como "todos têm de vestir a bata", ou todos fazem a mesma prenda para o Dia da Mãe (e quando não fazem, o adulto faz por eles...), ou mesmo nas 20 imagens fotocopiadas, ilustradas de igual modo, expostas nas paredes como se de medalhas se tratasse?

Ou quando se inibem recompensas e reconhecimento do mérito para "não se chocaram os outros"...

De facto, as grandes "coisas" começam nas pequeníssimas opções que tomamos.

Em tempos de "acomodações curriculares", tenhamos a capacidade de não nos acomodarmos.

Conseguiremos?

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