16 de dezembro de 2007
15 de dezembro de 2007
Coerências...
Pois é.
Mais uma vez volto ao tema.
Será que nada mudou desde que, há uns tempos, reflectia estas questões da coerência educativa?
Pelos vistos, na minha zona proximal, não!
Continuam os docentes que querem dinheiro, a ser os pais que não o querem dar.
Continuam os docentes que escrevem, nos seus planos e projectos, que a escola deve garantir a autonomia e educar a solidariedade, a ser os colegas que não partilham, invejam ou "avisam" se alguma coisa não estiver adequado à sua própria forma de estar e de pensar.
Continuam a ser estes mesmos docentes, aqueles que, avaliando diariamente, por vezes interferindo definitiva e negativamente na vida de muitas crianças e jovens, aqueles que não querem ser avaliados (ou, no dizer dos seus representantes sindicais: "não querem esta avaliação").
Que coerência será esta?
Que processo dinâmico será este em que os mesmos homens e mulheres que defendem, profissionalmente, um processo educativo justo, solidário, igualitário (nos deveres e direitos), se opõem, tão ferozmente, enquanto pessoas, a esses mesmos princípios?
E se este meu desabafo pode parecer exagerado, por generalizar de forma cega e descabida, bastar-nos-à olhar para o lado e "ouvir" o colega que, em público, tece loas às virtudes da escola aberta, transparente, "porta de entrada" da comunidade, e depois, em privado, cerra os dentes contra aqueles "ignóbeis da Associação de Pais"...
Ou então aquele outro que, desenvolvendo a sua actividade profissional numa zona de forte influência de contextos culturais multiétnicos, continua a achar que não é importante compreender nem sequer uma "palavrinha" numa outra Língua...
Mas não se ficam aqui as incoerências.
Um dia volto cá.
Mais uma vez volto ao tema.
Será que nada mudou desde que, há uns tempos, reflectia estas questões da coerência educativa?
Pelos vistos, na minha zona proximal, não!
Continuam os docentes que querem dinheiro, a ser os pais que não o querem dar.
Continuam os docentes que escrevem, nos seus planos e projectos, que a escola deve garantir a autonomia e educar a solidariedade, a ser os colegas que não partilham, invejam ou "avisam" se alguma coisa não estiver adequado à sua própria forma de estar e de pensar.
Continuam a ser estes mesmos docentes, aqueles que, avaliando diariamente, por vezes interferindo definitiva e negativamente na vida de muitas crianças e jovens, aqueles que não querem ser avaliados (ou, no dizer dos seus representantes sindicais: "não querem esta avaliação").
Que coerência será esta?
Que processo dinâmico será este em que os mesmos homens e mulheres que defendem, profissionalmente, um processo educativo justo, solidário, igualitário (nos deveres e direitos), se opõem, tão ferozmente, enquanto pessoas, a esses mesmos princípios?
E se este meu desabafo pode parecer exagerado, por generalizar de forma cega e descabida, bastar-nos-à olhar para o lado e "ouvir" o colega que, em público, tece loas às virtudes da escola aberta, transparente, "porta de entrada" da comunidade, e depois, em privado, cerra os dentes contra aqueles "ignóbeis da Associação de Pais"...
Ou então aquele outro que, desenvolvendo a sua actividade profissional numa zona de forte influência de contextos culturais multiétnicos, continua a achar que não é importante compreender nem sequer uma "palavrinha" numa outra Língua...
Mas não se ficam aqui as incoerências.
Um dia volto cá.
28 de novembro de 2007
"Stress" Natalício, ou talvez não...
Parece que agora tudo gira em volta do Natal.
Até mesmo os que se apresentam como "republicanos e laicos" correm atrás das peças para o presépio.
Sinto mesmo que já ninguém pensa no que faz. Faz-se e pronto!
O que é preciso é fazer.
Cada vez mais o mundo é do "fazer", e do "fazer sem pensar".
Será que é isto que queremos para os nossos filhos?
Que eles se limitem a fazer? a construir? a elaborar?
E onde fica o tempo para estabelecer uma relação? Para pensar e retirar da vida o prazer e o proveito de ouvir uma peça musical, sentir um aroma, observar (e sentir) uma pintura que "fala" connosco?
Há uns anos, um professor meu dizia que "pensava a 1000 à hora e falava a 5 à hora!". Como o respeito cada vez mais!
Valorizamos cada vez menos a capacidade de reflectir, de analisar antes de agir, de encontrar soluções antes de experimentar.
Será que já nem sequer gostamos de sentir o prazer de saborear um momento?
Este meu discurso, é, aos olhos da generalidade das pessoas, um discurso oco e sem fundamento. Mas creiam-me que não é novo. Debato-me, constantemente, com esta espécie de completa dormência social que impede valorizar os que pensam, em detrimento dos que fazem.
São muitos os exemplos deste meu receio: a incapacidade de planearmos, de projectarmos, inclusivamente, a nossa vida (os bancos, e os seus créditos mal-parados e o endividamento da famílias, infelizmente, dão-me alguma razão), a incapacidade de respeitarmos quem faz escolhas diferentes das nossas (por ter dedicado algum tempo à sua análise) ou a exigência de "velocidade" na acção, estrangulam-nos e, por vezes, destroem-nos.
E ainda nos damos ao trabalho de "gastar tempo" a discutir a "Avaliação". Avaliar para quê? Para deixar tudo na mesma?
O que é preciso avaliar, realmente, é este nosso comportamento que nos aproxima do precipício. Esta forma de acreditar que é fazendo que chegamos lá não nos pode ser benéfica.
Pensemos nisso.
Até mesmo os que se apresentam como "republicanos e laicos" correm atrás das peças para o presépio.
Sinto mesmo que já ninguém pensa no que faz. Faz-se e pronto!
O que é preciso é fazer.
Cada vez mais o mundo é do "fazer", e do "fazer sem pensar".
Será que é isto que queremos para os nossos filhos?
Que eles se limitem a fazer? a construir? a elaborar?
E onde fica o tempo para estabelecer uma relação? Para pensar e retirar da vida o prazer e o proveito de ouvir uma peça musical, sentir um aroma, observar (e sentir) uma pintura que "fala" connosco?
Há uns anos, um professor meu dizia que "pensava a 1000 à hora e falava a 5 à hora!". Como o respeito cada vez mais!
Valorizamos cada vez menos a capacidade de reflectir, de analisar antes de agir, de encontrar soluções antes de experimentar.
Será que já nem sequer gostamos de sentir o prazer de saborear um momento?
Este meu discurso, é, aos olhos da generalidade das pessoas, um discurso oco e sem fundamento. Mas creiam-me que não é novo. Debato-me, constantemente, com esta espécie de completa dormência social que impede valorizar os que pensam, em detrimento dos que fazem.
São muitos os exemplos deste meu receio: a incapacidade de planearmos, de projectarmos, inclusivamente, a nossa vida (os bancos, e os seus créditos mal-parados e o endividamento da famílias, infelizmente, dão-me alguma razão), a incapacidade de respeitarmos quem faz escolhas diferentes das nossas (por ter dedicado algum tempo à sua análise) ou a exigência de "velocidade" na acção, estrangulam-nos e, por vezes, destroem-nos.
E ainda nos damos ao trabalho de "gastar tempo" a discutir a "Avaliação". Avaliar para quê? Para deixar tudo na mesma?
O que é preciso avaliar, realmente, é este nosso comportamento que nos aproxima do precipício. Esta forma de acreditar que é fazendo que chegamos lá não nos pode ser benéfica.
Pensemos nisso.
27 de novembro de 2007
Condutores???...
Só um breve (brevíssimo, talvez) comentário:
Já repararam (ou reparámos todos) que, mesmo nas missões internacionais, só morremos de acidente de viação?
Algo está mesmo muito mal quando a publicidade de um automóvel (actualmente a passar nas TVs e na rádio) anuncia, para apresentar as "excepcionais qualidades de segurança" do dito, o número de mortos na estrada em Portugal no último ano....
Ele há coisas assim.
Continuo a referir (fazendo uma ligação a um artigo que, há uns anos fiz publicar com o nome sugestivo de "Porque é que os polícias se escondem atrás das moitas?") que é tudo uma questão de Educação.
Mas Educação mesmo!
Já repararam (ou reparámos todos) que, mesmo nas missões internacionais, só morremos de acidente de viação?
Algo está mesmo muito mal quando a publicidade de um automóvel (actualmente a passar nas TVs e na rádio) anuncia, para apresentar as "excepcionais qualidades de segurança" do dito, o número de mortos na estrada em Portugal no último ano....
Ele há coisas assim.
Continuo a referir (fazendo uma ligação a um artigo que, há uns anos fiz publicar com o nome sugestivo de "Porque é que os polícias se escondem atrás das moitas?") que é tudo uma questão de Educação.
Mas Educação mesmo!
13 de novembro de 2007
Melhores Professores
Estive hoje (e desculpem-me a presunção) na apresentação dos seleccionados para o Prémio Nacional de Professores como nomeado para uma das categorias.
Apesar de não ter passado a fase da nomeação, sinto-me como um vencedor, pois só a união de todos nós poderá contribuir para que nos respeitem e que nos (re)conheçam, e o mérito, esse, é merecido por quem o persegue.
Devo dizer, desde já, que apoio incondicionalmente a promoção do mérito em todas as actividades, sejam elas quais forem.
Devo também dizer que, o facto de ter sido nomeado me congratula, acima de tudo porque, sendo educador de infância, a minha nomeação, ao nível da escola que represento, é também a nomeação das práticas e do trabalho desenvolvido neste nível de ensino.
Desde já agradeço o carinho e atenção que foram dados, por todos, a este processo de nomeação, especialmente aos órgãos de gestão do Agrupamento que, dessa forma, se mostraram disponíveis para apoiar e, acima de tudo, promover a reflexão e a avaliação das práticas, com especial atenção ao que desenvolvemos no pré-escolar.
Fui com muito agrado que acompanhei a apresentação dos seleccionados e que me orgulho da nomeação de docentes que, espero eu, passarão a "andar nas bocas do Mundo".
Espero, sinceramente, que este prémio possa vir a ser um espaço "normalizado" onde as práticas de qualidade venham a ser escalpelizadas e apresentadas à comunidade em geral e que, acima de tudo, venham a mostrar o que de muito bom se faz na educação.
Parabéns a todos os docentes, pois a eleição de um entre muitos para nos representar é, acima de tudo, uma vitória de todos nós.
E o que fazemos é Importante!
Apesar de não ter passado a fase da nomeação, sinto-me como um vencedor, pois só a união de todos nós poderá contribuir para que nos respeitem e que nos (re)conheçam, e o mérito, esse, é merecido por quem o persegue.
Devo dizer, desde já, que apoio incondicionalmente a promoção do mérito em todas as actividades, sejam elas quais forem.
Devo também dizer que, o facto de ter sido nomeado me congratula, acima de tudo porque, sendo educador de infância, a minha nomeação, ao nível da escola que represento, é também a nomeação das práticas e do trabalho desenvolvido neste nível de ensino.
Desde já agradeço o carinho e atenção que foram dados, por todos, a este processo de nomeação, especialmente aos órgãos de gestão do Agrupamento que, dessa forma, se mostraram disponíveis para apoiar e, acima de tudo, promover a reflexão e a avaliação das práticas, com especial atenção ao que desenvolvemos no pré-escolar.
Fui com muito agrado que acompanhei a apresentação dos seleccionados e que me orgulho da nomeação de docentes que, espero eu, passarão a "andar nas bocas do Mundo".
Espero, sinceramente, que este prémio possa vir a ser um espaço "normalizado" onde as práticas de qualidade venham a ser escalpelizadas e apresentadas à comunidade em geral e que, acima de tudo, venham a mostrar o que de muito bom se faz na educação.
Parabéns a todos os docentes, pois a eleição de um entre muitos para nos representar é, acima de tudo, uma vitória de todos nós.
E o que fazemos é Importante!
3 de novembro de 2007
Referendos...
Pois é.
Parece que nasceu o novo tabu. Este servirá para manter anestesiado o país até às épocas festivas do Natal. Ou talvez mais adiante.
Agora a questão "proibida" prende-se com o fazer (ou não) um Referendo ao Tratado de Lisboa (ou Reformador, ou Constitucional, ou lá o que é....)!
A pergunta que se tem colocado é: Será que o nosso Primeiro-Ministro cede ou não à sua própria promessa de vir a fazer um Referendo à integração europeia, tenha ela por forma um Tratado ou outra qualquer dinâmica de organização?
Esta é, quanto a mim, a falsa pergunta.
Por um lado, os anos que nós levamos já de integração europeia têm-nos mostrado que não será essa a questão principal. Neste momento, com todo o desenvolvimento (sustentado ou não) que a integração europeia nos permitiu, com a efectiva criação de riqueza (e não, não estou a falar de cada um de nós!), com o crescimento social, cultural, académico e mesmo económico, não faz sentido falarmos de referendar a integração europeia. Pura e simplesmente, não faz!
Se, por outro lado, o que se pretende é referendar o Tratado em si, há algumas questões que deverão ser equacionadas:
1. Será que nós, portugueses e europeus, conhecemos, em pormenor, o que está escrito neste Tratado?
2. Será que nós, portugueses e europeus sabemos o que, realmente, está escrito em outros Tratados que regulam a dimensão europeia?
3. Será que alguém, de entre nós, portugueses e europeus, se dará sequer ao trabalho de os ler e de reflectir nos efectivos efeitos da integração europeia? e, por último,
4. Será que, entre nós, portugueses e europeus, existe alguém que sinta que, com o seu voto num referendo, vai, efectivamente, mudar este estado de coisas?
Não me parece. Sinceramente que não!
Mas há, em relação a este possível referendo, algumas outras questões a reflectir:
Se os dois maiores partidos portugueses já mostraram o seu acordo face ao texto (afinal sempre houve alguns portugueses e europeus que o leram!) e se, sabendo nós, votarão a favor num hipotético referendo, porque será que se pretende gastar tanto dinheiro num acto que, tendo em conta a nossa história recente, será tão pouco participado?
Para quê mobilizar tantos recursos (materiais e humanos) na organização e execução de um referendo que tem, além do resultado final anunciado, um preço exorbitante e, além do mais, não definirá uma nova linha de intervenção europeia por parte dos líderes que elegemos?
Não tenho resposta para todas estas perguntas, mas por uma questão de consciência social, serei o primeiro a opor-me à realização de um referendo sobre o Tratado de Lisboa.
Não pela questão europeia em si, mas sim pelo alto preço (financeiro) que esse referendo terá.
Nem parece que andamos a apertar o cinto há tanto tempo...
Parece que nasceu o novo tabu. Este servirá para manter anestesiado o país até às épocas festivas do Natal. Ou talvez mais adiante.
Agora a questão "proibida" prende-se com o fazer (ou não) um Referendo ao Tratado de Lisboa (ou Reformador, ou Constitucional, ou lá o que é....)!
A pergunta que se tem colocado é: Será que o nosso Primeiro-Ministro cede ou não à sua própria promessa de vir a fazer um Referendo à integração europeia, tenha ela por forma um Tratado ou outra qualquer dinâmica de organização?
Esta é, quanto a mim, a falsa pergunta.
Por um lado, os anos que nós levamos já de integração europeia têm-nos mostrado que não será essa a questão principal. Neste momento, com todo o desenvolvimento (sustentado ou não) que a integração europeia nos permitiu, com a efectiva criação de riqueza (e não, não estou a falar de cada um de nós!), com o crescimento social, cultural, académico e mesmo económico, não faz sentido falarmos de referendar a integração europeia. Pura e simplesmente, não faz!
Se, por outro lado, o que se pretende é referendar o Tratado em si, há algumas questões que deverão ser equacionadas:
1. Será que nós, portugueses e europeus, conhecemos, em pormenor, o que está escrito neste Tratado?
2. Será que nós, portugueses e europeus sabemos o que, realmente, está escrito em outros Tratados que regulam a dimensão europeia?
3. Será que alguém, de entre nós, portugueses e europeus, se dará sequer ao trabalho de os ler e de reflectir nos efectivos efeitos da integração europeia? e, por último,
4. Será que, entre nós, portugueses e europeus, existe alguém que sinta que, com o seu voto num referendo, vai, efectivamente, mudar este estado de coisas?
Não me parece. Sinceramente que não!
Mas há, em relação a este possível referendo, algumas outras questões a reflectir:
Se os dois maiores partidos portugueses já mostraram o seu acordo face ao texto (afinal sempre houve alguns portugueses e europeus que o leram!) e se, sabendo nós, votarão a favor num hipotético referendo, porque será que se pretende gastar tanto dinheiro num acto que, tendo em conta a nossa história recente, será tão pouco participado?
Para quê mobilizar tantos recursos (materiais e humanos) na organização e execução de um referendo que tem, além do resultado final anunciado, um preço exorbitante e, além do mais, não definirá uma nova linha de intervenção europeia por parte dos líderes que elegemos?
Não tenho resposta para todas estas perguntas, mas por uma questão de consciência social, serei o primeiro a opor-me à realização de um referendo sobre o Tratado de Lisboa.
Não pela questão europeia em si, mas sim pelo alto preço (financeiro) que esse referendo terá.
Nem parece que andamos a apertar o cinto há tanto tempo...
27 de outubro de 2007
Capacidade inapta para saber mais...
É o que nos dão as reflexões partilhadas.
Por vezes, na mais insignificante (aparentemente) troca de palavras, escondem-se tesouros fascinantes do pensamento.
Há dias, numa conversa informal com uma colega, durante a hora do almoço, interrogávamo-nos sobre o porquê da cada vez mais baixa cultura dos portugueses.
Não nos estávamos a referir à Cultura num espaço do "ambiente cultural (arte, música, expressão, etc.)" mas sim às formas de interpretação do conhecimento, da análise e da acção humana.
Falávamos de cultura do saber, do saber-fazer, do interrogar, dos escolher técnicas e tecnologias adequadas à vida e à sobrevivência humana.
Neste "saco" estavam também as nossas reflexões pessoais sobre o fundamental da evolução humana. Para onde queremos nós ir? De que forma? Porquê?...
Como de resto sempre acontece nestas conversas, "perdemo-nos" em reflexões e efabulações, em opiniões e sugestões, em afirmações e constatações...
Mas destas todas, houve uma frase da Ana que me ficou a matutar na cabeça.
"As crianças seguem sempre o Conhecimento. Somos nós que as desencaminhamos!".
Se não foi assim, ipsis verbis, o significado pretendido era este.
Não no momento, como será quase lógico, mas após a maturação da ideia, eis que me vejo a atribuir um significado especial às palavras da Ana.
Efectivamente, as crianças seguem o Conhecimento.
As crianças identificam-se, naturalmente, com os seus líderes (professores, colegas, familiares, etc.) e, de entre estes, é quase certo que o fazem por confiar neles como seus guias para o Conhecimento. Não será por interesse determinado, também não o é por influência, decerto não será por manipulação...
Seguem-nos por confiar que "ficarão a saber".
É ainda mais notório que esta identificação surge espontânea e naturalmente desde muito cedo na infância.
As crianças identificam-se com quem sabe. Não escrevo sobre "saber" formal e formalizado, escolar e académico, tradicional e social. Refiro Saber como um espaço de aprendizagem para o conhecimento, para a acção, para a inclusão.
Esta identificação é demasiado visível (se quisermos vê-la!), mas, por alguma razão, a Escola não a aproveita.
Indo até um pouco mais fundo, há, demasiadas vezes, pouca identificação das crianças com os agentes da Escola, ou mesmo com a Escola...
Porque será?
Não será tempo de a Escola se tornar um líder natural, por, inconscientemente, Saber para Ser?
Que escola queremos nós para os nosso filhos e educandos: uma que lhes dê as ferramentas que necessitam para SER, ou apenas uma que as obrigue a fazer?
Voltarei ao tema.
P.S. Obrigado Ana pela "campainha" que accionaste.
Por vezes, na mais insignificante (aparentemente) troca de palavras, escondem-se tesouros fascinantes do pensamento.
Há dias, numa conversa informal com uma colega, durante a hora do almoço, interrogávamo-nos sobre o porquê da cada vez mais baixa cultura dos portugueses.
Não nos estávamos a referir à Cultura num espaço do "ambiente cultural (arte, música, expressão, etc.)" mas sim às formas de interpretação do conhecimento, da análise e da acção humana.
Falávamos de cultura do saber, do saber-fazer, do interrogar, dos escolher técnicas e tecnologias adequadas à vida e à sobrevivência humana.
Neste "saco" estavam também as nossas reflexões pessoais sobre o fundamental da evolução humana. Para onde queremos nós ir? De que forma? Porquê?...
Como de resto sempre acontece nestas conversas, "perdemo-nos" em reflexões e efabulações, em opiniões e sugestões, em afirmações e constatações...
Mas destas todas, houve uma frase da Ana que me ficou a matutar na cabeça.
"As crianças seguem sempre o Conhecimento. Somos nós que as desencaminhamos!".
Se não foi assim, ipsis verbis, o significado pretendido era este.
Não no momento, como será quase lógico, mas após a maturação da ideia, eis que me vejo a atribuir um significado especial às palavras da Ana.
Efectivamente, as crianças seguem o Conhecimento.
As crianças identificam-se, naturalmente, com os seus líderes (professores, colegas, familiares, etc.) e, de entre estes, é quase certo que o fazem por confiar neles como seus guias para o Conhecimento. Não será por interesse determinado, também não o é por influência, decerto não será por manipulação...
Seguem-nos por confiar que "ficarão a saber".
É ainda mais notório que esta identificação surge espontânea e naturalmente desde muito cedo na infância.
As crianças identificam-se com quem sabe. Não escrevo sobre "saber" formal e formalizado, escolar e académico, tradicional e social. Refiro Saber como um espaço de aprendizagem para o conhecimento, para a acção, para a inclusão.
Esta identificação é demasiado visível (se quisermos vê-la!), mas, por alguma razão, a Escola não a aproveita.
Indo até um pouco mais fundo, há, demasiadas vezes, pouca identificação das crianças com os agentes da Escola, ou mesmo com a Escola...
Porque será?
Não será tempo de a Escola se tornar um líder natural, por, inconscientemente, Saber para Ser?
Que escola queremos nós para os nosso filhos e educandos: uma que lhes dê as ferramentas que necessitam para SER, ou apenas uma que as obrigue a fazer?
Voltarei ao tema.
P.S. Obrigado Ana pela "campainha" que accionaste.
21 de outubro de 2007
Ainda do mesmo...
Já aqui escrevi, por várias ocasiões, sobre a expectativa de ser Professor.
Mais do que sobre a expectativa, tenho reflectido, e por vezes não intencionalmente, sobre o espaço pessoal e profissional associado à vontade de seguir uma profissão que, ao longo dos anos, tem vindo a ser, ora elevada ao seu máximo esplendor, ora rebaixada à sua maior insignificância.
Não posso (não podemos!) esquecer que esta actividade profissional tem sido, ao longo da história, a actividade que mais desperta emoções, seja pelo seu centralismo social, seja pela sua significância ou seja ainda pela sua falta.
Atrevo-me, hoje, a escrever que estas variações estão directamente ligadas ao facto de a Educação, e, por conseguinte, os agentes educativos, serem dos mais "vigiados" espaços de interacção social e comunitária.
Os professores, os agentes educativos, a Escola como um todo, são, constantemente, a razão, a causa e a consequência da evolução social.
Bastar-nos-ia "ler", com alguma atenção, a história da educação, e ficaríamos a saber que as chamadas "Grandes Civilizações" foram-no porque apostaram sempre no seu sistema educativo.
A escrita, para o chineses, a matemática para a Mesoptâmia e todo o explendor do Médio Oriente, ou, mais recentemente, as universidades para a Alemanha pré-conflito mundial, são só alguns (poucos) exemplos de como a Educação serviu (e serve) o desenvolvimento e evolução da humanidade.
Nem sequer é necessário aprofundar a dinâmica causa/efeito nestes exemplos. Haverá muitos mais exemplos (Antiguidade Grega, Esparta, etc., etc.) que poderiam demonstrar a dependência da evolução social daquilo que se convencionou chamar o Sistema Educativo.
E é sobre esse Sistema Educativo que se tem falado por cá.
Infelizmente, desde há muito tempo.
Infelizmente porque se tem falado, mas não se tem decidido muito. Para onde queremos, realmente, ir?
Voltando à questão inicial, a das expectativas, pergunto-me: Quais são as nossas expectativas em relação a este modelo sistémico que nos vendem constantemente? O que pretende? Como defini-lo? Como avaliá-lo?
Estas perguntas, que, de forma mais ou menos cíclica me atormentam, tiveram recentemente um maior impacto pela leitura de alguns comentários (dos sindicatos) sobre a Prova de Acesso à profissão, plasmada no Estatuto da Carreira Docente, recentemente aprovado.
Diziam estes que, entre outras coisas, é "injusto e desadequado" que os noveis professores tenham de "provar" (sic) as suas competências após o término de um curso superior, que, "teoricamente" os prepara para a profissão que escolheram.
Ora, para mim, essa é que é a questão: apenas os (nos) prepara "teoricamente".
Não podemos (nem devemos) deixar apenas nas mãos das Universidades a definição de competências específicas de interesse colectivo. E não podemos fazê-lo porque as universidades (infelizmente) ainda não nos provaram que são entidades sérias e socialmente responsáveis. Senão, vejamos: Porque continuam a organizar cursos e mais cursos cujas saídas profissionais estão, declaradamente, na bancarrota? Porque não seleccionam professores competentes em vez de apenas distribuirem lugares por "conhecidos"? Porque não promovem, de forma séria e complementar, actividades de interesse social, entre as quais uma efectiva aproximação à sociedade? Porque não se posicionam para serem, realmente, pólos de investigação científica de excelência (dir-me-ão que há pólos de excelência em Portugal, mas eu pergunto: e se os compararmos com os das universidades espanholas? quantas universidades portuguesas se encontram no Top100 europeu?)...
Por tudo isto (e até porque o Estado Português, do qual somos todos contribuintes, é actualmente, o maior empregador na Educação), sinto, sinceramente, que a Prova de Acesso à profissão é "um mal menor e necessário". É já tempo de sermos, profissionalmente, o que queremos ser e não apenas o que nos "deixam ser".
Há que exigir e potenciar a exigência.
Mas claro, isso implica que participemos, que nos envolvamos e que nos façamos respeitar.
E, isso tudo, quotidianamente!
Mais do que sobre a expectativa, tenho reflectido, e por vezes não intencionalmente, sobre o espaço pessoal e profissional associado à vontade de seguir uma profissão que, ao longo dos anos, tem vindo a ser, ora elevada ao seu máximo esplendor, ora rebaixada à sua maior insignificância.
Não posso (não podemos!) esquecer que esta actividade profissional tem sido, ao longo da história, a actividade que mais desperta emoções, seja pelo seu centralismo social, seja pela sua significância ou seja ainda pela sua falta.
Atrevo-me, hoje, a escrever que estas variações estão directamente ligadas ao facto de a Educação, e, por conseguinte, os agentes educativos, serem dos mais "vigiados" espaços de interacção social e comunitária.
Os professores, os agentes educativos, a Escola como um todo, são, constantemente, a razão, a causa e a consequência da evolução social.
Bastar-nos-ia "ler", com alguma atenção, a história da educação, e ficaríamos a saber que as chamadas "Grandes Civilizações" foram-no porque apostaram sempre no seu sistema educativo.
A escrita, para o chineses, a matemática para a Mesoptâmia e todo o explendor do Médio Oriente, ou, mais recentemente, as universidades para a Alemanha pré-conflito mundial, são só alguns (poucos) exemplos de como a Educação serviu (e serve) o desenvolvimento e evolução da humanidade.
Nem sequer é necessário aprofundar a dinâmica causa/efeito nestes exemplos. Haverá muitos mais exemplos (Antiguidade Grega, Esparta, etc., etc.) que poderiam demonstrar a dependência da evolução social daquilo que se convencionou chamar o Sistema Educativo.
E é sobre esse Sistema Educativo que se tem falado por cá.
Infelizmente, desde há muito tempo.
Infelizmente porque se tem falado, mas não se tem decidido muito. Para onde queremos, realmente, ir?
Voltando à questão inicial, a das expectativas, pergunto-me: Quais são as nossas expectativas em relação a este modelo sistémico que nos vendem constantemente? O que pretende? Como defini-lo? Como avaliá-lo?
Estas perguntas, que, de forma mais ou menos cíclica me atormentam, tiveram recentemente um maior impacto pela leitura de alguns comentários (dos sindicatos) sobre a Prova de Acesso à profissão, plasmada no Estatuto da Carreira Docente, recentemente aprovado.
Diziam estes que, entre outras coisas, é "injusto e desadequado" que os noveis professores tenham de "provar" (sic) as suas competências após o término de um curso superior, que, "teoricamente" os prepara para a profissão que escolheram.
Ora, para mim, essa é que é a questão: apenas os (nos) prepara "teoricamente".
Não podemos (nem devemos) deixar apenas nas mãos das Universidades a definição de competências específicas de interesse colectivo. E não podemos fazê-lo porque as universidades (infelizmente) ainda não nos provaram que são entidades sérias e socialmente responsáveis. Senão, vejamos: Porque continuam a organizar cursos e mais cursos cujas saídas profissionais estão, declaradamente, na bancarrota? Porque não seleccionam professores competentes em vez de apenas distribuirem lugares por "conhecidos"? Porque não promovem, de forma séria e complementar, actividades de interesse social, entre as quais uma efectiva aproximação à sociedade? Porque não se posicionam para serem, realmente, pólos de investigação científica de excelência (dir-me-ão que há pólos de excelência em Portugal, mas eu pergunto: e se os compararmos com os das universidades espanholas? quantas universidades portuguesas se encontram no Top100 europeu?)...
Por tudo isto (e até porque o Estado Português, do qual somos todos contribuintes, é actualmente, o maior empregador na Educação), sinto, sinceramente, que a Prova de Acesso à profissão é "um mal menor e necessário". É já tempo de sermos, profissionalmente, o que queremos ser e não apenas o que nos "deixam ser".
Há que exigir e potenciar a exigência.
Mas claro, isso implica que participemos, que nos envolvamos e que nos façamos respeitar.
E, isso tudo, quotidianamente!
12 de outubro de 2007
O Menino que não cresceu (uma despedida em jeito de homenagem)
"Era uma vez a "Branca de Neve"...
Era uma vez "Os três porquinhos"...
Era uma vez "O Capuchinho Vermelho"...
De entre muitas histórias ouvidas, ressalta-me uma à cabeça. Nunca antes contada.
Era uma vez um menino que não cresceu!
Quer dizer, cresceu de tamanho, mas o seu coração e a sua forma de ver as coisas é tal e qual uma criança. O seu Mundo é de muitas cores e o seu sorriso e compreensão encantam todas as crianças.
O menino gosta de brincar e acredita que, mesmo sendo adulto, é possível ser pequenino. Fazer de cada dia um Arco-Íris.
Um Arco-Íris em que cada cor é sentimento e emoção.
Uma para a alegria, outra para a brincadeira, outra para a compreensão, outra para a trapalhada, outra para o respeito, outra para a partilha, outra para a paz, outra para o espírito de camaradagem...
Enfim, este menino acredita mesmo num Mundo melhor. Num Mundo de igualdade em que todos devemos acreditar nos outros.
E faz com que cada dia tenha o seu Arco-Íris presente. Para ele e para os que o rodeiam.
Na verdade, o seu coração é pequenino. Porque bate como o de uma criança, buscando energias positivas e partilhando-as com os outros.
Mas, por outro lado, o seu coração é enorme. Enorme porque nele cabem todas as crianças, todos os meninos e meninas que têm a sorte de o conhecer.
Acreditem que ele existe.
E será muito bom que, na nossa caminhada, possamos conhecer um menino que não cresceu!"
Agora, da minha responsabilidade: um enorme OBRIGADO para a Teresa, para a Rita e para a Rosa!
Não são só os meninos que não crescem que valem a pena, são todos aqueles que os ajudam a não crescer!
Era uma vez "Os três porquinhos"...
Era uma vez "O Capuchinho Vermelho"...
De entre muitas histórias ouvidas, ressalta-me uma à cabeça. Nunca antes contada.
Era uma vez um menino que não cresceu!
Quer dizer, cresceu de tamanho, mas o seu coração e a sua forma de ver as coisas é tal e qual uma criança. O seu Mundo é de muitas cores e o seu sorriso e compreensão encantam todas as crianças.
O menino gosta de brincar e acredita que, mesmo sendo adulto, é possível ser pequenino. Fazer de cada dia um Arco-Íris.
Um Arco-Íris em que cada cor é sentimento e emoção.
Uma para a alegria, outra para a brincadeira, outra para a compreensão, outra para a trapalhada, outra para o respeito, outra para a partilha, outra para a paz, outra para o espírito de camaradagem...
Enfim, este menino acredita mesmo num Mundo melhor. Num Mundo de igualdade em que todos devemos acreditar nos outros.
E faz com que cada dia tenha o seu Arco-Íris presente. Para ele e para os que o rodeiam.
Na verdade, o seu coração é pequenino. Porque bate como o de uma criança, buscando energias positivas e partilhando-as com os outros.
Mas, por outro lado, o seu coração é enorme. Enorme porque nele cabem todas as crianças, todos os meninos e meninas que têm a sorte de o conhecer.
Acreditem que ele existe.
E será muito bom que, na nossa caminhada, possamos conhecer um menino que não cresceu!"
Agora, da minha responsabilidade: um enorme OBRIGADO para a Teresa, para a Rita e para a Rosa!
Não são só os meninos que não crescem que valem a pena, são todos aqueles que os ajudam a não crescer!
Sobre a Burocracia....
A quem possa interessar:
Ontem, 36 dias após o pedido ter sido formulado, recebi, do Estado, informação referente à "necessidade" de evitar fazer cerca de 200Km diários para ir trabalhar.
A resposta foi positiva.
Apenas uma informação secundária: durante estes dias, o total das despesas de deslocação e transporte (26 dias úteis) foi de 518.4€ (exclui todas as outras despesas que faria em qualquer outro local - alimentação, parqueamento, etc.).
Não deveria ser possível pedir o reembolso deste valor?
Fica a pergunta.
Ontem, 36 dias após o pedido ter sido formulado, recebi, do Estado, informação referente à "necessidade" de evitar fazer cerca de 200Km diários para ir trabalhar.
A resposta foi positiva.
Apenas uma informação secundária: durante estes dias, o total das despesas de deslocação e transporte (26 dias úteis) foi de 518.4€ (exclui todas as outras despesas que faria em qualquer outro local - alimentação, parqueamento, etc.).
Não deveria ser possível pedir o reembolso deste valor?
Fica a pergunta.
Re-Styling
Hoje, numa das intermináveis viagens até ao destino profissional, ouvi alguém, numa qualquer estação de rádio, falar do "re-styling" do Governo, em relação ao ideário socialista do partido político que o sustenta.
Como é óbvio, detive-me nestas palavras (que sinceramente, não sei de quem são) e resolvi dedicar-me, um pouco, a tentar compreender qual o verdadeiro significado e alcance desta ideia.
Se partirmos do princípio que a tradução directa do inglesismo significa "dar um novo estilo a...", então, até acho que o conceito usado se aplica, pois o que tem mudado nos partidos e nos governos (e note-se que não me detenho no actual), não são questões de base, de princípio, mas sim de estilos de governação e de comunicação.
Se o "palavrão" foi usado para definir um novo ideário, mais liberal (e neo-liberal) deste governo em relação a outros, parece-me triste a ideia de que andamos todos a acusar-nos de nada.
O que eu quero mesmo com isto dizer é que, tal como se queixava aquela professora amiga ("há vinte anos que dou as aulas da mesma maneira e nunca tinha tido problemas. Estes miúdos agora é que são uns selvagens..."), se calhar, nós é que não demos pelas mudanças...
As mudanças, infelizmente, não se deram só no nosso "rectângulo pequeno e esquizofrénico", ou melhor, deram-se, mas nós é que não tivemos nada que ver com isso. As mudanças são, todas elas, muito mais globais do que pensamos.
Será que não entendemos que, por exemplo, as muitas mortes por fome, guerra e miséria que nos entram pela casa dentro, diariamente, mediadas por uma caixa inerte e incapaz de pensar por ela própria, são, de facto, nossa responsabilidade?
Será que não entendemos que, por exemplo, o carro que usamos, a água que desperdiçamos todos os dias ou mesmo aquela inexplicável vontade súbita de "tomar um cafézinho" são causa e consequência dessas mesmas mortes, guerras e miséria, porque a gasolina é roubada aos seus legítimos donos com guerras falsas e manipuladas, a água controlada por questões de poder territorial e o café, que nos chega de longe, só nos satisfaz (física e financeiramente) a nós?
É já tempo de parar e ver.
Em vez de parar e fechar os olhos (que, de resto, é o que temos feito).
Aproximam-se datas importantes. Em 2009, de uma só vez, votaremos para eleger um Governo, um Parlamento Europeu e gestores Autárquicos.
Está, talvez, na hora de abrir os olhos. Mesmo que votemos nas mesmas pessoas e nas mesmas ideias de sempre, não podemos é depois dizer que "nada mudou". A responsabilidade foi, é, e será, sempre nossa.
Como é óbvio, detive-me nestas palavras (que sinceramente, não sei de quem são) e resolvi dedicar-me, um pouco, a tentar compreender qual o verdadeiro significado e alcance desta ideia.
Se partirmos do princípio que a tradução directa do inglesismo significa "dar um novo estilo a...", então, até acho que o conceito usado se aplica, pois o que tem mudado nos partidos e nos governos (e note-se que não me detenho no actual), não são questões de base, de princípio, mas sim de estilos de governação e de comunicação.
Se o "palavrão" foi usado para definir um novo ideário, mais liberal (e neo-liberal) deste governo em relação a outros, parece-me triste a ideia de que andamos todos a acusar-nos de nada.
O que eu quero mesmo com isto dizer é que, tal como se queixava aquela professora amiga ("há vinte anos que dou as aulas da mesma maneira e nunca tinha tido problemas. Estes miúdos agora é que são uns selvagens..."), se calhar, nós é que não demos pelas mudanças...
As mudanças, infelizmente, não se deram só no nosso "rectângulo pequeno e esquizofrénico", ou melhor, deram-se, mas nós é que não tivemos nada que ver com isso. As mudanças são, todas elas, muito mais globais do que pensamos.
Será que não entendemos que, por exemplo, as muitas mortes por fome, guerra e miséria que nos entram pela casa dentro, diariamente, mediadas por uma caixa inerte e incapaz de pensar por ela própria, são, de facto, nossa responsabilidade?
Será que não entendemos que, por exemplo, o carro que usamos, a água que desperdiçamos todos os dias ou mesmo aquela inexplicável vontade súbita de "tomar um cafézinho" são causa e consequência dessas mesmas mortes, guerras e miséria, porque a gasolina é roubada aos seus legítimos donos com guerras falsas e manipuladas, a água controlada por questões de poder territorial e o café, que nos chega de longe, só nos satisfaz (física e financeiramente) a nós?
É já tempo de parar e ver.
Em vez de parar e fechar os olhos (que, de resto, é o que temos feito).
Aproximam-se datas importantes. Em 2009, de uma só vez, votaremos para eleger um Governo, um Parlamento Europeu e gestores Autárquicos.
Está, talvez, na hora de abrir os olhos. Mesmo que votemos nas mesmas pessoas e nas mesmas ideias de sempre, não podemos é depois dizer que "nada mudou". A responsabilidade foi, é, e será, sempre nossa.
5 de outubro de 2007
Esquecimentos.
Estamos, cada vez, mais esquecidos.
Hoje, por ocasião das comemorações do Dia da Implantação da República, o senhor presidente da República relembrou-nos isso mesmo: estamos todos muito esquecidos!
Relembrou-nos da importância da Educação e, sobretudo, do envolvimento parental e social na dinâmica educativa.
Relembrou-nos o quão importante é investirmos (e não se trata apenas de investimento financeiro) na Educação como um sector diferenciador e global do desenvolvimento humano.
A ele toda a justiça do mundo, por, tão sabiamente, nos ter lembrado disso.
O que ele (também) esqueceu, é que este pequeno país ("Tão pequeno", como referia Camilo Castelo Branco), à beira mar plantado sofre, ciclicamente e de forma dura, com os constantes esquecimentos.
A lembrar: quantas já foram as reformas na Educação desde o 25 de Abril? e quantas chegaram ao seu auge?
Quantos já foram os ministros de Educação que se sentaram na poderosa cadeira da 5 de Outubro? Quantos já foram os partidos que ocuparam o poder legislativo e executivo desta República adocicada?
E quantos foram aqueles que, realmente, emprestaram o seu conhecimento e saber à causa pública, para fazer deste país um país a sério?
Porventura, estarão a pensar, os que lerem este pedaço de indignação, que é fácil culpar os políticos, que são eles os verdadeiros culpados, mas o que esta prosa quer valorizar não é a incompetência (deles).
Até porque o senhor Presidente da República também já foi um deles.
O que, verdadeiramente me repugna, é que somos nós, os cidadãos respeitáveis, os profissionais empenhados, os licenciados de excepção, que, por esquecimento, por inoperância, por falta de vontade ou até mesmo por excesso de zelo, contribuímos, decididamente, para este estado de coisas.
São os nossos (podres) poderes do dia-a-dia, a nossa vontade de pensar mais em nós próprios que no bem comum, nas pequenas entrelinhas da nossa vida diária, que tem levado o país a esta cada vez maior miséria.
E nós, docentes, particularmente, somos todos culpados desta incapacidade colectiva de ver mais longe.
Quando a actual Ministra da Educação, numa recente entrevista, afirmou que as escolas eram uma espécie de feudo muito próprio, em que os professores escolhiam as turmas e os alunos que queriam, para "não ter problemas", todos nós nas escolas, nos "indignámos" muito. Quando a Ministra apresentou os valores comparativos do investimento feito em educação nos vários países europeus, e de seguida, mostrou os resultados escolares dos nossos alunos, mais uma vez, nos "indignámos". Quando o(s) Ministério(s) da Educação apresentou(aram) uma vontade de mudar, transposta para várias acções que, entre outras, incluiu uma efectiva Avaliação de Desempenho dos Docentes todos nós, nas escolas, nos "indignámos" mais uma vez...
Sabendo eu, como de resto saberão todos os demais envolvidos nos esforço pela melhoria da Qualidade da Educação, que estas premissas são, na sua maior parte, verdadeiras e reais (por mim, apenas refiro que, em 12 anos de actividade profissional ainda não leccionei numa escola onde não me tivesse confrontado com a "escolha de turmas pelos docentes mais velhos", apesar de tudo, feitas na maior discrição, ficando as "más" turmas para os desgraçados dos "contratados" que chegam à escola e, por vezes, à Educação, nesse mesmo momento), só posso dizer que só com uma real vontade de mudança, que nasça em cada um, se pode fazer pela Escola o que deve ser feito.
E isto tem de começar em nós, na nossa forma de olharmos o nosso colega, vendo-o como um companheiro, e não com o "culpado por os meninos que me chegaram este ano nem sequer saberem ler....".
É esta a razão chave do insucesso (de todo o insucesso). Não estamos sozinhos na nossa tarefa, e se acharmos que estamos, então somos nós quem deve mudar!
E reafirmo que, em nehum momento questiono a qualidade pedagógica, humana e profissional dos docentes.
Apenas me permito pedir-lhes que não se esqueçam...
Hoje, por ocasião das comemorações do Dia da Implantação da República, o senhor presidente da República relembrou-nos isso mesmo: estamos todos muito esquecidos!
Relembrou-nos da importância da Educação e, sobretudo, do envolvimento parental e social na dinâmica educativa.
Relembrou-nos o quão importante é investirmos (e não se trata apenas de investimento financeiro) na Educação como um sector diferenciador e global do desenvolvimento humano.
A ele toda a justiça do mundo, por, tão sabiamente, nos ter lembrado disso.
O que ele (também) esqueceu, é que este pequeno país ("Tão pequeno", como referia Camilo Castelo Branco), à beira mar plantado sofre, ciclicamente e de forma dura, com os constantes esquecimentos.
A lembrar: quantas já foram as reformas na Educação desde o 25 de Abril? e quantas chegaram ao seu auge?
Quantos já foram os ministros de Educação que se sentaram na poderosa cadeira da 5 de Outubro? Quantos já foram os partidos que ocuparam o poder legislativo e executivo desta República adocicada?
E quantos foram aqueles que, realmente, emprestaram o seu conhecimento e saber à causa pública, para fazer deste país um país a sério?
Porventura, estarão a pensar, os que lerem este pedaço de indignação, que é fácil culpar os políticos, que são eles os verdadeiros culpados, mas o que esta prosa quer valorizar não é a incompetência (deles).
Até porque o senhor Presidente da República também já foi um deles.
O que, verdadeiramente me repugna, é que somos nós, os cidadãos respeitáveis, os profissionais empenhados, os licenciados de excepção, que, por esquecimento, por inoperância, por falta de vontade ou até mesmo por excesso de zelo, contribuímos, decididamente, para este estado de coisas.
São os nossos (podres) poderes do dia-a-dia, a nossa vontade de pensar mais em nós próprios que no bem comum, nas pequenas entrelinhas da nossa vida diária, que tem levado o país a esta cada vez maior miséria.
E nós, docentes, particularmente, somos todos culpados desta incapacidade colectiva de ver mais longe.
Quando a actual Ministra da Educação, numa recente entrevista, afirmou que as escolas eram uma espécie de feudo muito próprio, em que os professores escolhiam as turmas e os alunos que queriam, para "não ter problemas", todos nós nas escolas, nos "indignámos" muito. Quando a Ministra apresentou os valores comparativos do investimento feito em educação nos vários países europeus, e de seguida, mostrou os resultados escolares dos nossos alunos, mais uma vez, nos "indignámos". Quando o(s) Ministério(s) da Educação apresentou(aram) uma vontade de mudar, transposta para várias acções que, entre outras, incluiu uma efectiva Avaliação de Desempenho dos Docentes todos nós, nas escolas, nos "indignámos" mais uma vez...
Sabendo eu, como de resto saberão todos os demais envolvidos nos esforço pela melhoria da Qualidade da Educação, que estas premissas são, na sua maior parte, verdadeiras e reais (por mim, apenas refiro que, em 12 anos de actividade profissional ainda não leccionei numa escola onde não me tivesse confrontado com a "escolha de turmas pelos docentes mais velhos", apesar de tudo, feitas na maior discrição, ficando as "más" turmas para os desgraçados dos "contratados" que chegam à escola e, por vezes, à Educação, nesse mesmo momento), só posso dizer que só com uma real vontade de mudança, que nasça em cada um, se pode fazer pela Escola o que deve ser feito.
E isto tem de começar em nós, na nossa forma de olharmos o nosso colega, vendo-o como um companheiro, e não com o "culpado por os meninos que me chegaram este ano nem sequer saberem ler....".
É esta a razão chave do insucesso (de todo o insucesso). Não estamos sozinhos na nossa tarefa, e se acharmos que estamos, então somos nós quem deve mudar!
E reafirmo que, em nehum momento questiono a qualidade pedagógica, humana e profissional dos docentes.
Apenas me permito pedir-lhes que não se esqueçam...
23 de setembro de 2007
Computadores para todos!!!
Serve este post para, essencialmente, saudar a medida de distribuição, a baixo custo, de computadores portáteis a professores e alunos.
Há algum tempo (algures em 1998), escrevi, num artigo publicado numa revista da especialidade, que a mais adequada forma de levar os portugueses a aceitar e integrar as práticas ditas teconlógicas na sua vida quotidiana era, à imagem do que se passara então com os telemóveis, generalizar o seu acesso ao hardware (e também ao software) de forma a que, pela simples proximidade, se criasse o desejo e a vontade de fazer.
Servi-me, como exemplo, da generalização e massificação dos terminais de telefonia móvel (ou seja, dos telemóveis), no qual as operadoras apostaram, e com enorme sucesso.
Após esse artigo, recebi algumas críticas que, em alguns casos, estavam cheias de razão: "que formação daí adviria", "que uso efectivo", "que integração seria seguida pela Escola"...
Reconheço que essas críticas me levaram a pensar seriamente na questão, e, mais ainda porque algumas delas vieram de pessoas que respeito nesta área.
Mas, apesar dessa reflexão, continuei a admitir o princípio como um bom princípio, desde que, se pensasse nessas questões (nas críticas).
Agora, passados alguns anos, e integrada num plano ambicioso, eis que chega a medida de generalização dos computadores (e ainda por mais portáteis) encabeçada pelo Governo que tanto tem andado "nas bocas do mundo".
E o que eu vi, nas Escolas (em todas as Escolas), foram os professores a correr para requerer um dos milhares de computadores, a solicitar códigos e impacientes por "nunca mais chegar" o prometido terminal...
Ao serem questionados sobre a efectiva vontade de utilização destes equipamentos, alguns deles responderam: "o meu filho está a precisar de um computador novo", ou "eu não sei para o que serve, mas pelo preço...", ou ainda "...logo se vê. O que é importante é ter um..."
Por aqui se poderá espreitar um pouco do caminho que ainda deve ser feito.
Tal como me chegaram críticas há uns anos, eu agora mantenho-as: que formação faremos de agora em diante? que respostas efectivas devemos esperar nas práticas docentes? como é que vamos readaptar as nossas práticas lectivas a este plano ambicioso?
Não nos podemos esquecer que, nesta equação (alunos+professores+computadores), os alunos possuem já uma proficiência que os docentes ainda não têm.
E se alguns dos primeiros já se sentiam desmotivados, como ficaremos agora?
De qualquer forma, como costumo referir em algumas acções de formação: "se aprendemos a utilizar o cartão multibanco e o telemóvel, de certeza que aprenderemos a utilizar o computador"...
Há algum tempo (algures em 1998), escrevi, num artigo publicado numa revista da especialidade, que a mais adequada forma de levar os portugueses a aceitar e integrar as práticas ditas teconlógicas na sua vida quotidiana era, à imagem do que se passara então com os telemóveis, generalizar o seu acesso ao hardware (e também ao software) de forma a que, pela simples proximidade, se criasse o desejo e a vontade de fazer.
Servi-me, como exemplo, da generalização e massificação dos terminais de telefonia móvel (ou seja, dos telemóveis), no qual as operadoras apostaram, e com enorme sucesso.
Após esse artigo, recebi algumas críticas que, em alguns casos, estavam cheias de razão: "que formação daí adviria", "que uso efectivo", "que integração seria seguida pela Escola"...
Reconheço que essas críticas me levaram a pensar seriamente na questão, e, mais ainda porque algumas delas vieram de pessoas que respeito nesta área.
Mas, apesar dessa reflexão, continuei a admitir o princípio como um bom princípio, desde que, se pensasse nessas questões (nas críticas).
Agora, passados alguns anos, e integrada num plano ambicioso, eis que chega a medida de generalização dos computadores (e ainda por mais portáteis) encabeçada pelo Governo que tanto tem andado "nas bocas do mundo".
E o que eu vi, nas Escolas (em todas as Escolas), foram os professores a correr para requerer um dos milhares de computadores, a solicitar códigos e impacientes por "nunca mais chegar" o prometido terminal...
Ao serem questionados sobre a efectiva vontade de utilização destes equipamentos, alguns deles responderam: "o meu filho está a precisar de um computador novo", ou "eu não sei para o que serve, mas pelo preço...", ou ainda "...logo se vê. O que é importante é ter um..."
Por aqui se poderá espreitar um pouco do caminho que ainda deve ser feito.
Tal como me chegaram críticas há uns anos, eu agora mantenho-as: que formação faremos de agora em diante? que respostas efectivas devemos esperar nas práticas docentes? como é que vamos readaptar as nossas práticas lectivas a este plano ambicioso?
Não nos podemos esquecer que, nesta equação (alunos+professores+computadores), os alunos possuem já uma proficiência que os docentes ainda não têm.
E se alguns dos primeiros já se sentiam desmotivados, como ficaremos agora?
De qualquer forma, como costumo referir em algumas acções de formação: "se aprendemos a utilizar o cartão multibanco e o telemóvel, de certeza que aprenderemos a utilizar o computador"...
21 de setembro de 2007
Será só burocracia?
Hoje sinto-me triste.
Tenho estado a fazer duzentos quilómetros diários para desenvolver a minha actividade e, apesar de esperar pacientemente a resposta a um pedido de permuta, não me chateia o facto de poder vir a continuar deslocado.
As dinâmicas conseguidas na actividade docente podem ser de qualidade em Lisboa, em Peniche ou na China. O que conta é a dedicação e vontade com que nos entregamos ao trabalho.
Mas o que me deixa triste é, no fundo, a dificuldade em os nossos superiores hierárquicos (ou quem por eles) entenderem a facilidade com que nos afeiçoamos aos alunos e mesmo às suas famílias.
Desde o início do ano que avisei todos os envolvidos na vida da escola da possibilidade de, a qualquer momento, ter de interromper a actividade para me aproximar do meu local de residência. Contei para isso, com um aviso informal e oficioso de que a permuta "estava aprovada".
O que não compreendo é que, passados quase quinze dias, ainda continue à espera da "oficialização" do processo, com o envio de um simples ofício aos Agrupamentos envolvidos, tendo de continuar a fazer, diariamente, os tais duzentos quilómetros (com todos os custos envolvidos).
Ligar para a Direcção Regional está fora de questão (só quem nunca o fez pode estranhar esta afirmação), e, através de contactos informais, é-me dito que "há processos que demoram"...
Uma assinatura demora mesmo muito tempo a fazer.
O que me choca e chateia é a insensibilidade para com as pessoas. Se calhar não sabem que gasto em tempo e dinheiro, diariamente, mais do que aufiro nesta actividade. Se calhar não sabem que uma certeza definitiva podia permitir-me adequar-me à mudança (alugar uma casa, "mudar-me" de armas e bagagens, etc.) mas, o que mais me entristece é a ignorância pedagógica e educativa dos decisores.
No pré-escolar, o início de cada ano é marcado por novos alunos, novas famílias, novas adaptações. O princípio da Escola, para muitas pessoas, é uma fase determinante da sua vida. Não é possível adiar decisões que mexem com sentimentos, sensações, experiências.
O que acontecerá a estes meus alunos quando, depois de uma ou duas semanas de adaptação com uma determinada figura (o professor, neste caso), tiverem de receber outra?
Juro que me esforcei por, por um lado, cumprir todos os prazos que me foram pedidos para evitar esta situação. Por outro lado, deixei claro a minha situação a todos os envolvidos. Mas isso não é suficiente.
Por tudo isto me sinto triste. Não tenha essa capacidade de achar que "não é nada comigo".
Tudo isto é "comigo". E eu sinto-o na pele.
Tenho estado a fazer duzentos quilómetros diários para desenvolver a minha actividade e, apesar de esperar pacientemente a resposta a um pedido de permuta, não me chateia o facto de poder vir a continuar deslocado.
As dinâmicas conseguidas na actividade docente podem ser de qualidade em Lisboa, em Peniche ou na China. O que conta é a dedicação e vontade com que nos entregamos ao trabalho.
Mas o que me deixa triste é, no fundo, a dificuldade em os nossos superiores hierárquicos (ou quem por eles) entenderem a facilidade com que nos afeiçoamos aos alunos e mesmo às suas famílias.
Desde o início do ano que avisei todos os envolvidos na vida da escola da possibilidade de, a qualquer momento, ter de interromper a actividade para me aproximar do meu local de residência. Contei para isso, com um aviso informal e oficioso de que a permuta "estava aprovada".
O que não compreendo é que, passados quase quinze dias, ainda continue à espera da "oficialização" do processo, com o envio de um simples ofício aos Agrupamentos envolvidos, tendo de continuar a fazer, diariamente, os tais duzentos quilómetros (com todos os custos envolvidos).
Ligar para a Direcção Regional está fora de questão (só quem nunca o fez pode estranhar esta afirmação), e, através de contactos informais, é-me dito que "há processos que demoram"...
Uma assinatura demora mesmo muito tempo a fazer.
O que me choca e chateia é a insensibilidade para com as pessoas. Se calhar não sabem que gasto em tempo e dinheiro, diariamente, mais do que aufiro nesta actividade. Se calhar não sabem que uma certeza definitiva podia permitir-me adequar-me à mudança (alugar uma casa, "mudar-me" de armas e bagagens, etc.) mas, o que mais me entristece é a ignorância pedagógica e educativa dos decisores.
No pré-escolar, o início de cada ano é marcado por novos alunos, novas famílias, novas adaptações. O princípio da Escola, para muitas pessoas, é uma fase determinante da sua vida. Não é possível adiar decisões que mexem com sentimentos, sensações, experiências.
O que acontecerá a estes meus alunos quando, depois de uma ou duas semanas de adaptação com uma determinada figura (o professor, neste caso), tiverem de receber outra?
Juro que me esforcei por, por um lado, cumprir todos os prazos que me foram pedidos para evitar esta situação. Por outro lado, deixei claro a minha situação a todos os envolvidos. Mas isso não é suficiente.
Por tudo isto me sinto triste. Não tenha essa capacidade de achar que "não é nada comigo".
Tudo isto é "comigo". E eu sinto-o na pele.
18 de setembro de 2007
De volta à actividade
Pois é!
As férias já foram. Há agora que renovar os votos de bom trabalho e de vontade para o fazer.
O ano não começou muito bem. Por força dos malfadados concursos, eis que me vejo deslocado cerca de cem quilómetros para poder fazer aquilo que gosto e me dá prazer.
Não obstante, estes precalços têm algum interesse, quanto mais não seja por nos permitir observar que este pequeníssimo país em que vivemos tem gritantes desigualdades em tão pequenas distâncias.
Habituado que estive a desenvolver a minha actividade em municípios que apostam forte na educação, é com algum espanto (e também mágoa) que constato como são diferentes as abordagens políticas à educação de infância.
A desculpa, essa é sempre a mesma: não há dinheiro.
Que sirva o "barrete" a quem o quiser ter!....
Mas neste arrancar há ainda alguns outros temas a reter: a burocracia excessiva, as incertezas e o facto de a minha "fama" (para o bem e para o mal), me preceder.
Em relação à burocracia, estou quase a desistir: um pedido de permuta, entrado nos respectivos serviços no período respectivo está, há mais de três semanas, a demolhar. É algo assustador, principalmente quando mexe com a vida das pessoas, com dinheiro, e, acima de tudo, com crianças de pré-escolar que, também elas, estão na incerteza de saber que será o seu "professor"....
As incertezas prendem-se também com o facto de saber se é melhor alugar uma casa, fazer a viagem diariamente ou encontrar algo no meio (quando se está colocado a 100Km de casa, alguma coisa se tem de decidir)...
Que mais haverá a dizer?!
Sobre a "fama" que me precede, esclareço que é o mais assustador. É como se me sentisse vigiado a cada passo. As pessoas sabem quem sou, o que faço (ou fiz), as mais valias, os interesses, e, no fim de tudo, não sou diferente de ninguém. Muito menos dos excelentes Educadores que aí andam...
Mas confesso que chegar a um local onde pouco (ou nada) escapa do meu trabalho, de quem sou, do que fiz, é, ao mesmo tempo, um desafio.
Um desafio que nos impele a fazer mais e melhor.
Haja vontade e disposição para tal.
Mas com menos burocracia.
As férias já foram. Há agora que renovar os votos de bom trabalho e de vontade para o fazer.
O ano não começou muito bem. Por força dos malfadados concursos, eis que me vejo deslocado cerca de cem quilómetros para poder fazer aquilo que gosto e me dá prazer.
Não obstante, estes precalços têm algum interesse, quanto mais não seja por nos permitir observar que este pequeníssimo país em que vivemos tem gritantes desigualdades em tão pequenas distâncias.
Habituado que estive a desenvolver a minha actividade em municípios que apostam forte na educação, é com algum espanto (e também mágoa) que constato como são diferentes as abordagens políticas à educação de infância.
A desculpa, essa é sempre a mesma: não há dinheiro.
Que sirva o "barrete" a quem o quiser ter!....
Mas neste arrancar há ainda alguns outros temas a reter: a burocracia excessiva, as incertezas e o facto de a minha "fama" (para o bem e para o mal), me preceder.
Em relação à burocracia, estou quase a desistir: um pedido de permuta, entrado nos respectivos serviços no período respectivo está, há mais de três semanas, a demolhar. É algo assustador, principalmente quando mexe com a vida das pessoas, com dinheiro, e, acima de tudo, com crianças de pré-escolar que, também elas, estão na incerteza de saber que será o seu "professor"....
As incertezas prendem-se também com o facto de saber se é melhor alugar uma casa, fazer a viagem diariamente ou encontrar algo no meio (quando se está colocado a 100Km de casa, alguma coisa se tem de decidir)...
Que mais haverá a dizer?!
Sobre a "fama" que me precede, esclareço que é o mais assustador. É como se me sentisse vigiado a cada passo. As pessoas sabem quem sou, o que faço (ou fiz), as mais valias, os interesses, e, no fim de tudo, não sou diferente de ninguém. Muito menos dos excelentes Educadores que aí andam...
Mas confesso que chegar a um local onde pouco (ou nada) escapa do meu trabalho, de quem sou, do que fiz, é, ao mesmo tempo, um desafio.
Um desafio que nos impele a fazer mais e melhor.
Haja vontade e disposição para tal.
Mas com menos burocracia.
4 de setembro de 2007
Acabaram-se as férias...!
Pois é, as férias, essa coisa absurda que os empregadores insistem em apresentar como uma benesse por eles oferecida, como se de uma especial atenção (e um favor) se tratasse, estão a acabar por este ano (pelo menos para mim!).
E o que é facto é que, esse tempo ao qual damos tanta importância e relevo (dizem os especialistas que é fundamental para a reposição dos níveis de equílibrio físico, emocional e psíquico dos indíviduos), já não é o que era.
Para quem, como eu, escolheu, entre outros destinos, o Algarve, bem pode desejar um ano pouco intenso, descansado e equilibrado, pois para esses, as férias de nada serviram.
O Algarve descaracterizado e desorganizado não permite uma efectiva pausa para reposição de níveis de equilíbrio.
As praias sujas e de díficil acesso, o estacionamento desregulado e selvagem, as construções feias e egoístas, o desarranjo urbanístico e, acima de tudo, a manutenção do estado de graça do típico "chico-esperto" português (se bem que por vezes ouvem-se "chicos-espertos" a falar outras línguas) contribuiram para a degradação efectiva do litoral algarvio.
Estas palavras, como é de ver, juntam-se a milhares de outras palavras no mesmo sentido, mas, apesar disso, sinto esta premente necessidade de deixar escrita esta minha sensação de impotência.
De que me serviu reclamar (oficialmente) das condições apresentadas por um concessionário de praia que oferece casas de banho públicas comparadas a estrumeiras, sem acesso para defecientes e que cobrava os bens e os serviços que oferecia a, pelo menos, mais 30% do seu real valor?
De que me serviu ter feito notar que, numa mesma praia, as duas bandeiras de sinalização apresentavam cores diferentes (amarela e verde) e o Nadador-Salvador esteve, durante toda a manhã em alegre cavaqueira com uns turistas e de costas voltadas para o mar?
De que serviu ter juntado os restos de embalagens que alguns incautos veraneantes deixaram no areal, quando, ao tentar depositá-los no recipiente respectivo, este transbordava e tinha já embalagens no chão, à volta (apesar de serem ainda 10 horas da manhã)?
O descanso preconizado para as férias não acontece quando se escolhe o Algarve, mas, por mais que o diga, nunca será demais fazer notar que poderia ser bem melhor, desde que, para isso, todos nós nos obrigassemos a ser exigentes, implacáveis e cumpridores...
...mas quem não tem telhados de vidro, não é?
E o que é facto é que, esse tempo ao qual damos tanta importância e relevo (dizem os especialistas que é fundamental para a reposição dos níveis de equílibrio físico, emocional e psíquico dos indíviduos), já não é o que era.
Para quem, como eu, escolheu, entre outros destinos, o Algarve, bem pode desejar um ano pouco intenso, descansado e equilibrado, pois para esses, as férias de nada serviram.
O Algarve descaracterizado e desorganizado não permite uma efectiva pausa para reposição de níveis de equilíbrio.
As praias sujas e de díficil acesso, o estacionamento desregulado e selvagem, as construções feias e egoístas, o desarranjo urbanístico e, acima de tudo, a manutenção do estado de graça do típico "chico-esperto" português (se bem que por vezes ouvem-se "chicos-espertos" a falar outras línguas) contribuiram para a degradação efectiva do litoral algarvio.
Estas palavras, como é de ver, juntam-se a milhares de outras palavras no mesmo sentido, mas, apesar disso, sinto esta premente necessidade de deixar escrita esta minha sensação de impotência.
De que me serviu reclamar (oficialmente) das condições apresentadas por um concessionário de praia que oferece casas de banho públicas comparadas a estrumeiras, sem acesso para defecientes e que cobrava os bens e os serviços que oferecia a, pelo menos, mais 30% do seu real valor?
De que me serviu ter feito notar que, numa mesma praia, as duas bandeiras de sinalização apresentavam cores diferentes (amarela e verde) e o Nadador-Salvador esteve, durante toda a manhã em alegre cavaqueira com uns turistas e de costas voltadas para o mar?
De que serviu ter juntado os restos de embalagens que alguns incautos veraneantes deixaram no areal, quando, ao tentar depositá-los no recipiente respectivo, este transbordava e tinha já embalagens no chão, à volta (apesar de serem ainda 10 horas da manhã)?
O descanso preconizado para as férias não acontece quando se escolhe o Algarve, mas, por mais que o diga, nunca será demais fazer notar que poderia ser bem melhor, desde que, para isso, todos nós nos obrigassemos a ser exigentes, implacáveis e cumpridores...
...mas quem não tem telhados de vidro, não é?
23 de julho de 2007
Impressões
Um Blogue é um espaço interessantíssimo como espaço de expressão pessoal e de reflexão partilhada. Escrever, ou ilustrar ideias, é um compromisso pessoal, mais do que social. Poder reflectir, escrevendo, é, para alguns, uma forma de consubstanciar práticas, definir direcções e orientr desejos.
Para mim, é!
Mas um Blogue assume-se como muito mais do que isso. É um espaço novo e inovador, que permite alcançar um maior e mais vasto leque de público(s), com maiores possibilidades de partilha e de análise conjunta.
Pelos "posts" que tenho recebido, mais ainda me convenço de que é fundamental (cada vez mais fundamental) estar incluído num espaço de reflexão e participação conjunto, que nos permita continuar a reflectir, de forma crítica e sustentada, as ideias, opiniões e crenças, pois só assim crescemos enquanto pessoas e profissionais.
É bom receber o conforto nas palavras amigas, as críticas construtivas e as ideias alternativas, e, assim, melhorar a nossa forma de ser, de estar, de pensar e de agir, certos que nos guia um sentido de responsabilidade comum e uma vontade de mudança contínua.
A todos os que têm "ajudado a mudar o (meu) mundo", o meu obrigado.
E desde já afirmo que é para continuar.
Para mim, é!
Mas um Blogue assume-se como muito mais do que isso. É um espaço novo e inovador, que permite alcançar um maior e mais vasto leque de público(s), com maiores possibilidades de partilha e de análise conjunta.
Pelos "posts" que tenho recebido, mais ainda me convenço de que é fundamental (cada vez mais fundamental) estar incluído num espaço de reflexão e participação conjunto, que nos permita continuar a reflectir, de forma crítica e sustentada, as ideias, opiniões e crenças, pois só assim crescemos enquanto pessoas e profissionais.
É bom receber o conforto nas palavras amigas, as críticas construtivas e as ideias alternativas, e, assim, melhorar a nossa forma de ser, de estar, de pensar e de agir, certos que nos guia um sentido de responsabilidade comum e uma vontade de mudança contínua.
A todos os que têm "ajudado a mudar o (meu) mundo", o meu obrigado.
E desde já afirmo que é para continuar.
11 de julho de 2007
E agora...
Já está!
Mais um ano lectivo concluído com algum êxito.
Agora que estou no tempo de fazer uma reflexão profunda sobre o que de bem (e de mal) correu, nada melhor que passar os olhos pelas reflexões trimestrais, pelos trabalhos, pelas opiniões devidamente redigidas, pelas memórias do que foi e do que teria sido...
Enche-me de satisfação o que vejo. Gosto. Posso mesmo dizer que correu muito bem.
No entanto, não consigo deixar de pensar que poderia ter sido ainda melhor.
Não fosse a (muita) incompreensão de que fui alvo. Não pelos alunos nem pelas famílias, mas por aquilo que se convencionou chamar "O Sistema"!
E este sistema está tão identificado. São os colegas, que do alto da sua "muita experiência" são pouco dados a "outras experiências". É a burocracia impeditiva, desgastante e desmotivadora. É a corrupção de valores e de conceitos. É a falta de vontade de fazer diferente, para melhor...
É o "foi sempre assim..."!
Mas não serão essas as razões para que não continue.
Provavelmente serão essas as razões que me fazem continuar. Quem sabe?
Sinto-me satisfeito. Mas bastará isso?
Mais um ano lectivo concluído com algum êxito.
Agora que estou no tempo de fazer uma reflexão profunda sobre o que de bem (e de mal) correu, nada melhor que passar os olhos pelas reflexões trimestrais, pelos trabalhos, pelas opiniões devidamente redigidas, pelas memórias do que foi e do que teria sido...
Enche-me de satisfação o que vejo. Gosto. Posso mesmo dizer que correu muito bem.
No entanto, não consigo deixar de pensar que poderia ter sido ainda melhor.
Não fosse a (muita) incompreensão de que fui alvo. Não pelos alunos nem pelas famílias, mas por aquilo que se convencionou chamar "O Sistema"!
E este sistema está tão identificado. São os colegas, que do alto da sua "muita experiência" são pouco dados a "outras experiências". É a burocracia impeditiva, desgastante e desmotivadora. É a corrupção de valores e de conceitos. É a falta de vontade de fazer diferente, para melhor...
É o "foi sempre assim..."!
Mas não serão essas as razões para que não continue.
Provavelmente serão essas as razões que me fazem continuar. Quem sabe?
Sinto-me satisfeito. Mas bastará isso?
17 de junho de 2007
Avaliar?!!
Chegado que estou ao processo de formulação escrita das minhas opiniões sobre os processos evolutivos dos meus alunos, deparo-me (e debato-me) com questões ético-morais-formais sobre o que compreende (ou deveria compreender) este processo de escrita (e oficialização) de opiniões.
Enquanto seres humanos, cidadãos e indivíduos integrantes de uma sociedade, com regras e com uma organização específica, avaliamos a cada momento, a cada segundo. Avaliamos se é possível atravessar a estrada, se é possível gastar este ou aquele montante, se temos de vestir roupa leve ou roupa de Inverno.
Avaliamos sobre os nossos comportamentos e atitudes, sobre os comportamentos e atitudes dos outros, sobre o que esperamos, sobre o que esperam de nós e as avaliações que mais nos “pesam” são aquelas das quais não temos de elaborar um relatório formal.
Mas elaborar um relatório formal é complexo e discriminatório, e, por vezes, o resultado de tão elaborado processo avaliativo é redundante e pouco significativo.
A elaboração de “relatórios de avaliação” pode ser (e eu acredito nisto) um espaço de partilha e de conceitualização emergente. Pode funcionar como um guia processual e, acima de tudo, é também uma forma de organizar a informação.
Mas, infelizmente, o resultado desse aturado processo é, não raras vezes, marginalizado, se não ignorado.
Desde sempre, talvez por sentir que me é fácil registar, por escrito, algumas das minhas convicções, elaboro relatórios e documentos de reflexão onde tento (proponho) esclarecer, informar e reflectir, de forma concreta e aturada, sobre dinâmicas, experiências, processos e resultados.
Não obstante, sei que este processo é muito mais introspectivo e endógeno do que efectivamente promotor de reflexões alargadas, de busca de consensos evolutivos e organizadores de novas e melhoradas práticas colectivas.
Também sei, que, não raras vezes, esses documentos e relatórios, que consomem tempo, disposição e vontade, são sabiamente “arrumados”, para evitar reflexões, acções e colapsos, e que, na maior parte das vezes, apenas são pedidos (exigidos) porque “sempre foi assim”.
É preciso que comecemos a pensar no que fazemos! Na escola e na vida é importante aprender. Mas será importante “ensinarmos” coisas que não se aprendem?
Ensinar e aprender, apesar de constantemente colados, são dois conceitos díspares e distantes. Nem tudo o que se ensina é objecto de efectiva aprendizagem.
E a Escola, na maior parte das vezes, esquece esta tão importante verdade.
E se é para pensar, deixo aqui uma reflexão simples sobre o que é, para mim, o espaço da avaliação:
Perguntava-me, há dias, um amigo meu: “Quando eras pequeno gostavas de Sopa de Caldo Verde?”. Tal como (acredito) uma grande parte de pessoas que conheço, a minha resposta foi: “Não!”. De seguida, acabámos a perguntar-nos porque é que continuamos a insistir, nos refeitórios, nas cantinas (e às vezes em casa) em “obrigar” as crianças a comer Sopa de Caldo Verde, com aqueles fios irritantes e com aquele aspecto horrível...?
Se é por causa da “riqueza” nutricional, era interessante pensar que há outras sopas igualmente ricas que não causam uma tão grande objecção por parte das crianças. E, se pretendermos uma efectiva avaliação (neste caso talvez mais pedagógica do que “nutricional”) é importante colocar este tipo de reflexão na frente dos temas e debates a fazer na (e pela) Escola. Ou como me perguntava uma outra amiga: alguma vez viste os Professores fazer uma greve por questões pedagógicas?
Enquanto seres humanos, cidadãos e indivíduos integrantes de uma sociedade, com regras e com uma organização específica, avaliamos a cada momento, a cada segundo. Avaliamos se é possível atravessar a estrada, se é possível gastar este ou aquele montante, se temos de vestir roupa leve ou roupa de Inverno.
Avaliamos sobre os nossos comportamentos e atitudes, sobre os comportamentos e atitudes dos outros, sobre o que esperamos, sobre o que esperam de nós e as avaliações que mais nos “pesam” são aquelas das quais não temos de elaborar um relatório formal.
Mas elaborar um relatório formal é complexo e discriminatório, e, por vezes, o resultado de tão elaborado processo avaliativo é redundante e pouco significativo.
A elaboração de “relatórios de avaliação” pode ser (e eu acredito nisto) um espaço de partilha e de conceitualização emergente. Pode funcionar como um guia processual e, acima de tudo, é também uma forma de organizar a informação.
Mas, infelizmente, o resultado desse aturado processo é, não raras vezes, marginalizado, se não ignorado.
Desde sempre, talvez por sentir que me é fácil registar, por escrito, algumas das minhas convicções, elaboro relatórios e documentos de reflexão onde tento (proponho) esclarecer, informar e reflectir, de forma concreta e aturada, sobre dinâmicas, experiências, processos e resultados.
Não obstante, sei que este processo é muito mais introspectivo e endógeno do que efectivamente promotor de reflexões alargadas, de busca de consensos evolutivos e organizadores de novas e melhoradas práticas colectivas.
Também sei, que, não raras vezes, esses documentos e relatórios, que consomem tempo, disposição e vontade, são sabiamente “arrumados”, para evitar reflexões, acções e colapsos, e que, na maior parte das vezes, apenas são pedidos (exigidos) porque “sempre foi assim”.
É preciso que comecemos a pensar no que fazemos! Na escola e na vida é importante aprender. Mas será importante “ensinarmos” coisas que não se aprendem?
Ensinar e aprender, apesar de constantemente colados, são dois conceitos díspares e distantes. Nem tudo o que se ensina é objecto de efectiva aprendizagem.
E a Escola, na maior parte das vezes, esquece esta tão importante verdade.
E se é para pensar, deixo aqui uma reflexão simples sobre o que é, para mim, o espaço da avaliação:
Perguntava-me, há dias, um amigo meu: “Quando eras pequeno gostavas de Sopa de Caldo Verde?”. Tal como (acredito) uma grande parte de pessoas que conheço, a minha resposta foi: “Não!”. De seguida, acabámos a perguntar-nos porque é que continuamos a insistir, nos refeitórios, nas cantinas (e às vezes em casa) em “obrigar” as crianças a comer Sopa de Caldo Verde, com aqueles fios irritantes e com aquele aspecto horrível...?
Se é por causa da “riqueza” nutricional, era interessante pensar que há outras sopas igualmente ricas que não causam uma tão grande objecção por parte das crianças. E, se pretendermos uma efectiva avaliação (neste caso talvez mais pedagógica do que “nutricional”) é importante colocar este tipo de reflexão na frente dos temas e debates a fazer na (e pela) Escola. Ou como me perguntava uma outra amiga: alguma vez viste os Professores fazer uma greve por questões pedagógicas?
10 de junho de 2007
4 de junho de 2007
Melhorias, ou talvez não?...
Hoje deu tudo em doido. Toda a gente faz contas: pontos daqui, pontos dali, pontos dacolá...
Estiveram anos e anos a obrigar-se a cumprir o calendário e agora deu-lhes para justificar tudo e mais alguma coisa...
Se calhar é melhor ver se aquele beijinho que deram na mão do Papa também vale pontos.
Estou assustado. Estou assustado porque sinto que, de acordo com estas orientações, há muito boa gente que vai estar no poleiro a cantar de Galo e, sinceramente, não acho que o mereçam!
Espero bem que esta (re)classificação não traga ainda mais problemas à Educação.
Um dia destes li, na Visão, um comentário que achei muito pertinente: dizia alguém que, ao longo destes últimos anos, foram alguns dos professores que, nas escolas, sustentaram Clubes e Projectos (de Música, de Cinema, de Jornalismo, Língua, etc.), muitas vezes pagando dos seus próprios bolsos as despesas, que mantiveram o interesse pela escola em centenas (senão milhares) de crianças e jovens para quem, se assim não fosse, desmotivariam ainda mais.
Contudo, esses dedicados professores, bem se tramam agora. Nem um pontinho!
Não posso estar mais de acordo com esse texto da Visão.
Todos os grandes estudos nacionais e internacionais sobre a Qualidade da Educação e da Escola referem, vezes sem conta, que a escola tem de se aproximar dos interesses dos alunos através de estratégias alternativas que os motivem e integrem. Muitos professores, ao longo do tempo, leram inteligentemente esses estudos e passaram-nos à prática e agora... agora vêem o seu tempo completamente desperdiçado e ignorado.
E que justiça a de voltar a valorizar a ascensão académica (Mestrados, Doutoramentos, etc.) quando esses graus académicos já foram, uma vez, recompensados?
Nada tenho a opor à progressão académica e individual dos docentes, mas para quem proclama que se "deve recompensar o trabalho, nas aulas, com os alunos", não me parece a forma mais eficaz de definir regras para um Concurso para Professor Titular.
E a estes que agora ascendam ao nível seguinte, continuar-se-á a avaliar a suas práticas? E se não corresponderem, serão despromovidos?
Estas são algumas das interrogações que veria, com gosto, respondidas.
Estiveram anos e anos a obrigar-se a cumprir o calendário e agora deu-lhes para justificar tudo e mais alguma coisa...
Se calhar é melhor ver se aquele beijinho que deram na mão do Papa também vale pontos.
Estou assustado. Estou assustado porque sinto que, de acordo com estas orientações, há muito boa gente que vai estar no poleiro a cantar de Galo e, sinceramente, não acho que o mereçam!
Espero bem que esta (re)classificação não traga ainda mais problemas à Educação.
Um dia destes li, na Visão, um comentário que achei muito pertinente: dizia alguém que, ao longo destes últimos anos, foram alguns dos professores que, nas escolas, sustentaram Clubes e Projectos (de Música, de Cinema, de Jornalismo, Língua, etc.), muitas vezes pagando dos seus próprios bolsos as despesas, que mantiveram o interesse pela escola em centenas (senão milhares) de crianças e jovens para quem, se assim não fosse, desmotivariam ainda mais.
Contudo, esses dedicados professores, bem se tramam agora. Nem um pontinho!
Não posso estar mais de acordo com esse texto da Visão.
Todos os grandes estudos nacionais e internacionais sobre a Qualidade da Educação e da Escola referem, vezes sem conta, que a escola tem de se aproximar dos interesses dos alunos através de estratégias alternativas que os motivem e integrem. Muitos professores, ao longo do tempo, leram inteligentemente esses estudos e passaram-nos à prática e agora... agora vêem o seu tempo completamente desperdiçado e ignorado.
E que justiça a de voltar a valorizar a ascensão académica (Mestrados, Doutoramentos, etc.) quando esses graus académicos já foram, uma vez, recompensados?
Nada tenho a opor à progressão académica e individual dos docentes, mas para quem proclama que se "deve recompensar o trabalho, nas aulas, com os alunos", não me parece a forma mais eficaz de definir regras para um Concurso para Professor Titular.
E a estes que agora ascendam ao nível seguinte, continuar-se-á a avaliar a suas práticas? E se não corresponderem, serão despromovidos?
Estas são algumas das interrogações que veria, com gosto, respondidas.
27 de maio de 2007
"Arrefecer"...
Eu sei (já ouço isso há tanto tempo!) que tenho de "dar tempo ao tempo", que tenho de "arrefecer", que tenho de "ser maior do que...", eu sei tudo isso. Mas também sei que este desgaste constante me deixa saturado e que me tira o tempo de atenção e dedicação que quero entregar àqueles que o merecem.
Por vezes, tenho uma réstia de esperança que os nossos pares entendam a seriedade que é a educação de infância. Eu nunca frequentei um Jardim-de-infância (a minha mãe tratou disso, ao ter quatro filhos!) mas sei, por experiência própria, que aquilo que sou, aquilo que procuro ser, é resultado directo desses magníficos anos de experimentação, de descoberta, de liberdade, de prazer...
A educação de infância é uma coisa séria. Tão séria que não a concebo numa perspectiva de "trabalho".
Avaliar, devolver o nosso trabalho à prática é, para mim, uma questão de honra.
E quando compreendo que estou no caminho errado, sou o primeiro a querer mudar.
Mas quando tenho indicações, que normalmente me chegam através de incentivos vários, dos alunos, de colegas, de familiares de alunos e até mesmo dos amigos e dos meus familiares, sinto-me bem, e sinto que estou no bom caminho daquilo que defini como objectivo de vida.
Mas também sou o primeiro a sentir-me vencido quando "a má moeda afasta a boa moeda" (para parafrasear o nosso Presidente da República) e não há muito a fazer.
Sei bem que algumas das reflexões, ideias e práticas do meu “background profissional” assustam e levam a que algumas pessoas "cerrem fileiras" e que, tenham uma posição pesada de negação da realidade.
Custa-me isso, principalmente porque compreendo que a minha atitude muito contribuirá para esse “fechar da concha”.
Mas apesar de saber que essa minha atitude, por vezes de confronto, é causadora de mal-estar, por vezes de inveja e, quase sempre de despeito, acabo por não estar preparado para o pior, pois tenho uma constante vontade de que essa atitude sirva para ajudar e melhorar, e não para complicar.
E o pior são sempre os tempos de “confusão” que vêm com essa complicação. De trocas azedas de ideias, de desconfianças, de terrorismo intelectual.
Essa vida consome-me. Esgota-me.
É consciente da minha parte que no modelo de educação de infância que escolhi, a participação e a acção das famílias é fundamental, que sou um modelo constante de acção, que o empreendorismo, a correcta atitude cívica e o desenvolvimento integral da criança passa por uma atitude reflexiva, cuidada e envolvida do adulto e do educador.
E, acima de tudo, que este saiba ver, em cada criança, um potencial livre pensador e não como um carneiro de um enorme rebanho. Pintar, desenhar, escrever, falar ou criar não é, não deve ser, uma obrigação com hora marcada, mas um prazer, uma honra e, acima de tudo, um orgulho.
Mas, infelizmente, quando olho à volta, sinto que não é assim.
Preciso constantemente de um confronto útil e livre, onde todas as ideias são aproveitadas. Infelizmente, há grupos profissionais que têm medo desse confronto. Não me compete saber porquê, nem de que têm medo.
Mas pelo menos, deveriam conseguir reflecti-lo.
Em nome da Qualidade. De toda a Qualidade!
Por vezes, tenho uma réstia de esperança que os nossos pares entendam a seriedade que é a educação de infância. Eu nunca frequentei um Jardim-de-infância (a minha mãe tratou disso, ao ter quatro filhos!) mas sei, por experiência própria, que aquilo que sou, aquilo que procuro ser, é resultado directo desses magníficos anos de experimentação, de descoberta, de liberdade, de prazer...
A educação de infância é uma coisa séria. Tão séria que não a concebo numa perspectiva de "trabalho".
Avaliar, devolver o nosso trabalho à prática é, para mim, uma questão de honra.
E quando compreendo que estou no caminho errado, sou o primeiro a querer mudar.
Mas quando tenho indicações, que normalmente me chegam através de incentivos vários, dos alunos, de colegas, de familiares de alunos e até mesmo dos amigos e dos meus familiares, sinto-me bem, e sinto que estou no bom caminho daquilo que defini como objectivo de vida.
Mas também sou o primeiro a sentir-me vencido quando "a má moeda afasta a boa moeda" (para parafrasear o nosso Presidente da República) e não há muito a fazer.
Sei bem que algumas das reflexões, ideias e práticas do meu “background profissional” assustam e levam a que algumas pessoas "cerrem fileiras" e que, tenham uma posição pesada de negação da realidade.
Custa-me isso, principalmente porque compreendo que a minha atitude muito contribuirá para esse “fechar da concha”.
Mas apesar de saber que essa minha atitude, por vezes de confronto, é causadora de mal-estar, por vezes de inveja e, quase sempre de despeito, acabo por não estar preparado para o pior, pois tenho uma constante vontade de que essa atitude sirva para ajudar e melhorar, e não para complicar.
E o pior são sempre os tempos de “confusão” que vêm com essa complicação. De trocas azedas de ideias, de desconfianças, de terrorismo intelectual.
Essa vida consome-me. Esgota-me.
É consciente da minha parte que no modelo de educação de infância que escolhi, a participação e a acção das famílias é fundamental, que sou um modelo constante de acção, que o empreendorismo, a correcta atitude cívica e o desenvolvimento integral da criança passa por uma atitude reflexiva, cuidada e envolvida do adulto e do educador.
E, acima de tudo, que este saiba ver, em cada criança, um potencial livre pensador e não como um carneiro de um enorme rebanho. Pintar, desenhar, escrever, falar ou criar não é, não deve ser, uma obrigação com hora marcada, mas um prazer, uma honra e, acima de tudo, um orgulho.
Mas, infelizmente, quando olho à volta, sinto que não é assim.
Preciso constantemente de um confronto útil e livre, onde todas as ideias são aproveitadas. Infelizmente, há grupos profissionais que têm medo desse confronto. Não me compete saber porquê, nem de que têm medo.
Mas pelo menos, deveriam conseguir reflecti-lo.
Em nome da Qualidade. De toda a Qualidade!
19 de maio de 2007
Medo de quê?
Medo de quê?
Esta pergunta aflora-me constantemente e em todos os momentos do dia. Cada vez mais agimos como se estivessemos tementes a um qualquer efeito decorrente, directamente , da nossa prática.
É-me absolutamente incompreensível a gestão do medo. Como a fazemos, como dela nos tornamos dependentes, como dela ficamos reféns...
Deixamos de ser audazes e responsáveis por uma maior(?) vontade temerária. Responsabilizamos, acusamos, ocultamos, e acabamos enredados numa teia claustrofóbica que nos obriga a perder o Norte, a duvidar do que sempre aceitámos como garantido, a mudar (e por vezes mal) para opções de vida em que deixamos de ser donos dos nossos destinos.
Mas o pior de tudo é quando esse medo é causa e efeito de mudanças práticas na nossa cultura de vida, de trabalho e até mesmo de amizade.
Temos medo de ser avaliados (quando o somos a todos os minutos), temos medo de avaliar e confrontar (quando a nossa vida é um processo de avaliação contínua de escolhas), temos medo dos efeitos da avaliação (quando serão esses mesmos efeitos que nos libertarão, ou não, dos grilhões da incompetência)...
De que temos medo afinal?
De nos tornarmos melhores, de aprendermos mais, de partilhar o que sabemos????!!!
Até quando viveremos sem enfrentar os nossos medos?
Esta pergunta aflora-me constantemente e em todos os momentos do dia. Cada vez mais agimos como se estivessemos tementes a um qualquer efeito decorrente, directamente , da nossa prática.
É-me absolutamente incompreensível a gestão do medo. Como a fazemos, como dela nos tornamos dependentes, como dela ficamos reféns...
Deixamos de ser audazes e responsáveis por uma maior(?) vontade temerária. Responsabilizamos, acusamos, ocultamos, e acabamos enredados numa teia claustrofóbica que nos obriga a perder o Norte, a duvidar do que sempre aceitámos como garantido, a mudar (e por vezes mal) para opções de vida em que deixamos de ser donos dos nossos destinos.
Mas o pior de tudo é quando esse medo é causa e efeito de mudanças práticas na nossa cultura de vida, de trabalho e até mesmo de amizade.
Temos medo de ser avaliados (quando o somos a todos os minutos), temos medo de avaliar e confrontar (quando a nossa vida é um processo de avaliação contínua de escolhas), temos medo dos efeitos da avaliação (quando serão esses mesmos efeitos que nos libertarão, ou não, dos grilhões da incompetência)...
De que temos medo afinal?
De nos tornarmos melhores, de aprendermos mais, de partilhar o que sabemos????!!!
Até quando viveremos sem enfrentar os nossos medos?
16 de maio de 2007
Espero que passe...
É verdade. Espero mesmo que passe!
Há dias assim. Por mais que tente afastar-me das situações de conflito, por mais que tente compreender o que lhes dá razão e o que as motiva, de forma a, se não evitar, ter, pelo menos uma atitude positiva, é difícil alhear-me delas completamente.
E todos os dias elas aí estão, a consumir-nos, a debelar-nos, a fustigar-nos...
Seria tão melhor que não nos prendessemos com coisas pequenas, comezinhas, inúteis...
Claro que posso sempre gritar, manifestar-me, revoltar-me, atingir culpados e inocentes, mas será que essa minha atitude me trará paz para me centrar naquilo que verdadeiramente importa?
Acho que não.
Talvez o melhor seja mesmo esperar que uma tal "ordem natural" acabe por reparar e cicratizar os problemas.
Mas que cansa, lá isso cansa!
Há dias assim. Por mais que tente afastar-me das situações de conflito, por mais que tente compreender o que lhes dá razão e o que as motiva, de forma a, se não evitar, ter, pelo menos uma atitude positiva, é difícil alhear-me delas completamente.
E todos os dias elas aí estão, a consumir-nos, a debelar-nos, a fustigar-nos...
Seria tão melhor que não nos prendessemos com coisas pequenas, comezinhas, inúteis...
Claro que posso sempre gritar, manifestar-me, revoltar-me, atingir culpados e inocentes, mas será que essa minha atitude me trará paz para me centrar naquilo que verdadeiramente importa?
Acho que não.
Talvez o melhor seja mesmo esperar que uma tal "ordem natural" acabe por reparar e cicratizar os problemas.
Mas que cansa, lá isso cansa!
2 de maio de 2007
"Há bons professores...."
Confesso que esta expressão me causa, por vezes, alguma urticária.
Admito o uso, normal e contextualizado, mas, infelizmente, esta expressão é usada em contextos condicionadores da actividade docente.
Invariavelmente, tem surgido em conversas de e para professores.
Senão vejamos: quando, num grupo de professores que discutem as propostas, alterações, teses e demais iniciativas sobre a vida (pessoal e profissional) dos docentes, e quando algum dos participantes incorre na apresentação de justificações para as mudanças e intenções de mudança, há sempre alguém que afirma: "Não podes dizer isso assim, como em outras profissões, há bons e maus professores....". Outro exemplo da inclusão desta constatação num discurso elaborado é, por exemplo, quando se discutem as condições exteriores à Escola, do género: "Há bons professores que, mesmo sem condições na sua escola, fazem um bom trabalho". Se ouvirmos um encarregado de educação que, satisfeito com a actividade docente do seu educando, apregoa loas à capacidade dos docentes, invariavelmente vamos ouvi-lo dizer: "O meu filho tem um bom professor a....".
Por último, e não menos importante, quando a Sra. Ministra da Educação pretende distinguir a capacidade de superação de algum dos seus "funcionários", exemplarmente afirma "...os bons professores...".
Voltando à razão da primeira frase, passo a justificar-me: se um qualquer mecânico aperta mal uma porca num rotor de um qualquer mecanismo, e este deixa de funcionar, o pior que pode acontecer é ter de dedicar uma horas mais a consertar a avaria provocada. Se um funcionário das finanças, com cara de poucos amigos, confunde uma qualquer declaração de impostos, terá de, na pior das hipóteses, corrigir o erro. Quando um bancário regista erradamente um cheque (ou o seu valor) ficará, sem dúvida, umas horas mais no trabalho a tentar descobrir o erro, e, por último, quando um bibliotecário se engana a arrumar um qualquer livro, possivelmente terá de o dar por perdido.
Mas em qualquer destas situações, a solução não provocará um maior mal ao mundo, e, infelizmente, em alguns casos, nem terão de ser confrontados com os seus erros. Quanto muito, dormirão menos umas horas e, depois de um bom banho, será passado.
Mas com um professor é diferente.
Os nossos erros, visíveis ou invisiveis, necessariamente, produzirão efeitos graves ao longo do tempo. A nossa "massa" de trabalho são os homens e mulheres que, se nós errarmos, terão como consequência os seus próprios erros. O professor não pode passar "mais umas horas" a reparar o erro, porque, na maior parte das vezes, nem sequer dele tem consciência.
Somos modelo de comportamento, de organização, de posicionamento social, de sentido ético e profissional, de estrutura moral, de competência profissional...
Somos trabalhadores especializados de alto rendimento e com formação de alto nível. Somos responsáveis, preocupados, coerentes, dedicados e conscientes.
Não podemos (ou não devemos) errar.
Por tudo isto, ser "Bom professor" é redundante.
Quanto muito, seremos pouco envolvidos, pouco preocupados, poucos consciemtes, mas recuso-me a admitir que existam professores que, por oposição aos Bons, sejam Maus!
Não há maus professores. Existe em cada um de nós uma centelha de esperança de que podemos mudar o mundo, e só isso basta para que nunca sejamos maus!
Mas, e em jeito de conclusão, se acharmos que outros, como nós, podem ainda melhorar, é da nossa responsabilidade partilharmos, envolver-nos e, como um todo, crescermos pessoal e profissionalmente, não invejando, não "deixando para trás" e não criticando, quando isso é o menos importante!
Admito o uso, normal e contextualizado, mas, infelizmente, esta expressão é usada em contextos condicionadores da actividade docente.
Invariavelmente, tem surgido em conversas de e para professores.
Senão vejamos: quando, num grupo de professores que discutem as propostas, alterações, teses e demais iniciativas sobre a vida (pessoal e profissional) dos docentes, e quando algum dos participantes incorre na apresentação de justificações para as mudanças e intenções de mudança, há sempre alguém que afirma: "Não podes dizer isso assim, como em outras profissões, há bons e maus professores....". Outro exemplo da inclusão desta constatação num discurso elaborado é, por exemplo, quando se discutem as condições exteriores à Escola, do género: "Há bons professores que, mesmo sem condições na sua escola, fazem um bom trabalho". Se ouvirmos um encarregado de educação que, satisfeito com a actividade docente do seu educando, apregoa loas à capacidade dos docentes, invariavelmente vamos ouvi-lo dizer: "O meu filho tem um bom professor a....".
Por último, e não menos importante, quando a Sra. Ministra da Educação pretende distinguir a capacidade de superação de algum dos seus "funcionários", exemplarmente afirma "...os bons professores...".
Voltando à razão da primeira frase, passo a justificar-me: se um qualquer mecânico aperta mal uma porca num rotor de um qualquer mecanismo, e este deixa de funcionar, o pior que pode acontecer é ter de dedicar uma horas mais a consertar a avaria provocada. Se um funcionário das finanças, com cara de poucos amigos, confunde uma qualquer declaração de impostos, terá de, na pior das hipóteses, corrigir o erro. Quando um bancário regista erradamente um cheque (ou o seu valor) ficará, sem dúvida, umas horas mais no trabalho a tentar descobrir o erro, e, por último, quando um bibliotecário se engana a arrumar um qualquer livro, possivelmente terá de o dar por perdido.
Mas em qualquer destas situações, a solução não provocará um maior mal ao mundo, e, infelizmente, em alguns casos, nem terão de ser confrontados com os seus erros. Quanto muito, dormirão menos umas horas e, depois de um bom banho, será passado.
Mas com um professor é diferente.
Os nossos erros, visíveis ou invisiveis, necessariamente, produzirão efeitos graves ao longo do tempo. A nossa "massa" de trabalho são os homens e mulheres que, se nós errarmos, terão como consequência os seus próprios erros. O professor não pode passar "mais umas horas" a reparar o erro, porque, na maior parte das vezes, nem sequer dele tem consciência.
Somos modelo de comportamento, de organização, de posicionamento social, de sentido ético e profissional, de estrutura moral, de competência profissional...
Somos trabalhadores especializados de alto rendimento e com formação de alto nível. Somos responsáveis, preocupados, coerentes, dedicados e conscientes.
Não podemos (ou não devemos) errar.
Por tudo isto, ser "Bom professor" é redundante.
Quanto muito, seremos pouco envolvidos, pouco preocupados, poucos consciemtes, mas recuso-me a admitir que existam professores que, por oposição aos Bons, sejam Maus!
Não há maus professores. Existe em cada um de nós uma centelha de esperança de que podemos mudar o mundo, e só isso basta para que nunca sejamos maus!
Mas, e em jeito de conclusão, se acharmos que outros, como nós, podem ainda melhorar, é da nossa responsabilidade partilharmos, envolver-nos e, como um todo, crescermos pessoal e profissionalmente, não invejando, não "deixando para trás" e não criticando, quando isso é o menos importante!
27 de abril de 2007
Liberdade. Que Liberdade?
Há dias assim.
Quando de repente nos apercebemos que vivemos num mundo "faz de conta", em que parece que todos estão a "tentar parecer que", o choque é ainda maior do que imaginamos vir a ter quando esse dia chegar.
Passámos esta semana mais um aniversário do 25 de Abril e sinto, com cada vez maior intensidade, que "faz de conta" que essa data significou alguma coisa para todos nós.
No nosso dia-a-dia, é cada vez mais evidente que os conceitos deram lugar a preconceitos, que a liberdade de afirmação deu lugar a liberdade de exclusão, que a liberdade de informação é agora liberdade de censura...
Poucos se lembrarão da alegria, do entusiasmo, da possibilidade de virmos, todos, a ser protagonistas de algo único e inolvidável. As correrias na Fonte Luminosa, os nossos braços no ar sem saber o seu significado, as gaivotas que voavam e, apesar disso, não nos provocavam inveja...
Alguns se lembrarão, outros, talvez a maioria, prefere "fazer de conta" que esqueceu. Não quer hipotecar o emprego, "já não tem vida para isso", é politicamente incorrecto, não é adequado.
No fundo, resignou-se a aceitar que, afinal, esse dia revelou um embuste, um "faz de conta" mascarado de vermelho e cravos.
Afinal, dizer o que se quer, fazer o que é melhor, lutar por um e por todos não é a solução.
Invejar o colega que se esforça, mas evitar o esforço, maltratar o próximo em defesa da solidariedade e violentar o outro numa amostra de cordialidade passaram, infelizmente, a ser o espaço comum da órbita de todos os portugueses.
Para quê mudar se é esse registo que nos evita pensar?
Quando o Presidente da República nos diz que, "se calhar" é melhor encontrar outras formas de comemorar o Dia da Liberdade, não podia estar mais certo: vamos comemorá-lo sim, mas acreditando nele.
Vamos comemorá-lo acreditando que é possível fazer melhor.
Que é possível entender-lhe o significado!
Quando de repente nos apercebemos que vivemos num mundo "faz de conta", em que parece que todos estão a "tentar parecer que", o choque é ainda maior do que imaginamos vir a ter quando esse dia chegar.
Passámos esta semana mais um aniversário do 25 de Abril e sinto, com cada vez maior intensidade, que "faz de conta" que essa data significou alguma coisa para todos nós.
No nosso dia-a-dia, é cada vez mais evidente que os conceitos deram lugar a preconceitos, que a liberdade de afirmação deu lugar a liberdade de exclusão, que a liberdade de informação é agora liberdade de censura...
Poucos se lembrarão da alegria, do entusiasmo, da possibilidade de virmos, todos, a ser protagonistas de algo único e inolvidável. As correrias na Fonte Luminosa, os nossos braços no ar sem saber o seu significado, as gaivotas que voavam e, apesar disso, não nos provocavam inveja...
Alguns se lembrarão, outros, talvez a maioria, prefere "fazer de conta" que esqueceu. Não quer hipotecar o emprego, "já não tem vida para isso", é politicamente incorrecto, não é adequado.
No fundo, resignou-se a aceitar que, afinal, esse dia revelou um embuste, um "faz de conta" mascarado de vermelho e cravos.
Afinal, dizer o que se quer, fazer o que é melhor, lutar por um e por todos não é a solução.
Invejar o colega que se esforça, mas evitar o esforço, maltratar o próximo em defesa da solidariedade e violentar o outro numa amostra de cordialidade passaram, infelizmente, a ser o espaço comum da órbita de todos os portugueses.
Para quê mudar se é esse registo que nos evita pensar?
Quando o Presidente da República nos diz que, "se calhar" é melhor encontrar outras formas de comemorar o Dia da Liberdade, não podia estar mais certo: vamos comemorá-lo sim, mas acreditando nele.
Vamos comemorá-lo acreditando que é possível fazer melhor.
Que é possível entender-lhe o significado!
4 de fevereiro de 2007
A “desinformação” das tecnologias
Nos últimos três séculos a técnica foi entendida como o domínio da concepção, da invenção e do desenvolvimento de utensílios e de instrumentos destinados à manipulação e à observação da natureza. O processo de industrialização fez com que a nossa experiência do mundo passasse a depender da invenção de máquinas, que, em muitos casos, substituem o homem na realização de tarefas produtivas. O computador é uma dessas máquinas e é talvez aquela que melhor impõe uma nova abordagem ao conhecimento.
Os diferentes sectores das nossas sociedades têm adoptado as diversas máquinas, e especialmente o computador, mas há diferenças evidentes na sua relação com elas: as crianças vêem o computador com curiosidade e naturalidade, ou mesmo com entusiasmo e prazer; os adultos, em especial os que por qualquer razão não utilizam estas máquinas de forma específica, com cepticismo, receio e alguma desconfiança.
As crianças e os jovens têm uma maior e mais natural tendência a adaptar-se a novas situações e assim desenvolver novos conhecimentos, ao assimilar a nova informação. Os adultos tendem a passar por algumas etapas importantes na sua aprendizagem, e por tal ficam desiludidos quando compreendem que o investimento de tempo e de trabalho não é compatível com a sua vontade ou disponibilidade.
Os primeiros contactos das crianças com os computadores são, regra geral, através dos jogos electrónicos e das máquinas computadorizadas. Muitas das vezes, crianças com 3 e 4 anos já dominam, com graus de especialização impressionante, as actividades e os ambientes propostos pelos jogos. Os jogos apresentam contextos, cores e aspectos agradáveis e envolventes, que criam ou ajudam a criar relações de intimidade com a máquina e despertam a curiosidade de compreender o funcionamento para detrás do visível. O conhecimento adquire-se através da acção material sobre esse mesmo conhecimento e na sua relação com ele.
Na escola, o conhecimento só existe se for realizado pelo aluno, que por sua vez deve ser intelectual e materialmente activo à escala dos seus meios.
As crianças e os jovens devem dispor de tempo quase ilimitado para experimentarem o computador, e dessa forma, explorar o seu funcionamento. Mas porque o computador apresenta novas dimensões que podem ser exploradas, é fundamental que a escola e a família contribuam no sentido de não desumanizar nem destruir as pessoas que com ele contactam.
Por mais completos que sejam, os computadores e demais instrumentos ainda não possuem as características essenciais da natureza humana: a sensibilidade, a criatividade, a subtileza, a capacidade de abstracção ou a sabedoria.
O computador necessita sempre um ser humano no princípio e no fim da sua acção. O valor de um computador é a sua capacidade de responder mais rapidamente, com maior flexibilidade e também porque são infinitamente pacientes, repetindo as mesmas acções o número de vezes que lhes ordenarmos. Mas presença do computador tornou evidente que podemos dispor de muita informação que não conseguimos processar convenientemente.
Até há pouco tempo, os conceitos de informação e conhecimento surgiam confundidos. A informação existe em grande quantidade. O conhecimento é a nossa capacidade de usar essa informação de forma lógica e racional. Mais importante do que memorizar factos e comportamentos, é saber usá-los quando necessário.
Desta forma, coloca-se à Escola e às famílias um importante desafio: o de tornar comuns e operacionalizáveis as capacidades de localizar e usar a informação pertinente, criticar e avaliar os resultados.
O conhecimento escolar deixou de se processar predominantemente através do professor na sala de aula. O desenvolvimento das novas tecnologias não diminui em nada o papel dos adultos, antes o modifica profundamente: deixam de ser os transmissores do saber, tornando-se elementos do conjunto, organizando o saber colectivo.
Tendo em atenção este novo paradigma de educação, é mais importante a capacidade do aluno pensar e expressar claramente as suas ideias, solucionar problemas e tomar decisões em vez de memorizar factos ou repetir respostas certas.
O adulto deve ser, acima de tudo, um guia do aluno, um conselheiro, um parceiro na procura de informação e da verdade, aumentando a participação activa do aluno através de abordagens mais individualizadas e mais cuidadas, de forma a que a motivação do aluno seja um fenómeno intrínseco e não algo que vem de fora.
Os computadores preconizam um novo paradigma de educação que só é eficaz com uma participação reflectida da Escola e das famílias. Tem de ser esse o nosso objectivo.
Os diferentes sectores das nossas sociedades têm adoptado as diversas máquinas, e especialmente o computador, mas há diferenças evidentes na sua relação com elas: as crianças vêem o computador com curiosidade e naturalidade, ou mesmo com entusiasmo e prazer; os adultos, em especial os que por qualquer razão não utilizam estas máquinas de forma específica, com cepticismo, receio e alguma desconfiança.
As crianças e os jovens têm uma maior e mais natural tendência a adaptar-se a novas situações e assim desenvolver novos conhecimentos, ao assimilar a nova informação. Os adultos tendem a passar por algumas etapas importantes na sua aprendizagem, e por tal ficam desiludidos quando compreendem que o investimento de tempo e de trabalho não é compatível com a sua vontade ou disponibilidade.
Os primeiros contactos das crianças com os computadores são, regra geral, através dos jogos electrónicos e das máquinas computadorizadas. Muitas das vezes, crianças com 3 e 4 anos já dominam, com graus de especialização impressionante, as actividades e os ambientes propostos pelos jogos. Os jogos apresentam contextos, cores e aspectos agradáveis e envolventes, que criam ou ajudam a criar relações de intimidade com a máquina e despertam a curiosidade de compreender o funcionamento para detrás do visível. O conhecimento adquire-se através da acção material sobre esse mesmo conhecimento e na sua relação com ele.
Na escola, o conhecimento só existe se for realizado pelo aluno, que por sua vez deve ser intelectual e materialmente activo à escala dos seus meios.
As crianças e os jovens devem dispor de tempo quase ilimitado para experimentarem o computador, e dessa forma, explorar o seu funcionamento. Mas porque o computador apresenta novas dimensões que podem ser exploradas, é fundamental que a escola e a família contribuam no sentido de não desumanizar nem destruir as pessoas que com ele contactam.
Por mais completos que sejam, os computadores e demais instrumentos ainda não possuem as características essenciais da natureza humana: a sensibilidade, a criatividade, a subtileza, a capacidade de abstracção ou a sabedoria.
O computador necessita sempre um ser humano no princípio e no fim da sua acção. O valor de um computador é a sua capacidade de responder mais rapidamente, com maior flexibilidade e também porque são infinitamente pacientes, repetindo as mesmas acções o número de vezes que lhes ordenarmos. Mas presença do computador tornou evidente que podemos dispor de muita informação que não conseguimos processar convenientemente.
Até há pouco tempo, os conceitos de informação e conhecimento surgiam confundidos. A informação existe em grande quantidade. O conhecimento é a nossa capacidade de usar essa informação de forma lógica e racional. Mais importante do que memorizar factos e comportamentos, é saber usá-los quando necessário.
Desta forma, coloca-se à Escola e às famílias um importante desafio: o de tornar comuns e operacionalizáveis as capacidades de localizar e usar a informação pertinente, criticar e avaliar os resultados.
O conhecimento escolar deixou de se processar predominantemente através do professor na sala de aula. O desenvolvimento das novas tecnologias não diminui em nada o papel dos adultos, antes o modifica profundamente: deixam de ser os transmissores do saber, tornando-se elementos do conjunto, organizando o saber colectivo.
Tendo em atenção este novo paradigma de educação, é mais importante a capacidade do aluno pensar e expressar claramente as suas ideias, solucionar problemas e tomar decisões em vez de memorizar factos ou repetir respostas certas.
O adulto deve ser, acima de tudo, um guia do aluno, um conselheiro, um parceiro na procura de informação e da verdade, aumentando a participação activa do aluno através de abordagens mais individualizadas e mais cuidadas, de forma a que a motivação do aluno seja um fenómeno intrínseco e não algo que vem de fora.
Os computadores preconizam um novo paradigma de educação que só é eficaz com uma participação reflectida da Escola e das famílias. Tem de ser esse o nosso objectivo.
Brincar é divertido
“Quem chamou BRINCAR ao viver do miúdo foi o adulto. O miúdo, de tão demasiado ocupado a viver, nunca de tal palavra se lembraria”
Na Antiguidade Grega, “escola” queria dizer loisir, tempo suficiente para se fazer o que é agradável e “professor” queria dizer mestre de jogo.
Se olharmos agora para a sociedade em que vivemos, sentimos como urgente e necessário que ela “aprenda a jogar” antes de querer aplicar e “impor” as suas perspectivas e intenções sobre a função do jogo.
A braços com o falso problema do insucesso escolar, a instituição escolar e as famílias não têm sabido estudar profundamente a natureza lúdica das crianças – o brincar.
A educação, dita formal, tem sido concebida segundo o modelo produtivo do adulto, interpretando os miúdos não segundo a natureza destes mas procurando torná-los “animais sábios”. Por outro lado, deparamo-nos actualmente com diferentes condicionalismos, sociais e laborais, que têm reduzido, em tempo e em espaço, a conviviabilidade entre os elementos da família.
A actividade lúdica (brincar) e a situação de jogo, levadas a cabo pela criança constituem forças inesgotáveis nos mais diferentes domínios: No domínio da interacção mãe/filho facilita e satisfaz as necessidades dos contactos, dos afectos, dos sorrisos, dos reforços positivos; No domínio cognitivo ajuda a criança a desenvolver as capacidades de abstracção, simbolização, imaginação e criatividade, assim como possibilita o exercício da concentração e memorização; No domínio da linguagem possibilita a aquisição de novos conceitos e palavras, desenvolve capacidades de percepção, nomeação e verbalização, aumenta capacidades linguísticas (fonéticas, fonológicas, semânticas, sintacto/morfológicas); No domínio da socialização possibilita a interacção, facilita a assimilação da noção de grupo, promove capacidades de ouvinte activo, desenvolve potencialidades de interiorização e cumprimento de regras. E estas são apenas algumas das vantagens…
Voltando então à questão do sucesso/insucesso escolar, implica referir o papel que a actividade lúdica e o jogo têm no desenvolvimento da criança. Aspectos da motivação, da disponibilidade para a aprendizagem e o relacionamento são reforçados através das dinâmicas do jogo e do brincar, e, acima de tudo, do papel indiscutivelmente importante da família e do educador/professor na sua promoção.
É à família que compete ensinar à criança os laços de uma relação afectiva, de suporte e protecção, estável e equilibrada. A Escola tem função técnica, pedagógica e educativa, consciente e conhecedora da sua acção, e que se constitui como um elemento facilitador do processo de interacção, articulado e contínuo, entre criança e a sua família.
Mas é fundamental que o adulto, seja o familiar ou o professor, através da sua presença activa, dinâmica e colaborante, contribua, directa ou indirectamente, para o enriquecimento da actividade lúdica e das situações de jogo, assim como promova a construção do mundo mágico, fantasioso, imaginativo e criativo da criança potenciando as suas capacidades pessoais e sociais.
A brincar chegamos lá.
Na Antiguidade Grega, “escola” queria dizer loisir, tempo suficiente para se fazer o que é agradável e “professor” queria dizer mestre de jogo.
Se olharmos agora para a sociedade em que vivemos, sentimos como urgente e necessário que ela “aprenda a jogar” antes de querer aplicar e “impor” as suas perspectivas e intenções sobre a função do jogo.
A braços com o falso problema do insucesso escolar, a instituição escolar e as famílias não têm sabido estudar profundamente a natureza lúdica das crianças – o brincar.
A educação, dita formal, tem sido concebida segundo o modelo produtivo do adulto, interpretando os miúdos não segundo a natureza destes mas procurando torná-los “animais sábios”. Por outro lado, deparamo-nos actualmente com diferentes condicionalismos, sociais e laborais, que têm reduzido, em tempo e em espaço, a conviviabilidade entre os elementos da família.
A actividade lúdica (brincar) e a situação de jogo, levadas a cabo pela criança constituem forças inesgotáveis nos mais diferentes domínios: No domínio da interacção mãe/filho facilita e satisfaz as necessidades dos contactos, dos afectos, dos sorrisos, dos reforços positivos; No domínio cognitivo ajuda a criança a desenvolver as capacidades de abstracção, simbolização, imaginação e criatividade, assim como possibilita o exercício da concentração e memorização; No domínio da linguagem possibilita a aquisição de novos conceitos e palavras, desenvolve capacidades de percepção, nomeação e verbalização, aumenta capacidades linguísticas (fonéticas, fonológicas, semânticas, sintacto/morfológicas); No domínio da socialização possibilita a interacção, facilita a assimilação da noção de grupo, promove capacidades de ouvinte activo, desenvolve potencialidades de interiorização e cumprimento de regras. E estas são apenas algumas das vantagens…
Voltando então à questão do sucesso/insucesso escolar, implica referir o papel que a actividade lúdica e o jogo têm no desenvolvimento da criança. Aspectos da motivação, da disponibilidade para a aprendizagem e o relacionamento são reforçados através das dinâmicas do jogo e do brincar, e, acima de tudo, do papel indiscutivelmente importante da família e do educador/professor na sua promoção.
É à família que compete ensinar à criança os laços de uma relação afectiva, de suporte e protecção, estável e equilibrada. A Escola tem função técnica, pedagógica e educativa, consciente e conhecedora da sua acção, e que se constitui como um elemento facilitador do processo de interacção, articulado e contínuo, entre criança e a sua família.
Mas é fundamental que o adulto, seja o familiar ou o professor, através da sua presença activa, dinâmica e colaborante, contribua, directa ou indirectamente, para o enriquecimento da actividade lúdica e das situações de jogo, assim como promova a construção do mundo mágico, fantasioso, imaginativo e criativo da criança potenciando as suas capacidades pessoais e sociais.
A brincar chegamos lá.
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